Hummm...
O velho homem perscruta o horizonte. O Sol caminha para o ocaso, já com raios difusos a tingirem-se de cores de fogo. Mais um pouco e mergulharia atrás das rochas. O céu nessa parte tomaria então cores de malva, rosa, lilás, numa profusão de encantamento. Mas esses milagres não descerrariam o cenho ao velho homem. A sua procura era outra.
Cheirava o ar. Tomava a direcção do vento. Observava o voo dos pássaros. Em cada manifestação tentava adivinhar se a brisa vinha de norte ou de sul, dando a isso a respectiva significação.
Beem...
Cruzando as mãos atrás das costas encaminha-se pensativo para a beira-mar. Senta-se no antigo cais que vai mar adentro, mar inchado de vento, mostrando em toda a sua extensão várias cristas brancas. No céu começam a amontoar-se belas nuvens cinzentas, talvez prenhes de água. Mas a desconfiança toma conta do seu coração. Para quê apresentarem-se assim se o danado do vento as tomaria para si, levando-as para longe?
No lusco-fusco, hora mágica, pensamentos de bonança invadem a sua cabeça cansada de várias estiagens. A noite vai caindo e deixa-se estar. Despontam estrelas e consegue já ver a lua. Lua cheia. Afogada em água. Mas há um circulo alaranjado à volta dela que o preocupa. Talvez não seja nada. A Via Láctea está de feição.
As ondas embalam-no na sua cadência. Deixa descair os ombros e concentra-se nos anos da sua juventude nessa espera tantas vezes infrutífera. Quanto tempo teria ficado assim? De repente, sente uma carícia nesses mesmos ombros extenuados. Depois outra e outra e outra. Muitas. Frescas e cantantes.
Abre os olhos. Levanta-se.
Ei-la, bela e majestosa!!!
Num amplo abraço abarca o mundo.
E ri, ri, ri.
Boa quinta-feira, amigos.
Abraços
Olinda
Instantes maravilhosos de leitura por aqui e música... Adorei! beijos, chica
ResponderEliminarA inesquecível cena de Cantando na Chuva sempre nos emociona. E nos damos conta que o tempo, ah, o tempo... "sobre a toalha de água, dança e respira, respira e dança a vida..." como um dia nos disse António Ramos Rosa no poema A construção do corpo. E o seu texto, que maravilha, perscruto não só a cantante chuva, mas o o ritmo das palavras em sua musicalidade nos embalando entre a calma e a sua luz que emana do seu texto.
ResponderEliminarUm abraço, minha amiga Olinda!
Querida Olinda, que prazer me proporcionou a leitura de seu texto! Você pinta cenários mágicos a anteceder a esperada chuva. Com o passar dos anos até perdemos a conta das nossas esperas rss. Esse vídeo é encantador. Gostei demais da postagem. Bjs.
ResponderEliminarLeia-se na última entre a cal ma e a luz que emanam do seu texto.
ResponderEliminarAh! Como é bela a sua chegada! Que belo texto! Um abraço, minha amiga
ResponderEliminarOlá Olinda!
ResponderEliminarLindo e encantador, o tempo é um mistério nunca desvendado
pois cada um o vive de uma maneira.
Tenha uma semana repleta de luz
Abraços Loiva
Bom dia de toda paz, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarNa tarde já tinha ouvido o vídeo e me trouxe um bom momento.
Minha filha fez sapateado em pequena e adoro show assim.
Seu texto está um primor.
Esperar a majestosa é para almas sensíveis
E ela vem grande e luminosa quando ansiamos de verdade, como os grandes desenhos. Mas têm que ser grandes de verdade.
Parabéns, amiga!
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos com carinho fraterno
😘🕊️💙
Observava o voo dos pássaros em cada manifestação é tentar adivinhar se a brisa vem de norte ou de sul dando a isso a respectiva significação.
ResponderEliminarIsso é maravilhoso, querida Olinda!
Lindo texto, fico encantada, amo!
Desejos de saúde e paz.
Beijinhos
Genial poema adoro ese video.Te mando un beso
ResponderEliminarNo hay océano más profundo que el pasado de una persona. Ni oleaje más agitado y proceloso que el recuerdo de lo vivido. Me ha llevado tu texto a esta reflexión. Gracias.
ResponderEliminarParabéns pela escrita.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Houve um tempo em que chovia, chovia em Outubro e eu contava os dias para o Verão de S Martinho...
ResponderEliminarAndo desconfiada que não é para durar...
Gatinha molhada por chuva rara...
Gostei de te ler, Olinda. O vídeo é bem pertinente. Beijinhos
~~~
.... e octaginário, herói de tão bela história, oitenta mais oitenta anos esperaria "se para tanto amor no fosse tâo curta a vida,,,!"
ResponderEliminarGenerosa a mulher que o guarda e cuida...
abraço
Este vídeo trouxe-me à memória o ter andado também certa vez alegremente à chuva na minha juventude...
ResponderEliminarGostei do texto.
Esperemos que venha, mas com medida e em tempo certo.
Querida Olinda, beijinho de óptimo final de semana :)
Belo texto.
ResponderEliminarLembrei-me do meu avô paterno que caminhava normalmente com as mãos cruzadas atrás das costas.
Abraço
Deliciei-me com a leitura do seu lindo texto enquanto ouvia maravilhosa música, querida Olinda.
ResponderEliminarTenha um fim de semana abençoado.
Um carinhoso abraço.
Verena.
Amei esta publicação, Olinda!!!
ResponderEliminarO texto é um encanto, um docinho; o vídeo... (sempre) um contentamento.
Obrigada!!!!
Beijo,
Boa noite Olinda,
ResponderEliminarParabéns por este texto de excelência.
Gostei imenso!
A chuva aí está e esperemos que por algum tempo nos faça sorrir também!
Vídeo lindo, em sintonia.
Beijinhos e bom fim de semana
Ailime
Que belo texto, Olinda, escrito de uma maneira simples, mas onde se sente uma espécie de música daquele serena que aquieta. E esse homem estuda o céu com a sua experiencia , conseguindo ver nele se , fialmente cairá a chuva....vê o sol já caminhando para o seu ocaso e as tonalidades que se mostram são de grande encantamento, embora ele mais de ver as nuvens negras que se aproximam, " prenhes de água ", água tão desejada mas que teima em se deixar levar pelos ventos, para outras bandas: cansado de estiagens está este homem que ali fica, deixando que os seus pensamentos voem até à juventude onde talvez tenha esperado pela chuva, mas com toda a certeza olhou o céu, muitas vezes, estudando-o com outros interesses, com muitos sonhos, com uma grande esperança de que as estrelas do firmamento lhe iluminassem o caminho que tinha pela frente. Ficou junto ao mar muito tempo, o homem do teu texto, Olinda, pensando, olhando o céu, mas depois do último olhar, levanta-se e ri, ri, ri...
ResponderEliminarSerá que a chuva caiu? Era importante para esse homem, é importante para nós, mas será que não olhamos o firmanento naqueles nossos " instantes" em que estamos mais introspectivas, esperando que de lá nos venha a serenidade de que precisamos? Será que esse homem, além da chuva não precisava de se escutar a ele mesmo, de observar o mar e a beleza das suas " crista brancas", esquecendo assim os seus infortúnios " ? Os nossos " instantes" exigem, tantas vezes ,momentos destes que o velho homem viveu e nada melhor do que caminhar junto ao mar, olhar o lindo colorido do pôr do sol e admirar as estrelas para ouvirmos o nosso eu mais profundo. E a chuva tem caido, Olinda! O velho homem está feliz! E eu também fiquei feliz ao ler este belo e suave texto onde tu, Amiga, descreves um dos " teus instantes ! Espero que , pelo menos a maior deles seja de alegria, de serenidade e que a saúde não vos falte . Um bom fim de semana, apesar da chuva. Beijinhos, Amiga!
Emilia
Vamos corrigir ? Embora ele goste mais...
EliminarA maior parte deles seja...
Desculpa, mas, olha, não estava a olhar o céu..
Beijinhos
Emilia
Notável descrição do Homem de antes das tecnologias.
ResponderEliminarEra a sabedoria da vivência continuada, a observação dos elementos, a aprendizagem necessária á vida do dia a dia...
Me dá saudades, Olinda. Me senti "ali".
Beijo
SOL da Esteva
Qué bonito abrazar el mundo.
ResponderEliminarMe ha gustado mucho tu relato, un placer estar aquí.
Un abrazo.
Maravilhoso texto Olinda escrito ao delicioso ritmo de Singin'in the Rain.
ResponderEliminarFiz uma viagem através das suas palavras, para regressar a um tempo onde gravitávamos alegres entre canções, amores e segredos, divertindo-nos com a chuva que nunca esfriava o entusiasmo. Hoje, tudo é diferente, canções, amores e segredos, foram sendo tomados por uma ânsia exacerbada de viver apressadamente. Já não paramos para escutar a maravilhosa melodia da chuva e os nossos passos de dança, ficam comodamente sentados no sofá....
É assim a teia complexa do nosso ser. Talvez tenha que ser assim!
Tenha um bom final de semana Olinda, com muita saúde.
Um abraço! A.S.
"Uma profusão de encantamento" é tudo o que aqui li. Belíssimo conto cheio de esperança na vida, de maravilhamento do que é observado, de uma ternura imensa.
ResponderEliminarUm beijo, minha Amiga Olinda
Oi Olinda
ResponderEliminarComo conhecedor dos elementos da natureza foi agraciado com o motivo de sua espera e o riso veio inundando de alegria o encantador momento
Texto maravilhoso que me deixou apaixonada
Beijinhos e uma linda semana minha amiga
Amei a postagem. Parabéns por compartilhar. Boa semana pra você
ResponderEliminarCaro Aluísio Cavalcanti
ResponderEliminarO seu comentário foi parar ao spam associado a um post meu de 2014.
Se tentar publicá-lo, ele desaparece como já aconteceu hoje com outros.. Posso copiá-lo e colocá-lo neste?
Muito obrigada pela sua presença, meu amigo.
Abraço
Olinda
Cara Maria Alice Cerqueira
ResponderEliminarO seu comentário foi parar ao spam associado a um post meu de 2014.
Se tentar publicá-lo, ele desaparece como já aconteceu hoje com outros.. Posso copiá-lo e colocá-lo neste?
Muito obrigada pela sua presença, meu amiga.
Abraço
Olinda
O seu texto é belíssimo. Li e reli.
ResponderEliminarBoa semana, amiga Olinda.
Um beijo.
Cara Evanir
ResponderEliminarO seu comentário foi parar ao spam associado a um post meu de 2014.
Se tentar publicá-lo, ele desaparece como já aconteceu hoje com outros.. Posso copiá-lo e colocá-lo neste?
Muito obrigada pela sua presença, meu amiga.
Abraço
Olinda
Reli o interessante texto.
ResponderEliminarUm dia, aterrei, em escala, na Ilha do Sal com uma chuva miudinha..
Coisa rara!
Boa semana, Olinda. Beijinhos
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Olá, Majo
EliminarSim, a chuva é rara em Cabo Verde, mas às vezes acontece. Tive notícias de que choveu bastante no mês passado.
Beijinhos
Olinda
Querida Olinda, pedindo desculpas pela intromissão, quero dizer que hoje aconteceu-me o mesmo, comentários associados a posts muito, muito antigos estavam no spam. Que esquisito. Talvez não tenha agido bem, mas o que me ocorreu orreu foi iliminá-los. Beijinhos
ResponderEliminarEmilia
Querida Emília
EliminarAgora tenho 5 comentários no spam associados a posts antigos. Não me atrevo a publicá-los pois os que publiquei desapareceram...
Se os comentários tivessem proveniência desconhecida não teria problemas em confirmar que eram spam. Mas são de bloggers que
me seguem e que também sigo embora não me comentem há já algum tempo.
Assim, vou aguardar...
Obrigada por teres vindo. Vejo que não é um problema só meu.
Beijinhos
Olinda
É para te dizer que eliminei os comentários pois reparei depois que tinham a data dos tais posts antigos. Se calhar são comentários que o sistema foi buscar e como anda pela rua da amargura republica-os
EliminarEnfim...é preciso paciência, realmente.
Beijinhos
Olinda
Um maravilhoso texto, que nos fez percorrer tão bem o estado de espírito do velho homem... já conhecedor das mudanças... do tempo e dos tempos...
ResponderEliminarAdorei o video!!! Um verdadeiro clássico, que se harmoniza tão bem com a ansiada chuva, que não havia meio de se fazer sentir... mas que finalmente chegou...
Um beijinho!
Ana