Desdobra-se a mesa e a toalha alva
Como se o tempo fosse agora vivo e a memória
O gesto perturbado acariciando a pele macerada
Dos finados...
E nesta ausência se despenhasse
A cúpula emoldurada dos dias pregoeiros...
Respondem à chamada um a um em volta
Da azulada luz
Quais inesperados fulgores que medeiam o frio
E a chama e os clarões acesos como rasgões de alma
Em sintonias ancestrais outrora latejantes
Como arados galgando terra chã...
Vergo-me, perante os mortos. E ergo-me.
Que a hora é de bençãos. E de tecer liames.
Como se meu corpo fosse passagem
Ou ponte entre margens.
Ou inscrição. Ou barro amassado.
Ou casulo que guarda os ténues fios...
E minhas mãos fossem cadinho. Ou pedra de ara.
Ou exorcismo marcando os sinais. E meus olhos
Fossem guarida e lume.
E meu sangue fosse pasto:
Carne da minha carne
E grito da Humanidade...
***
O blog: Relógio de Pêndulo
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In: Do esplendor das coisas possíveis, Abril 2016
Pg.49
Um poema de acordo com a celebração da Páscoa!
ResponderEliminarAbraço
Boas Festas.
ResponderEliminarUm abraço.
Olá, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarQuem ama como o Filho de Deus nos amou é um rasgar da alma total.
Tenha uma véspera de Páscoa abençoada!
Beijinhos fraternos
Bom dia. Bonita publicação. Amei ver e ler. Deixo votos de uma santa e feliz Páscoa.
ResponderEliminarCumprimentos poéticos
Perfeita e apropriada escolha para a Celebração do tempo Pascal que atravessamos.
ResponderEliminarM Veiga, sempre!
Grato, Olinda.
Beijo,
SOL da Esteva
Lindíssima poesia,Olinda! Que a Páscoa seja alegre,abençoada e feliz! beijos, chica
ResponderEliminarNossa, que poema lindo esse!!
ResponderEliminarFeliz Páscoa, minha amiga!
Olá, amiga Olinda
ResponderEliminarPoema apropriado a esta ocasião pascal. Miguel Veiga é sem dúvida um grande poeta.
Ótima partilha, estimada amiga.
Deixo os votos de bom fim de semana, e FELIZ PÁSCOA!
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Olá, minha amiga Olinda,
ResponderEliminarO "relógio de pêndulo" da vida nunca para.
Que a Páscoa traga doces momentos de paz e alegria para ti e tua família.
Um grande abraço!!!
Bom dia Olinda,
ResponderEliminarTão belo, tão inspirador este Poema de Manuel Veiga.
Gostei imenso de o ler aqui.
Um grande beijinho e Feliz e Abençoada Páscoa extensiva a sua Família.
Emília
Querida Olinda,
ResponderEliminarA tua escrita é como um sopro de incenso em catedral antiga — solene, aromático, e com uma tendência a fazer-nos olhar para o teto à procura de revelações. O Papa apareceu, pregou o amor, e o mundo... bem, o mundo continua a gritar no trânsito, mas a gente tenta ouvir os ecos entre uma buzina e outra.
“Aleluias” cantadas entre ondas, folhas e pores do sol são quase suficientes para me fazer esquecer da última conta de luz. Quase. Mas olha, se a mão de Deus está mesmo em tudo isso, espero que Ele também saiba lidar com o Excel e faturas vencidas.
E quanto aos “rasgões da alma”... menina, que rasgo! Se a alma fosse jeans, a tua já era alta costura existencial — toda esfiapada de dor, mas chiquérrima na entrega. A única coisa mais profunda que esses versos é um buraco negro emocional em plena sexta-feira santa.
Continue, Olinda. O mundo precisa de mais poesia, mais mística... e, sinceramente, de mais gente que saiba conjugar verbo com transcendência. E se der, uma xícara de café forte pra acompanhar.
Com admiração e ligeira vertigem lírica,
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/
Olá, Dan André
EliminarEstá a brincar, não é?
As poucas frases que escrevi sobre o Papa Francisco, uma pequena homenagem, não chegam aos calcanhares da herança que ele nos deixou...
Quanto ao Poema "Rasgões da alma", deve ter reparado que pertence ao Poeta Manuel Veiga. Portanto os louros vão para ele. Se não for incómodo, clique no seu nome e irá ter ao blogue, "Relógio de Pêndulo".
De tudo o que escreveu, no que me diz respeito, o que apreciei mesmo foi a "xícara de café".
É que gosto muito de café.
Um abraço.
Olinda
Aliás, clique em "Relógio de Pêndulo", pf.
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