...atravessarei a terra inteira perguntando
se voltarás ou me deixarás morrer.
é lindo o amor! e pensar que ele existe...
Não estejas longe de mim um dia que seja, porque,
porque, não sei dizê-lo, é longo o dia,
e estarei à tua espera como nas estações
quando em algum sitio os comboios adormeceram.
Não te afastes uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas da insónia
e talvez o fumo que anda à procura de casa
venha matar ainda meu coração perdido.
Ai que não se quebre a tua silhueta na areia,
ai que na ausência as tuas pálpebras não voem:
não te vás por um minuto, ó bem-amada,
porque nesse minuto terás ido tão longe
que atravessarei a terra inteira perguntando
se voltarás ou me deixarás morrer.
Pablo Neruda,
in "Cem Sonetos de Amor"
Pablo Neruda, nascido Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, (1904-1973), foi um poeta chileno, considerado um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX e cônsul do Chile em Espanha (1934 — 1938) e no México. Recebeu o Nobel de Literatura em 1971, enquanto ocupava o cargo de embaixador na França...
Originalmente um pseudônimo, a escolha do nome "Pablo Neruda" ocorreu aos 17 anos de idade, e foi uma declaração de afinidade com o escritor checo Jan Neruda. Esse pseudônimo seria utilizado durante toda a vida e tornou seu nome legal, após ação de modificação do nome civil.
Profundamente belo este Soneto de Neruda. Inigualável no sentir e no dizer.
ResponderEliminarRaquel Tavares traz-nos de volta ao nosso mundo numa bonita interpretação e melodia.
Beijo
SOL
Neruda sempre encanta! Muito lindo e bem escolhido! beijos, tudo de bom,chica
ResponderEliminarAdoro ler Pablo Neruda.
ResponderEliminarUma escolha perfeita, maravilhoso soneto de amor.
Bom domingo
Beijinhos
Raquel Tavares uma mulher que muito admiro.
ResponderEliminarE os seus cantares.
Sorrisos poéticos.
Megy Maia
Interessante o confronto deste poema de Pablo Neruda
ResponderEliminarcom o poema anterior de Cecília Meireles.
agora estamos perante o amor "imperativo", exigente, obsessivo (ai, não te vás por um minuto...), dir-se-ia abrasivo, e ao mesmo tempo delicado, terno e temeroso
"Ai que não se quebre a tua silhueta na areia,
ai que na ausência as tuas pálpebras não voem..."
como se o poeta, conhecendo a volubilidade dos sentimentos e a precariedade da vida, soubesse que um minuto basta "para ir tão longe" que se fica sem a certeza do regresso ("se voltarás ou me deixarás morrer").
gostei muito, minha amiga
abraço
Boa noite de sábado, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarA cada dia mais linda a temporada está.
Não te afastes uma hora porque então
nessa hora se juntam as gotas da insónia
e talvez o fumo que anda à procura de casa
venha matar ainda meu coração perdido.
A estrofe que recortei achei espetacular dentro do poema de Pablo Neruda.
Estou adorando ficar no ❤️ do Amor nestes dias, amiga.
A imagem é lindíssima.
Ficar um dia longe do amado é triste demais
Fiz os mesmos pedidos do poeta...
Que Deus nos ouça, minha amiga!
Tenha um final de semana abençoado e feliz!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Parabéns, estimada Olinda, pela "Quinzena do Amor" deste ano. Já o ano passado nos tinha brindado com esta rubrica, que tão bem nos faz e sabe. Obrigada!
ResponderEliminarEstive lendo os poemas já postados e achei-os uma maravilha, aliás, "cantar" o amor é uma "tarefa" mto gratificante.
Pablo Neruda é um poeta nato, e "parece" que tem sempre medo de perder a sua amada, ou k ela não volte mais. Como é "ridículo" o amor-rs!
O vídeo de Raquel Tavares, aquele vozeirão de mulher, adapta-se, perfeitamente, ao poema. Afinal, o amor "dela" veio de longe só para a ver. Neruda pode ficar descansado, pke a dele fará o mesmo.
Beijos e um bom domingo.
Mais uma bela escolha… e para mim, o Amor, também, é isso… aquele sentimento de "falta" de que o dia é longo e a espera muita… ainda me acontece e espero que esse sentimento continue.
ResponderEliminarUm beijinho e bom fim de semana
Em 1973, Olinda, o mundo perdeu essa extraordinária personalidade, mas ficou o poeta com o seu canto em seus livros.
ResponderEliminarAprendi muito cedo a gostar da poesia de Neruda. Como tu sabes, Olinda, Neruda soube cantar o amor como poucos poetas. A editora L&PM, de Porto Alegre, RS, publicou o seu livro “As Uvas e o Vento”, traduzido para o português pelo poeta Carlos Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras.
Neruda foi mais além dos temas amorosos, do qual foi mestre. No ano de 1940 começou a escrever um poema épico, para o qual levou elementos da flora, da fauna, da história, da mitologia e das lutas políticas da América Latina. O seu livro “Alturas de Machu Picchu, inspirado nas civilizações pré-colombianas, viria tornar-se o centro do épico “Canto Geral” (1950).
Este poema de Pablo Neruda, minha amiga Olinda, é, sem dúvida, uma homenagem ao Amor.
Parabéns pela partilha!
Um excelente domingo, com muita paz.
Beijo.
Pedro
Um poeta para o mundo inteiro
ResponderEliminarabraços
Não podia faltar Neruda nesta comemoração.
ResponderEliminarAinda é um dos maiores, no que concerne à sua poesia lírica.
Aprecio a obra do poeta e gostei de ler este poema e do som.
Beijinhos, Olinda.
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