Este é mais um poema que aqui transcrevo, com a etiqueta Mundo, uma pequena série que iniciei com o poema do post anterior, de Sophia de Mello Breyner Andresen. O seu autor chama-se RUI CASCAIS e retirei-o de uma obra sua intitulada a carne do rosto, título já de si um pouco inquietante. Realmente, segundo me parece, este poeta não escreve com o intuito de apresentar uma visão mitigada do mundo, nem para apontar soluções. Contudo, vislumbro uma pequena sugestão, talvez no sentido de que caberá a nós próprios virar o mundo do avesso e fazer uma revisitação aos seus fundamentos.
Não lhe encontrei elementos biográficos neste mundo virtual, talvez por incapacidade minha na pesquisa. Apenas referências à sua função de tradutor, vertendo para o inglês e/ou chinês obras de alguns autores portugueses como, por exemplo, Eugénio de Andrade.
Costuremos, pois:
Costura
não ocupa
espaço.
não se trata apenas de um cenário.
uma seda desce o corpo.
não se trata
de um bastidor.
talvez uma luva.uma preensão que o mundo
pode finalmente inverter sobre nós,
como se finalmente descobríssemos
a sua vontade, visitando o avesso.
Incluo neste post o comentário, de Mariavaicomasoutras, que me parece muito interessante e que nos leva, quiçá, a explorar outros caminhos:
Mariavaicomasoutras
A dimensão do verso no reverso de uma coisa.
Assim são todas as coisas
Num espaço que não o é sendo-o.
Por isso a resposta
quase sempre se encontra
no virar
no revirar
de uma página!
Assim são todas as coisas
Num espaço que não o é sendo-o.
Por isso a resposta
quase sempre se encontra
no virar
no revirar
de uma página!
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Mote
Poema de:
Rui Cascais
in: a carne do rosto, ed. Instituto Camões
Macau. 1999
Imagem retirada da internet, com a devida vénia ao blog: osilencioentreaspalavras.blogspot.com
Macau. 1999
Imagem retirada da internet, com a devida vénia ao blog: osilencioentreaspalavras.blogspot.com
Lindo poema de Rui Cascais...
ResponderEliminarBjos querida amiga
E envia-nos quase para uma adivinhação, dando-nos apenas pistas. Talvez esperando que sejamos nós a encontrar as respostas...
EliminarBjs
Olinda
É bastante instigante, o poeta Rui Cascais.
ResponderEliminarEle, como que, joga as palavras, aleatoriamente,
em peças soltas, questionando, numa forma de "quebra-cabeça", levando a gente à reconstrução do todo...
Dá o que pensar, e Isso, é muito bom!
Vou procurar vir mais amiúde, amiga. Tenho me ausentado muito, desse aconchegante e macio Xaile de Seda, minha querida Isabel.
Li as duas postagens anteriores, mas não comentei. Perdoe-me, a falta de tempo.
Beijinhos,
da Lúcia
Querida Lúcia
EliminarDiz bem, um poema instigante, em que o autor nos convida a juntar os retalhos, pedaços de vida talvez, e costurarmos a nossa manta, da melhor forma possível. E sem esquecermos o avesso que nos poderá lembrar o que está escondido em nós... Isto daria 'pano para manga', não é?
Minha amiga, venha visitar-me só quando puder e não causar transtorno. Sei que o tempo às vezes nos falta, não dá para tudo.
:)
Beijinhos
Olinda
Intrigante!
ResponderEliminarBeijinhos,
Madalena
Olá, M.
EliminarConcordo consigo. Só procurando nas (entre)linhas com que se cosem... Uma costura que requer devoção e amor à arte. :)
Bj
Olinda
Poesia a sugerir a ligação indistinta entre ambos os lados da Vida.Sugestivo.
ResponderEliminarParabéns pela escolha.
Beijos
SOL
Olá Sol da Esteva
EliminarÉ isso, os dois lados da Vida.Na assumpção destas duas facetas talvez consigamos ser pessoas mais completas.
Obrigada, Sol.
bj
olinda
A dimensão do verso no reverso de uma coisa.
ResponderEliminarAssim são todas as coisas
Num espaço que não o é sendo-o.
Por isso a resposta
quase sempre se encontra
no virar
no revirar
de uma página!
Ola Mariavaicomasoutras
EliminarExcelente. Remete-nos para um espaço filosófico muito interessante, quando diz 'Num espaço que não o é sendo-o'. Um vácuo que não é preenchido por qualquer matéria mas que fica ao nível do pensamento ou da 'anima'.
Se me permite, cara Mariavaicomasoutras, vou incluir este seu raciocínio no post. :)
Muito obrigada.
Bj
Olinda
Minha querida
ResponderEliminarUm poema cheio de entrelinhas pelo lado avesso da vida.
Não conhecia este poeta.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Querida Sonhadora
EliminarTambém não o conhecia até há pouco tempo, altura em que me foi oferecido o livro de poemas seus 'a carne do rosto', donde retirei o poema constante deste post.
Por falar no 'avesso da vida' lembro-me agora que há algumas costuras, algumas peças de vestuário, que não têm avesso, tanto se pode usá-las dum lado como do outro... Mas olhando bem há sempre algumas diferenças. Talvez ao vestirmos a roupagem da vida devêssemos atentar em diferenças que nos parecem mínimas mas que poderão fazer toda a 'diferença'... ( isto com redundâncias e tudo). :)
Beijos
Olinda
Boa noite querida vim retribuir
ResponderEliminartua visita e me deparei com essa
costura onde nossas linhas se emaranham.
e no verso dessa costura percebemos o
verdadeiro lado da vida...Adorei!
O jardim magico é do William Oliveira
http://versosdefogo.blogspot.com
Visite-o sei que vai gostar...bjinhos
Olá, Simone
EliminarSim, poderá ser...no verso 'o lado verdadeiro da vida'. Não me tinha ocorrido.
Obrigada pela indicação do blogue William Oliveira. Irei lá fazer-lhe uma visita.
Bjs
Olinda
Talvez que conhecendo o nosso lado do avesso , consigamos melhorar o nosso lado exterior. Excelente escolha.
ResponderEliminarBom fim de semana
Beijinhos
Maria
Querida Maria
EliminarEis uma outra possibilidade de interpretação que faz todo o sentido.
Obrigada, amiga.
Bjs
Olinda