A incerteza bate à porta do coração? No amor há que desfazer todas as dúvidas.
Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto,
in 'Raiz de Orvalho'
Mia Couto,(5 de julho de 1955), é um escritor e biólogo moçambicano.
Estreou-se no prelo com um livro de poesia, Raiz de Orvalho, publicado em 1983.
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto,
in 'Raiz de Orvalho'
Mia Couto,(5 de julho de 1955), é um escritor e biólogo moçambicano.
Estreou-se no prelo com um livro de poesia, Raiz de Orvalho, publicado em 1983.
Mia Couto tem uma obra literária extensa e diversificada, incluindo poesia, contos, romance e crónicas, e é considerado como um dos escritores mais importantes de Moçambique. As suas obras são publicados em mais de 22 países e traduzidas em alemão, francês, castelhano, catalão, inglês e italiano. Ver mais aqui
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Lindíssimo e no amor há que deixar tudo bem às claras sempre! bjs, lindo domingo! chica
ResponderEliminarLindo mas às vezes é melhor não desfazer dúvidas!
ResponderEliminarAbraço
"Pergunta-me qualquer coisa, uma tolice, um mistério indecifrável, simplesmente para que eu saiba que queres ainda saber."
ResponderEliminarAlgo mais belo é impossível… Ainda assim… alguém atento, sabe e sabe que não necessita de perguntar (penso)…
ainda assim, gosto muito do "jogo de palavras", belas e reveladoras de uma mensagem de amor.
Bom domingo
Boa noite de Domingo, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarQue linda a temporada do Amor aberta aqui em seu blog!
Muito bonito o pensamento da abertura da postagem!
A imagem do que se diz aí ouvido... É um relicário do 💙...
Tão bom se ter a certeza de ser amada (o)!
Coisas precisam ser ditas e escutadas. Ambos podem ter razão e não só uma parte.
Meu dia é feliz quando sou ouvida e entendida no meu Amor. A cumplicidade se dá assim. Uma paz no Amor acontece.
Tenha dias abençoados e felizes na nova semana!
Saio daqui em suspiros da alma.
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Ler Mia é uma verdadeira e magica viagem encantada.
ResponderEliminarÓtima escolha na partilha para acender a chama do amor,
que tudo pode e sabe e faz o rubor das faces e o acendimento
do clarão do riso. Eu só quero saber do amor, que liberta, que voa livre,
que nada cobra e plaina na mais alta montanha, onde as águias se renovam.
Carinhoso abraço amiga
no amor não há vencidos...
ResponderEliminare até as tolices são o máximo - soberbas!
Gostei muito do poema, amiga Olinda
excelente Mia Couto
abraço