Que palavras
poderão espelhar este desaireensinaram-me o abc
deram-me a conhecer
letras e sílabas
sentenças e provérbios
ditos e cantigas
Ensinaram-me
que as letras
que as palavras
traduzem
reproduzem
encantam
contam
pensamentos
intentos
devaneios
e sonhos
Para tanta aflição expressar
esta dor queimando
a minha alma
o nosso infortúnio
Este punhal...
cravado no meu chão
maldição de que deuses
para dilacerar
as estranhas da gente?
como aplacar tanta
e tamanha dor
ninguém me desvendou
tal segredo.
-
Maria Odete da Costa Soares Semedo nasceu em Bissau, a 7 de Novembro de 1959. Aos 18 anos iniciou as suas atividades como professora. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Portugueses) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (1989/1990). Assumiu, ao regressar à Guiné-Bissau, a Coordenação Nacional do Projeto de Língua Portuguesa no Ensino Secundário, financiada pela Fundação Gulbenkian. Foi Diretora da Escola Normal Superior Tchico-Té; exerceu ali ao mesmo tempo suas atividades de professora. A partir de 1995 passou a desempenhar as funções de Diretora Geral do Ensino. Foi Presidente da Comissão Nacional para a UNESCO - Bissau. Assumiu as funções de Ministra da Saúde e de Ministra da Cultura. Doutorou-se em Letras pela PUC Minas, Brasil.
Eneida Marta : Guiné-Bissau
Traduziu para crioulo o guião do filme Olhos Azuis de Yonta do cineasta Flora Gomes e participou na rodagem do mesmo filme como assistente de realização.
Participou na Anthologie de Literatures Francophones de l'Afrique de l'Ouest, Éditions Nathan, Paris, 1994. Foi co-fundadora e é membro do Conselho de Redacção da Tcholona, Revista de Letras, Artes e Cultura. Mais: aqui
Leia, se interessar:
O que é feito da Guiné-Bissau?
Um paraíso (quase) perdido
Reportagem da TVI24
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Poema: No fundo do canto.Odete Semedo, Belo Horizonte: Nandyala, 2007.
Veja posts, desta série, sobre:
Amílcar Cabral
Vasco Cabral
António Baticã Ferreira
Agnelo Regalla
Hélder Proença
.A Literatura Guineense: Contribuição para a identidade da Nação, de Joaquim Eduardo Bessa da Costa Leite (Tese de doutoramento, 2014 - Coimbra) - pg 10
Imagem: daqui
Poema deslumbrante. Existem ilustres poetas e poetisas em todos os cantos do mundo.
ResponderEliminar.
Dentro do possível
Uma Páscoa muito feliz
Lindo poema,gostei muito! Desejo desde já, Feliz Páscoa! bjs, chica
ResponderEliminarPublicação com poema magistrais! Parabéns!
ResponderEliminar-
Pode um coração ser pequeno e tão grande
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Beijo e uma excelente Sexta - Feira Santa
Boa Noite de Sexta da Paixão, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarVídeo bonito, delicado e alegre.
"... Como aplacar tanta
e tamanha dor
ninguém me desvendou
tal segredo"
Só nos resta orar para atenuar um pouco...
Vamos vencer, minha amiga!
Tenha dias abençoados!
A caminho da Páscoa.
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
... entretanto as águas do rio da minha aldeia
ResponderEliminartransportam memórias mas têm sempre um caminho
até o mar as receber num abraço de limos
Bj
Maravilhoso poema, veio lá do fundo de sua alma!
ResponderEliminarBela publicação, querida Olinda.
Beijo, cuide-se.
"Para tanta aflição expressar
esta dor queimando
a minha alma
o nosso infortúnio"
Poema vivo. Expressa bem as agruras da gente boa e simples, como a conheci.
ResponderEliminarLindo.
Parabéns e desejos de Páscoa Feliz quanto possível.
Beijo
SOL