Anda aqui para perto de casa, para perto de mim. Anda para aqui onde o céu é mais azul, as árvores mais altas e os rios correm devagar. Anda comigo, com os pés na minha sombra, enquanto te demoras num olhar. Salta neste arrepio sem fim, comigo, enquanto te abraço e te digo que te quero tanto assim.
Deixa-me beijar-te a longa trança, deixa-me enrolar-te num novelo sem fim. Suspiro na encosta do teu peito e vejo-te a desvaneceres levemente em mim. Cantei-te todas as danças, torneei-te em todas as noites. Sem ti desencontrei-me do resto e esqueci-me do que havia em mim. Mas se estivermos por aqui, perto deste nosso sítio perfeito, onde te embalei em todas as artes de mim, onde os nossos filhos se fizeram e cresceram, se estivermos por aqui, consigo sossegar e parar o medo que cresce daninho em mim.
Sabes que sem a tua quentura à minha beira deixo de ser eu, já nem sei quem sou. Sabes que é entre as paredes da nossa casa que consigo finalmente respirar? Lentamente, devagar.
Pois então ata-me aqui à nossa casa, ao nosso mundo, a ti, prende-me para eu não ir. Não quero perder-me como das outras vezes, confundido com um cheiro a ti que não o teu, atrás de um passo bamboleante que não o teu, perdido em alguém que não és tu. Por isso fica aqui comigo, pertinho de casa, de nós, da vida que levamos, para não me deixar levar uma outra vez pelo que me acena ali na esquina, por umas pestanas demoradas, por um gesto que não o teu.
Sou fraco, bem sabes, e hoje quando saíste para um dos teus sítios, esqueceste-te de trancar a porta e eu senti-me sozinho, lembrei-me de sair, de arejar, e ela lá estava ao fundo da estrada que corri, chamou-me, apertou-me - estava tão longe de casa, de ti - e lá deixei eu ir-me outra vez, perdido de ti, de mim, de nós.
Isto tudo para te pedir: não voltes a sair, não vás para longe, fica sempre aqui pertinho de casa, das nossas árvores, do céu tão azul, do rio que hoje está a correr tão devagar. Minha querida, só mais esta vez, prometo, deixas-me ficar?
Texto de:
Olinda, segui sua sugestao e cliquei no lugar indicado, corri os olhos pelo blogue e gostei muito do que li, de modo que já estou lá também, obrigada por trazer esse belo espaço ao nosso conhecimento.
ResponderEliminarA sensaçao que me cingiu foi de que eu estava lendo um relato de uma história de amor. Uma mescla de ficçao com realidade que nos deixa imersos no texto.
E a sua foto, que beleza de imagem, e deixou=me com uma dúvida, se era o nascer ou o quase por do sol?
Oh,Linda! rs... Pois nao é espetacular um fato como esse, da nossa ciranda poética? Para mim é uma prova inconteste de que por trás da máquina tem uma pessoa dotada de sensibilidade, de afeto, de respeito, de responsabilidade, profissionais acima de qualquer suspeita, e que essa suposta terra de ninguém, também nos traz esses encontros extraordinários, nao é mesmo? Assim como os encontros ainda na esfera virtual, em funçao da distancia, como se deu conosco ( tu e eu) e mais tantas outras pessoas, e outros impedimentos. E que a net é exatamente o que fazemos dela, e no nosso caso, seja d´além ou d´quém mar é só amizade, carinho e felicidade!
Um beijo bem grandáo em ti!
Recorda-me este texto, a fábula do escorpião e da rã;
ResponderEliminarO escorpião encontrava-se certo dia na margem de um ribeiro e pretendia passar para a margem oposta. Como não sabia nadar, enquanto matutava na forma de poder transpor aquele caminho de água, reparou que um pouco mais à frente, na mesma margem, sobre uma pedra, encontrava-se uma formosa rã.
Aproximou-se, e depois de cordialmente cumprimentar a rã, pediu-lhe: amiga rã, pretendo atravessar para a outra margem mas, como não sei nadar, estarias tu disposta a fazer-me o enorme favor de me transportar sobre o teu lombo?
A rã, soltou uma gargalhada e respondeu-lhe:
-Dahhhh!!! Mas tu julgas que nasci ontem, ou quê?! Eu sei muito bem que me "espetarias" o teu ferrão, logo que chegássemos à margem de lá.
-Mas... tástapassar ou kê, minha?! Axas queu tia fazer uma cena dessas?! Népia... se me atravessares às costas convido-te para jantar no Mc Donald's e depois, vamos dar uma volta ao Bairro Alto e mandar uns shot's...
A rã, que nunca tinha saído das margens daquele ribeiro, ficou logo toda maluca com o convite do escorpião e permitiu imediatamente que este lhe saltasse para cima,dispondo-se a fazer de cacilheiro e a transportar o escorpião.
Chegados à outra margem, assim que se apanhou em sêco, o escorpião ergueu a enorme cauda e... tungas! espeta o enorme ferrão no dorso da rã, inundando-a com o seu letal veneno.
A rã mandou-se ao ar, fêz uma peixeirada do escafandro. Que não havia direito, que já não se podia confiar em ninguém, que o mundo estava perdido, que já não havia valores morais nem éticos, que pa, pa, pa... que téu, téu, téu e, com com tanta gritaria e tanto escabexe, nem reparou que estava a ficar toda roxinha. Eis senão quando passa uma rã vizinha e a vÊ já toda de outra côr e... invejosa quis saber, se ela tinha sido vestida pelo Tenente, ou pelo Buchinho. Mas a pobre rã, já mal podia falar, restaram somente forças para, antes de expirar, se lamentar angustiadamente e, voltando-se para o escorpião já com as pálpebras semi-cerradas, disse-lhe: malvado... confiei... na... tua... palavra... que... não... irias... espetar-me... o ferrão... e... afinal...
A rã, socumbiu, mas ainda ouviu muito ao longe o escorpião responder-lhe; Ké ke keres garina? esta é a minha natureza.
E dizendo isto voltou-se para a outra rã, pôs olhinhos de carneiro-mal-morto e perguntou-lhe se ela não quereria transporta-lo no dorso, até à outra margem...
;)))
QUANTAS LINDAS HISTÓRIAS POR AQUI, AMEI!
ResponderEliminarObrigada por sua visita...muito me alegra!
Shalom!
Olinda, hoje o meu comentário vai para o post anterior, pois fiquei até emocionada com este gesto de solidariedade praticado numa escola aqui de Famalicão onde vivo.Não sabia, pois infelizmente as coisas boas são pouco noticiadas; as desgraças, essas são-nos dadas a conhecer a todo o instante, vezes sem conta, mas estas, as maravilhas que felizmente ainda acontecem,noticiam uma vez e, pronto, já é o suficiente. Isto dá-nos um ânimo extraordinário e faz-nos acreditar que o mundo não é tão feio como querem fazer-nos crer. Obrigada, Olinda, por me ter permitido conhecer esta preciosidade.
ResponderEliminarUm beijinho e tenha um belo dia de S. Martinho, apesar da chuva,
Emília
Olinda:
ResponderEliminarJá comentei lá. Volto a dizer que, é maravilhosa.
Beijinhos
Maria
Querida Olinda
ResponderEliminarAdorei este texto/conto.
Há muitos homens assim. Por muito que amem as suas companheiras, a tentação de estar com outras é muito grande, e às vezes não conseguem resistir...
E a mulher o que fará perante um procedimento assim? Depende, essencialmente, da sua maneira de ser e da forma como encara os deslizes do companheiro...
Bom fim de semana. Beijinhos
Boa noite Olinda!
ResponderEliminarGostei muito desse conto, muito lindo!A foto também é linda.
Beijo e vom final de semana.
Mara
Amiga Olinda quando se ama realmente não se sente necessidade de procurar fora de casa outra companhia, pois quem ama não quer ver o parceiro/a sofrer com as suas atitudes.
ResponderEliminarLindissima fotografia, transmite serenidade.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria
Querida Olinda
ResponderEliminarMinha primeira saída, após a "tempestade".
Vim agradecer seu amável conforto e me encanto
com mais um extraordinário texto. Li,cliquei e
cheguei ao Histórias de Nós. Assim, minha gratidão é dupla: a sua última estada na Cadeirinha e o campatilhar desse belo texto...
Beijinhos, amiga,
da Lúcia
Texto de uma grande sensibilidade. Vou espreitar a sugestão de blogue.
ResponderEliminarSempre generosa, minha amiga.
Boa noite e um beijinho
Querida Olinda, muito obrigada por tamanha honra! Estar assim, mais uma vez nesta sua «casa» tão interessante, tão especial, sabe muito bem.
ResponderEliminarE obrigada a todos os acima pelos comentários e visitas ao meu blog.
Que bom, assim até se esquece essa coisa da crise de que tanto se fala! :)
Um bom fim de semana a todos e um beijinho especial à Amiga Olinda!
Minha querida Olinda, realmente, quando se ama de verdade, para que deixar perder-se um amor tão verdadeiro, tão cativante e tão maravilhoso?
ResponderEliminarPara que sofrer novamente?
Então, é melhor que este amor seja preservado, bem guardado e bem amado de corpo, alma e coração.
É bom rete-lo para não mais perde-lo.
Muito lindo, e verdadeiro.
Um fraterno e afetuoso abraço, e um beijo.
ESSE É DE FATO UM PEDIDO SUPLICANTE DO CORAÇÃO...
ResponderEliminarAMEI ESSE TEXTO. MUITO BOM MESMO!
"Sabes que sem a tua quentura à minha beira deixo de ser eu, já nem sei quem sou. Sabes que é entre as paredes da nossa casa que consigo finalmente respirar? Lentamente, devagar."
PARABÉNS AMIGA E FIQUE COM DEUS!
Um texto muito bem escrito
ResponderEliminarque transborda ternuras
neste ciclo de marés
com portas abertas
janelas escancaradas
e os pássaros voarem
sem muros nem ameias
para se amarem
em pleno voo
Belíssimo texto, muitíssimo bem escrito que nos fala de amor e de devaneios, cada vez mais comuns e até aceitados como normais ...
ResponderEliminarGostei imenso.
Bom Domingo
Beijinho
Ná
Que texto tão sedutor!!!
ResponderEliminarBeijinhos, Olinda, um bom domingo!
Madalena
Gostei do texto, bem escrito.
ResponderEliminarUm boa semana.
Olinda
ResponderEliminarsenti saudades...
vem MAIS VEZES ...
EU ANDO POR AQUI,....
ESCREVENDO...
bEIJOSSSSSSSSSS
Minha Querida Olinda:
ResponderEliminarAdorei a história e gostei imenso da fotografia. Texto escrito com a alma e registo fotográfico captado com o coração. E esta simbiose da alma e do coração é perfeita.
Um grande abraço extensivo à tua Filhota.
Não podia deixar de dizer que gostei imenso do comnetário do Bartolomeu! Tão certeiro!
ResponderEliminarCerteiramente metafórico, é o que queres dizer, Histórias de Nós...
ResponderEliminar;-)
Afinal, a vida é e sempre foi, uma miragem... da outra margem.
;)))
Olinda, gostei muito desse conto. Os homens são todos iguais,não consegue resistir , por mais que ame sua mulher ou namorada.Linda essa foto, o céu está tão sereno. Lindo o momento. Beijos e ótima semana.
ResponderEliminarMeus amigos
ResponderEliminarAgradeço a vossa vinda aqui e os vossos comentários ao lindo texto que a autora do 'Histórias de Nós' teve a generosidade de escrever, a meu pedido, apenas com a indicação do título 'Perto de Casa'.
'Histórias de Nós', eu me que sinto honrada em tê-la aqui no Xaile.
Beijinhos
Olinda