sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

De longe te hei-de amar


Do divino lugar onde o bem da existência é ser eternidade
e parecer ausência.
Porquê, Cecília? Estaremos, assim, a salvo de desilusões?




De longe te hei-de amar
- da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.

Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.

Quem precisa explicar
o momento e a fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma arrogância?

E, no fundo do mar,
a Estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência.


Cecília Meireles, 

in 'Canções'


Cecília Benevides de Carvalho Meireles (1901- 1964) foi uma jornalista, pintora, poeta, escritora e professora brasileira. É um nome canônico do modernismo brasileiro, uma das grandes poetas da língua portuguesa e é amplamente considerada a melhor poeta do Brasil aqui






Sua estreia literária aconteceu em 1919 com o livro “Espectros”, reunião de sonetos escritos a partir de 1915. Sua obra mais conhecida é o épico “Romanceiro da Inconfidência”, de 1953. Embora cronologicamente vinculada a segunda fase do modernismo brasileiro, sua obra poética traz influências simbolistas, românticas barrocas e parnasianas. 

Sobre ela escreveu o crítico Paulo Rónai: “Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo. A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea”. Ler mais aqui

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Nota: Veja no blog da Rosélia este post homenageando Cecília Meireles e também com referências a esta "Temporada do Amor", no Xaile de Seda.

Obrigada, minha Amiga.


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Poema de aqui
Imagem: de aqui

Quinzena do amor
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7 comentários:

  1. Não retira beleza, nem verdade, nem o grande valor do poema, penso que deve ser interpretado de acordo com a época...

    E, talvez por isso, ainda lhe dou mais valor...

    Abraço, parabéns pela escolha e bom fim de semana

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  2. Bom dia de lirismo, querida amiga Olinda!
    Estamos em total sintonia, que lindo!
    Transmissão de pensamento, afinidades...
    Adoro pessoas assim, leves...
    Música linda querida... Gostei de ouvir na manhãzinha.
    Estou adorando sua iniciativa e fiz questão de fazer referência no Meu Mundo Azul.💙💙

    "Quem precisa explicar
    o momento e a fragrância
    da Rosa, que persuade
    sem nenhuma arrogância?"

    Que doce encanto!
    Arrogância e Amor não combinam...
    Todo Amor do mundo a quem é pelo Amor.❤️❤️
    Seja feliz e abençoada!
    Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

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  3. A Poeta do instante que existe...
    Nostálgica, em nenhum momento lhe notei uma ponta de alegria...
    Porém, uma das maiores... Deixou-nos poemas inesquecíveis que também tenho recordado no A Vivenciar.
    Prolífera, soube sempre reinventar a sua inspiração, no entanto, os poemas que se referem explicitamente ao amor entre um par, são muito raros...
    Gostei de a encontrar no seu Xaile de Seda.
    Parabéns pela postagem.
    Ótimo fim de semana.
    Beijinhos, Olinda.
    ~~~~~~

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  4. Obrigada pela postagem.
    Enaltece a minha plena ignorância.
    Sempre aprendendo e ficando agradecida por tanta delicadeza nas palavras trocadas.
    Um sorriso magestoso.
    Megy Maia

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  5. Cecília Meireles, bem profunda nos seus dizeres de Amor e Vida, não deixa que que "Que sera..." de Doris Day seja posto de lado.
    Belo Post.

    Beijo
    SOL

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  6. poema muito belo, delicado e terno
    como a seda mais pura, Olinda!...

    Cecília Meireles, enorme Poeta, num expressivo poema, declinado no feminino
    permito-nos celebrar a intemporalidade do amor
    e enaltecer a sua "constância"...

    gostei muito.

    abraço

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