A terra que te ofereço
1
Quando,
ansiosa,
pela primeira vez
pisares
a terra que te ofereço,
estarei presente
para auscultar,
no ar,
a viração suave do encontro
da lua que transportas
com a sólida
a materna nudez do horizonte.
Quando,
ansioso,
te vir a caminhar
no chão de minha oferta,
coloco,
brandamente,
em tuas mãos,
uma quinda de mel
colhido em tardes quentes
de irreversível
votação ao Sul.
2
Trago
para ti
em cada mão
aberta,
os frutos mais recentes
desse Outono
que te ofereço verde:
o mês mais farto de óleos
e ternura avulsa.
E dou-te a mão
para que possas
ver,
mais confiante,
a vastidão
sonora
de uma aurora
elaborada em espera
e refletida
na rápida torrente
que se mede em cor.
3
Num mapa
desdobrado para ti,
eu marcarei
as rotas
que sei já
e quero dar-te:
o deslizar de um gesto,
a esteira fumegante
de um archote
aceso,
um tracejar
vermelho
de pés nus,
um corredor aberto
na savana,
um navegável
mar de plasma
quente.
Ruy Duarte de Carvalho
1941-2010
VER
SOBRE ESTE AUTOR
Poema retirado de:
http://betogomes.sites.uol.com.br/
Imagem retirada do
Google
Perfeito!
ResponderEliminarEscolhi como título deste post precisamente o do livro de Ruy Duarte de Carvalho 'Vou lá visitar pastores'. Foi através desta obra que o conheci na sua faceta de antropólogo, de escritor, de jornalista, de pesquisador, seguindo o percurso dos Kuvale desde as suas origens até ao seu estabelecimento em terras angolanas. Povo de pastores que nunca se submeteria, colocando as suas tradições sempre bem alto...
ResponderEliminarO teu comentário apareceu ainda estava a escrever o meu...complementando um pouco o post.
ResponderEliminar:))
Obrigada
Abraço
Olinda
Fui ler o que recomendaste sobre este escritor e foi bom, pois não conhecia. Importante preocupar-se com a lusofonia, pois é uma maneira muito importante de olhar para a nossa língua, uma língua rica principalmente pela riqueza de palavras, termos e entoaçóes que são devidas aos vários países que a falam. Esta mistura faz com que a lingua portuguesa tenha uma sonoridade única.Como é bom vê-la falada em vários países cada um acrescentando-lhe algo de diferente que, a meu ver, só a torna mais bonita e rica. Muito obrigada por nos dares a conhecer este escritor em quem se nota um grande amor por África. Um beijinho, Olinda e adorei o pst. Fica bem!!
ResponderEliminarBeijos
Emília
Vim trazer-lhe um beijinho, Olinda, e me
ResponderEliminarenvolvo com a beleza e a ternura de um poeta desconhecido, para mim, e saio encantada, agora
que já o conheço...Lindo, lindo!!!
Obrigada, amiga.
Forte abraço
Quem dá espera sempre uma boa recepção da sua dádiva. Que haja sempre mãos abertas para dar e para receber o amor que se quer a jorrar.
ResponderEliminarBjos
Um mar navegável
ResponderEliminarNão conhecia e adorei. Vou ler um pouquinho os outros.
ResponderEliminarBeijinho
Um belíssimo poema de um escritor que não conhecia.
ResponderEliminarObrigada pela partilha.
Um abraço e uma boa semana
Não conhecia Olinda. É lindo
ResponderEliminarLIndo demais Olinda!
ResponderEliminarUm encanto que transborda e evapora...
Beijos e boa noite!!
Não conhecia mas me encantei...vou investigar!
ResponderEliminarBj
Que colorido, que aromas! Lê-se como se bebe um vinho!
ResponderEliminarBeijinhos,
Madalena
Olinda
ResponderEliminarAdmiro o seu bom gosto para poesia.
Esta é linda e tão cheia de sabedoria.
Beijinho
Maria
Olinda, vivo e aprendo sempre.
ResponderEliminarAgora passo a conhecer alguém que sem dúvida nenhuma, marca através de seus poemas, sua visão de mundo.
Achei deveras interessante que os Kuvale são um povo de pastores que nunca se submeteria, colocando as suas tradições sempre bem alto.
Um bem haja meu anjo, e meu sempre obrigado pelas tuas visitas.
Beijos.
Boa tarde Amiga
ResponderEliminarVim agradecer a sua visita ao meu cantinho, obrigada pelo seu carinho, assim que estiver mais forte voltarei para te ler e comentar.
Tenha um lindo dia
Com carinho
Abraço amigo
Maria Alice
Olinda, fizeste uma excelente escolha.
ResponderEliminarObrigado pela partilha, pois eu não conhecia o poema.
Um abraço, querida amiga.
Olinda boa noite já emclima um pouco antecipado de natal...kkkk. Sabe apreveitei o feriado para já ir decorando a casa...
ResponderEliminarBeijos,
Carla
Gostei da poesia ...
ResponderEliminarDesconhecia o autor e acho o poema bem bonito.
ResponderEliminarUm abraço.
Tenho estado doente desde sábado. (Por sorte já tinha agendado o post para domingo…)
ResponderEliminarNão tenho posto os pés – melhor dizendo, as mãos… - no PC.
Já estou um pouco melhor, mas não completamente bem. Não está a ser fácil, mas há-de ir ao lugar… Ainda não consigo estar aqui muito tempo seguido, tenho que intervalar :)
Não vou alongar-me em comentários, mas não posso deixar de dizer duas coisas:
1 - Gostei, MUITO
2 - Não conheço o autor; logo que possível vou investigar.
Beijinhos
Obrigado por este belo poema!
ResponderEliminarBjsss
Sabe Olinda, eu fico silenciosa lendo o texto, e entao todas as dúvidas sobre a humanidade, se dissipam... Como o Vieira, também agradeço pelo poema!
ResponderEliminarEu adoro aquele poema do Jorge Barbosa, parece que ele entendia a alma de todo o Brasil. Ele fala do meu Pernambuco, do meu sertao, como quem conhece o jeito do sertanejo, da sertaneja, das nossas coisas, da nossa cultura. Ainda por cima leitor que foi de Manuel Bandeira, Jorge de Lima. De modo que quando estive em Cabo Verde, era como se eu tivesse fazendo o percurso que ele nao fez. Eu li esse poema, a primeira vez, no livro da professora Simone Caputo Gomes, uma brasileira que tem um espetacular diálogo com as Ilhas Crioulas, Cabo Verde: literatura em chao de cultura. Uma leitura imprescindível, Olinda!
Deixo um beijao, minha querida, e quando quiseres, o Brasil e eu lhe esperamos!
;)
Que maravilha de poema! Quando leio versos assim, volto-me para o interior e os saboreio, em silêncio.
ResponderEliminarBjs.
Linda é a natureza, doces são as palavras que a exaltam. Belo e belo e belo sempre!!
ResponderEliminarBjs!!
Adorei passar e ver este poema e este Senhor
ResponderEliminarbeijo poético
Obrigada por ter retribuído a visita. Já pesquisei a vida do escritor (rss). Não resisti.
ResponderEliminarBjs.
Minha querida
ResponderEliminarUm poema maravilhoso e uma bela escolha...não conhecia o autor, mas adorei.
Deixo um beijinho com carinho e desejo um fim de semana cheio de paz e amor.
Sonhadora
Excelentes escolha, um poema maravilhoso.
ResponderEliminarAmiga, hoje deixei no meu cantinho um obrigado aos Amigos. É um miminho simples mas feito com carinho para agradecer a companhia na estrada da vida e porque seu cantinho é ESPECIAL, um espaço onde a qualidade e o bom gosto estão sempre presentes em todos os posts.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria
Oi querida boa noite de sábado!!
ResponderEliminarBjs
Olinda,
ResponderEliminarA qualidade e o gosto das suas escolhas é irrepreensível. Não conhecia estes poemas e gostei muito.
Este seu Xaile é uma casa a que se vem sempre com gosto e que conjuga muito bem com este 'Outono, um mês farto de óleos
e ternura avulsa'.
Um beijinho.