A loja está apinhada de gente, acotovelando-se quase. E eu ali com o bebé de um ano ao colo, aliás, enfiado num suporte no meu lado direito. De repente, tenho um baque, sinto-me estranha e desconfortavelmente leve desse lado. Já em pânico, verifico o que temia. Tinham-me tirado o menino. Olho à volta meio perdida e vejo que muitos dos rostos são conhecidos. O que estariam ali a fazer? Pergunto se viram quem me tinha levado o bebé e noto desinteresse e indiferença. Sinto que aquilo não tinha acontecido por acaso. E dá-me a impressão de alguém estar a dizer baixinho: eles vão tratá-lo bem. Saio a correr desorientada pela rua do Conde Redondo acima. E agora o que é que eu faço? O que é suposto fazer-se num caso destes? Ah, já sei, vou à Polícia. Começo por perguntar a um homem que vinha a descer a rua onde era a esquadra, pôs-se a esbracejar, afastando-se rapidamente. Encontro um rapaz e uma rapariga a quem faço a mesma pergunta, mas debalde. Encolhem os ombros pura e simplesmente. Seriam estrangeiros? Devo estar com ar tresloucado. Atravesso a rua e vou de roldão por ela abaixo. Não quero ligar para casa, não quero causar alarido nem preocupações, mas que remédio? Paro por instantes, abro a mala, está vazia, telemóvel e documentos, carteira, nada. Entro numa lojinha, vejo outra cara conhecida. E peço: por favor, deixe-me ligar do seu telemóvel, estou numa aflição. Num gesto moroso que dura uma eternidade, estende-me o aparelho. Ligo o número, nem um som sequer. Volto a ligar. O mesmo resultado. E digo-lhe: o telemóvel não dá, veja se pode ligar para este número. Com os mesmos vagares, ela pega num cabo, liga-o ao telemóvel e diz-me: é que convém não ficar registado...e pisca-me um olho cúmplice. Dos confins da terra oiço a voz da minha filha: Mãe, o pequeno-almoço é às nove. Abro os olhos, cansada, extenuada, esbaforida e ... vejo-a com o bebé ao colo. Uff!!!
Boa semana, meus amigos,
Abraços
Olinda
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Imagem - daqui
Bah...Terrível pesdadelo! Ainda bem que era só isso mesmo! Momentos terríveis e angustiantes nele! Lindo agosto com bons sonhos e vivências! chica
ResponderEliminarRealmente, um pesadelo horrível!
ResponderEliminarAbraço
Bom domingo, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarQue conto onírico maravilhoso!
Ufa! Pensei que fosse um caso a mais nas estatísticas.
Realmente, um sonho/pesadelo onde revela o medo de perder a quem se ama tanto e tanto.
Além de que nossos filhos são "bebês ao colo" para nós, mães.
Gostei muito da trama de uma história envolvendo tanto capricho e esmero no enredo e muito amor no coração das personagens.
Tenha um agosto abençoado!
Beijinhos com carinho e gratidão
Existem sonhos que são verdadeiros pesadelos. .
ResponderEliminar.
Um domingo feliz
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Sonhos...existe de tudo :)
ResponderEliminar.
Embriagado...pela solidão dos dias.
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Beijo e um excelente fim de semana.
Tenho pesadelos, por vezes...mas este assume-se um relato onírico tão bem escrito! Lindo e tão maternal este imaginário.
ResponderEliminarBeijinho
Eu estava aflita com esse pesadelo amiga Olinda
ResponderEliminarBeijinhos e um feliz agosto
Olá, Olinda,
ResponderEliminarli com atenção essa sua bela narrativa prendendo o fôlego até seu final.
Gostei muito, embora tenha me lembrado de alguns pesadelos que tive durante alguns anos da minha infância. É terrível!
Uma excelente semana com saúde e paz.
Um abraço, amiga.
É uma grande alegria acordar de um pesadelo. A realidade, afinal, é outra.
ResponderEliminarLi de um fôlego. É um texto bem engendrado. Eu nem preciso que me chamem, costumo acordar no auge da aflição.
Beijos e boa semana, querida amiga Olinda.
" O que é suposto fazer? ". Numa tamanha aflição como a que aqui decreves, creio que ficamos presas ao chão, sem capacidade sequer de mexer as pernas; aqui foi um terrivel pesadelo, mas, quantos casos reais não acontecem todos os dias? Fico a imaginar a dor desses pais que veem os filhinhos desaparecerem e, claro, na sua grande aflição , só devem pedir" espero que tratem bem o meu bebé " . Há crianças que misteriosamente desaparecem e nunca mais são encontradas e, quando sabemos que muitas delas são raptadas por pedófilos, o nosso coração aperta de incompreensão por tamanha maldade. Nunca entendi, não entendo e nunca conseguirei entender a brutalidade de certos adultos em relação às crianças, algumas ainda bebês. Costumo dizer, Olinda, que nem uma serpente, daquelas mais venenosas, cometeria tamanha violência, a não ser que fosse atacada. Ainda bem, querida Amiga, que não passou de um pesadelo, mas fizeste bem em partilhar este conto, para que, mais uma vez, nos lembremos do " martirio " por que passam tantas crianças. Um beijinho e os meus votos de que estejam todos bem de saúde.
ResponderEliminarEmilia
🥰 🌻 🌹
As vezes tenho alguns pesadelos, e quando acordo sinto um alivio tão grande.
ResponderEliminarAlguns especialistas explicam que o pesadelo também pode ajudar o cérebro a processar experiências intensas. Quando nos sentimos sobrecarregados, o cérebro cria histórias de terror que têm a ver com essa sensação. É também uma forma de o cérebro entender como lidar com situações desagradáveis.
Gostei muito do relato Olinda!
Desejo um ótimo mês de agosto pra ti!
Um beijo!
Tenho tido pesadelos terríveis e é uma experiência indesejável ...
ResponderEliminarBom resto de semana :)
Querida Olinda
ResponderEliminarUm conto extraordinariamente bem escrito, que se lê com o coração aos pulos.
Eu estava numa aflição, imaginando-me no lugar da heroína a quem haviam roubado o bebé.
Às vezes tenho pesadelos daqueles que fazem acordar com o coração a bater descompassadamente. Ultimamente acontece com a minha cadelinha - sonho que ma roubam e acordo numa aflição!...
Muito obrigada pelas tuas palavras na minha "CASA". Não esqueci nem nunca esquecerei todo o apoio que recebi das amigas e amigos, e que foi muito, e muito importante para me ajudar a ultrapassar aqueles momentos terríveis.
Bem hajas!
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Os pesadelos são sombras que encobrem os bons sonhos. O acordar é o alívio que tanto ansiamos no sonho.
ResponderEliminarAqui, bem reportas, em modo de Conto, uma situação de angústia e impotência.
Magnífico!
Parabéns, Olinda.
Beijo
SOL da Esteva