Somos um país de emigrantes e lamento que
não saibamos respeitar aqueles que, por motivos vários,
escolhem o nosso país para viverem.
Sobram as mãos
e correm palavras de dor e de pranto,
exauridas, feridas, deitadas na rua,
em bocas de espanto.
Sem estrelas de afeto nem pétalas no chão,
são frios e tristes os lábios sem pão.
Acordam - desesperadas - as palavras
em vão de escada e escuros becos.
Sobram mãos estendidas,
manhãs geladas, crianças sem teto.
Que gritem os versos o silêncio e a fome
nas mãos estendidas de gente sem nome.
Que as palavras corram ardentes, selvagens
Que - a tempo - sejam seiva e raiz
e morem em mãos que não se conformem.
Que o amor seja país nas palavras que dizeis.
Está podre o olhar por dentro das leis.
Sóbran las manos
i cuórren palabras de delor i de pranto,
perdidas, fridas, deitadas na rue,
an bocas de spanto.
Sien streilhas de carino nien pétalas ne l suolo,
son frius i tristes ls lhábios sien pan.
Spértan, zesperadas, las palabras
an uocos de scaleira i scuros becos.
Sóbran manos stendidas,
manhanas geladas, ninos sien telhado.
Que griten ls bersos l siléncio i la fome
nas manos stendidas de giente sien nome.
Que las palabras cuorran ardientes, salbaiges
Que, a tiempo, séian sangre i raiç
i móren an manos que nun se cunfórmen.
Que l amor seia paíç nas palabras que dezis.
Stá podre l mirar por drento de las leis.
Poema bilingue (Português e Mirandês)
Vamos dar as Mãos
O blog: O Perfume do Verso
Quinzena do Amor
Post 1-Só o amor; Post 2-Alastrar Paz e Amor; Post 3-Ouça as vozes; Post 4-Estética da Vida; Post 5-Quando o Amor chora de sede; Post 6-Um gosto antigo de alfazema; Post 7-Como nos Prodígios; Post 8-Flora; Post 9-Passei na nossa rua; Post 10-O Amor na sua Plenitude; Post 11-Se eu tivesse coragem; Post 12-Poesia é Amor
===
In: Rio de Infinitos/Riu D'Anfenitos
Pgs168 e 169
Sem comentários:
Enviar um comentário