Em velocidade quase supersónica atravessa o corredor até à sala, na pontinha dos pés e a saltitar. Aloja-se junto ao dinossauro verde, fofinho, em cima do qual costuma sentar-se quando é preciso retemperar forças e planear novas investidas.
Aguarda um pouco, atento, pega no comando do televisor, aponta e desliga-o. Pé ante pé, agora, reinicia o percurso rumo à cozinha. Pára à porta, olha com atenção redobrada, cabeça inclinada para a frente, ombros tensos. "Avanço ou não?" parece perguntar-se, um pouco indeciso - "Talvez só até à mesa"...
Posiciona-se atrás de uma cadeira e espreita. E vê-a. Lá está ela, não a rodar mas com um som como se estivesse a sopesar a roupa, tacteando. Aproveita para dar mais uns passos, pronto para se afastar rapidamente se for caso disso. Agora sim, ela começa a dar voltas e mais voltas. Sabe que haverá uma fase seguinte e depois outras ainda com mais ruído e que vai ter muito medo.
Mesmo assim avança e recua, chega-se mais perto, procura abrigo onde quer que seja, especialmente quando a rotação é mais intensa. E sabe que vai durar bastante. Mas a curiosidade é maior que o receio de aquilo sair dali disparado. E procura vencer o monstro sozinho. A bem dizer, é uma situação que vem de há meses, desde que começou a aperceber-se desses sons esquisitos...
Instintivamente percebe que aquela luta é entre ele e a máquina. E segue-a até ao fim, de olhos bem abertos, entre a cozinha, o corredor e a sala, ora a correr, ora de mansinho, mantendo cuidadosa distância não vá o diabo tecê-las.
Quando finalmente a máquina acaba de lavar ele aproxima-se e sente que, depois de tanto trabalho e dedicação, merece tomar parte nas tarefas que se seguem, tais como, tirar a roupa de dentro da dita, ajudar a pô-la no alguidar, a estendê-la... sendo que a sua persistência alcança aqui um nível de apurada e teimosa insistência.
Tenham um bom dia, meus amigos.
Abraços
Olinda
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Alterei o titulo do post, inspirada pelo "varal" da Chica :)
Imagem - Net
Bom dia de paz, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarQue lindas roupas do seu netinho a secar no varal!
Chego a sentir o cheirinho perfumado delas a inebriar ainda mais seu 💙.
Gostei muito da sua narrativa deixando passar o vaivém do cotidiano quando a rotina insistente nos dá persistência de chegarmos ao fim do proposto.
O suspenso criado em torno do fato foi muito interessante também.
Imagino o barulho da máquina como aterroriza o infante curioso.
Que tenha uma Semana Santa Abençoada com paz, saúde e Amor!
Beijinhos com carinho de gratidão e estima
Um “conto” real (sorrisos) que encanta e delícia, pela ternura, pelo pormenor, pela forma como a dinâmica nos permite visualizar e acompanhar esta aventura chamada vida… e pela escrita, claro.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana
Que lindo e doce conto e esse varal fala aos corações. Lindo demais! Coisa boa e dá saudades! beijos, chica
ResponderEliminarOra muito bom. Adorei :))
ResponderEliminar--
No silêncio do tempo...
Beijos e uma tarde
E pé ante pé li este delicioso conto, talvez bem real, quem sabe. Foi uma persistência até ao final da tarefa, que culminou com o estender dessa roupinha especial.
ResponderEliminarBeijinhos
Passadeira Vermelha para o "jovem herói" da fita...
ResponderEliminarabraço
Querida Olinda, não pude deixar de rir com esta " persistência "; já " vi esse filme ", e as mãozinhas " arteiras " que se vão aproximando com todas as cautelas desse " bicho esquisito " e barulhento, encontram sempre qualquer outra coisa, não tão assustadora, para derrubarem ou espalharem pelo chão, como por exemplo as molas. Mas, querida Amiga, a curiosidade vai continuar e, passado o medo, vem o encantamento por vê-la a rodar e também pelas luzinhas acesas que esse " bicho " estranho tem; ao menor descuido lá estão as mãozinhas sapecas a rodar o botão para ver o que acontece e lá se vai a programação antes feita. Uma desgraça!!! Quando " finalmente a roupa vai para o alguidar ", lá estão as ditas cujas prontinhas para ajudar, tirando as peças para o chão, procurando as que lhes pertecem. Roupa no chão, molas espalhadas e essas " criaturinhas " lindas a esticarem-se para chegarem à corda dizendo que já são crescidas. Depois de toda essa luta , fica o trabalho feito , mas, logo, logo outro motivo encontrarão para que as vóvos não se sentem sossegadas e saibam que eles estão ali sempre prontos a ajudar na
ResponderEliminar" faina" do dia a dia ". Uma lindeza, esses arteirinhos "!!! . Obrigada, Amiga, por este momento de boa disposição que adorei. Beijinhos para ti e para o teu " ajudante" fofo
Emilia
PS Uma feliz Pascoa, com saúde e alegria
Que maravilha!
ResponderEliminarAdorei e a foto está um mimo.
Lembrei me logo das roupas dos meus netos :)
Tao doce esta forma da viver o dia.
Uma persistência que valeu a pena.
Uma Páscoa doce e serena **
Desculpa, mas tive que rir.
ResponderEliminarBeijos.
Texto muito bem escrito que gostei e me divertiu ler
ResponderEliminar.
Uma Páscoa Feliz
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Quero sublinhar antes de mais a qualidade da escrita, minha Amiga Olinda. Escrever bem não é para quem quer, mas para quem é capaz. A sua história dá gosto ler porque é mesmo como se estivéssemos a ver um filme. A fotografia ilustra bem as palavras.
ResponderEliminarMuita saúde.
Um beijo.
ola bom diaaa
ResponderEliminarEste conto do estendal está uma delícia!
ResponderEliminarAbraço
Muito bom! Como que corri atrás para seguir todos os passos.
ResponderEliminarBeijinhos e votos de uma Boa Páscoa!
Aplauso ,seu conto muito interessante,suspense e diversão. Bjsss
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