Somos nós
As humanas cigarras.
Nós,
Desde o tempo de Esopo conhecidos…
Nós,
Preguiçosos insectos perseguidos.
As humanas cigarras.
Nós,
Desde o tempo de Esopo conhecidos…
Nós,
Preguiçosos insectos perseguidos.
Somos nós os ridículos comparsas
Da fábula burguesa da formiga.
Nós, a tribo faminta de ciganos
Que se abriga ao luar.
Nós, que nunca passamos,
A passar…
Da fábula burguesa da formiga.
Nós, a tribo faminta de ciganos
Que se abriga ao luar.
Nós, que nunca passamos,
A passar…
Somos nós e só nós podemos ter
Asas sonoras.
Asas que em certas horas
Palpitam.
Asas que morrem mas ressuscitam
Da sepultura.
E que da planura
Da seara
Erguem a um campo de maior altura
A mão que só altura semeara.
Asas sonoras.
Asas que em certas horas
Palpitam.
Asas que morrem mas ressuscitam
Da sepultura.
E que da planura
Da seara
Erguem a um campo de maior altura
A mão que só altura semeara.
Por isso a vós, Poetas, eu levanto
A taça fraternal deste meu canto,
E bebo em vossa honra o doce vinho
Da amizade e da paz.
Vinho que não é meu,
Mas sim do mosto que a beleza traz.
A taça fraternal deste meu canto,
E bebo em vossa honra o doce vinho
Da amizade e da paz.
Vinho que não é meu,
Mas sim do mosto que a beleza traz.
E vos digo e conjuro que canteis,
Que sejais menestréis
Duma gesta de amor universal.
Duma epopeia que não tenha reis,
Mas homens de tamanho natural.
Que sejais menestréis
Duma gesta de amor universal.
Duma epopeia que não tenha reis,
Mas homens de tamanho natural.
Homens de toda a terra sem fronteiras.
De todos os feitios e maneiras,
Da cor que o sol lhes deu à flor da pele.
Crias de Adão e Eva verdadeiras.
Homens da torre de Babel.
De todos os feitios e maneiras,
Da cor que o sol lhes deu à flor da pele.
Crias de Adão e Eva verdadeiras.
Homens da torre de Babel.
Homens do dia-a-dia
Que levantem paredes de ilusão.
Homens de pés no chão,
Que se calcem de sonho e de poesia
Pela graça infantil da vossa mão.
Miguel Torga
In: Odes
Banco de Poesia F.Pessoa
Que levantem paredes de ilusão.
Homens de pés no chão,
Que se calcem de sonho e de poesia
Pela graça infantil da vossa mão.
Miguel Torga
In: Odes
Banco de Poesia F.Pessoa
Olá, Olinda,amiga querida...
ResponderEliminarAusento-me um "bom bocado" e retorno para ler um belo poema de Miguel Torga: grande escritor e poeta, além de ter uma linda biografia. Você deve saber que ele veio ainda menino para o Brasil, morar com um tio, em Minas Gerais. Há poucos dias li uma poesia dele se refere ao Brasil. Parece que "penou", quando aqui viveu.
Vou dar uma "arruada" pelas suas páginas anteriores para ver o que eu andei perdendo, pelo atraso em vir aqui.
Tenha um bom final de semana.
Um beijo carinhoso,
da Lúcia
Confesso que o tempo me aperta e cerceia a vontade de, assídua e pausadamente, visitar os amigos. Penitencio-me, por isso. E, talvez, seja lendo um poema do Torga, a melhor forma de o fazer.
ResponderEliminarGuardo religiosamente uma primeira edição dos seus Novos Contos da Montanha; é que somos da mesma idade.
Abraço.
E na verdade são os poetas que conseguem ver poesia nas coisas mais singelas da vida; são eles que têm a ousadia de colocarem no papel aquilo que todos nós gostaríamos de fazer; não têm medo do ridículo, os poetas, não têm medo de falar dos sonhos...das inquietudes...dos amores correspondidos e dos não correspondidos. Falam do que lhes vai na alma, sem pudor, sem vergonha, sem medo Temos que os louvar, temos que lhes agradecer, pois a nós, na maioria das vezes nos falta a coragem para deitar cá para fora aquilo que nos perturba, aquilo que nos extasia, aquilo que nos aflige; digo que é falta de coragem, porque todos nós seríamos capazes de fazer poesia se soubessemos ver, pelo menos um verso em cada detalhe do nosso dia a dia. Deliciamo-nos com um poema, porque ali está o mais intimo de uma alma que não teve medo de se expôr, uma alma que reflete a nossa, uma alma que coloca em palavras aquilo que a nossa não é capaz de fazer. Um beijinho, Olinda e parabéns pela escolha deste belo poema. Gostei também muito que tenhas trazido cá a poesia do nosso amigo Vieira Calado, amigo que visito com frequência. Um bom fim de semana
ResponderEliminarEmília
... entretanto...
ResponderEliminarchamar palhaço ao Cavaco
faz-me rir
Também ergo aos Poetas, A taça fraternal deste meu canto,
ResponderEliminarE bebo em sua honra o doce vinho....
Beijinho
Que Deus abençoe seu final de semana
ResponderEliminarcobrindo de paz e luz sua caminhada nesse Mundo.
Tenho orado por todos sem sessar ,
pois sei e entendo quando precisamos nos afastar .
O tempo fora da nossa telinha envolve pessoas do cotidiano assim como na vida virtual.
Hoje estou tentando voltar com meu anjo de infinita luz divina.
Ofereço qualquer imagem desse lindo anjo da minha postagem.
Um abraço com infinito carinho e ternura.
Feliz e abençoado Domingo.
Beijos..Evanir.
Eu também dou meu grito de amor aos poetas e poetisas de Portugal e do Brasil.
Eu acredito cada lar em Portugal certamente tem um poeta ou poetisa.
Beijos no coração...
ResponderEliminarComentário de Maria Alice Cerqueira
Querida amiga
Vim para lhe dizer que não me esqueci de ti, nem deste lindo cantinho, peço desculpas pelo meu silencio, mas tem sido por conta da vida, que em certas vezes nos pede um pouquinho de tempo para ela mesma. Vida que apesar de nos trazeres muitos desafios a desvendar, nos trazer a serenidade de te viver com muita alegria, paz e amor.
Peço desculpas pelo recadinho montadinho, eu queria muito passar pelo seu cantinho para e ficar por mais tempinho e desfrutar do aroma deste lindo lugar, pode demorar um pouquinho, mas voltarei.
Tenha uma linda tarde coberta de muita paz e Amor!
Com carinho
Abraço amigo
Querida amiga se poder venha conhecer o meu site. http://www.mariaalicecerqueira.com.br/
O meu muito Obrigado de todo o meu coração. Que Deus os abençoe!
Que versos maravilhosos! Tim! Tim! Nada poderia dizer que os enaltecesse mais que sua simples leitura. Bjs.
ResponderEliminarQue seríamos sem as nossas contradições? Que seríamos sem as nossas transmutações? Que tenhamos os pés no chão e a cabeça nas estrelas, sempre!
ResponderEliminarMiguel Torga, irrepreensível!
Beijos, Olinda!