domingo, 17 de janeiro de 2021

Falo de ti às pedras das estradas




Falo de ti às pedras das estradas,
E ao sol que é louro como o teu olhar,
Falo ao rio, que desdobra a faiscar,
Vestidos de princesas e de fadas;

Falo às gaivotas de asas desdobradas,
Lembrando lenços brancos a acenar,
E aos mastros que apunhalam o luar
Na solidão das noites consteladas;

Digo os anseios, os sonhos, os desejos
Donde a tua alma, tonta de vitória,
Levanta ao céu a torre dos meus beijos!

E os meus gritos de amor, cruzando o espaço,
Sobre os brocados fúlgidos da glória,
São astros que me tombam do regaço!

Florbela Espanca, 

in 
"A Mensageira das Violetas"



Florbela Espanca (1894 -1930), batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d'Alma da Conceição Espanca, foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas 36 anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotizaçãofeminilidade e panteísmo. Há uma biblioteca com o seu nome em Matosinhos. mais aqui

Magnífica Florbela Espanca!
 Poetisa maior, incompreendida no seu tempo. Os seus versos são para ler e reler prestando-lhe o reconhecimento que bem merece.

E por cá, agui e agora, ontem e hoje dias de Sol radioso que convida a passeios à beira-mar, à beira-rio, pelos jardins, pelos parques, passear o cãozinho (mesmo não tendo arranja-se um à pressa), tudo sem máscara. Máscara para quê? Tem-se de respirar esse ar que parece dizer "respira-me", de apanhar essa aragem fresca no rosto, correr de cabelos ao vento... porque o vírus é para os outros. Só acontece ao vizinho, àqueles que estão longe, noutras cidades, noutros países.

E também hoje, a votação antecipada em mobilidade para a eleição do próximo Presidente da República. Poderia estar já em carteira a votação electrónica para todos, isso meus senhores é que seria de grande utilidade, mormente com a pandemia que grassa por todo o lado, então nos lares e ambientes fechados nem se fala. Temos um Ministério da Economia e Transição Digital, não sei se isso faz parte das suas competências mas soa-me bem a propósito, a mim que sou leiga na matéria.

Bom domingo.

Abraços.    



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Poema: citador aqui

24 comentários:

  1. Adoro as calçadas de Lisboa, sempre que vejo nos blogs. A poesia linda. E uma pena tantos desacreditam do vírus, não usam máscaras, se aglomeram...E ou que fazem tudo certo, precisam ficar confinados...Haja! beijos, linda semana,chica

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  2. Uma poetisa exemplar sem dúvida alguma
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .
    Um domingo feliz
    Abraço.

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  3. Boa tarde Olinda,
    Magnífico soneto de Florbela Espanca, assim como bela a imagem da Calçada Portuguesa.
    Hoje está na verdade um dia de autêntica primavera, mas todo o cuidado é pouco!
    Beijinhos e bom domingo.
    Ailime

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  4. Excelente trabalho e Poetisa!!
    --
    Penso, nos raios de luz que acolhem
    -
    Beijo, e um excelente Domingo. :)

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  5. Olá! vim fazer uma visitinha... adorei o seu blog. Venha conhecer o meu também: https://mundomagicodalisa.blogspot.com/
    Já estou seguindo você! um grande abraço e uma excelente tarde. Lisa.

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  6. Um belo poema da nossa grande Florbela Espanca cuja vida foi de grande sofrimento intimo; é compreensivel que os seus versos denotem a angústia que lhe ia na alma e que sentisse necessidade de falar com as pedras da calçada, com as gaivotas, pois a solidão em que vivia era imensa. Fui ler sobre ela e não lhe faltavam razões para não querer viver; a vida é ingrata e, a muitos não dá momentos em que apeteça sorrir ; não dá agora, não deu noutros tempos e não dará daqui para a fente. Sabemos disso e acredito que muitos façam a sua parte para mudar alguma coisa, mas a nossa pequenez impede que isso tenha os resultados desejados; era preciso uma união global em prol dos mais desfavorecidos, mas, como podemos desejar essa união se, bem perto de nós vemos pessoas completamente alheias ao grande problema actual? O que escreves neste teu post, Olinda, é exatamente o que vejo aqui onde vivo, gente preocupada em apanhar o ar gélido que se tem sentido, com certeza acreditando que o virus não gosta de frio e portanto não os atinge; perdi um amigo com o covid, pouco antes do Natal, como falei em vários blogues, mas, por incrivel que pareça, o Natal foi festejado, como habitual, na casa da cunhada com um grande número de pessoas e a mulher e os filhos foram a essa ceia. Não estou a criticar a ida deles, porque a vida continua e a tristeza deles era muito grande, mas, o certo é que essa familia não aprendeu nada com a morte desse familiar e o resultado dessa reunião não sei qual foi. Continuo a não entender como há pessoas incapazes de quebrar uma tradição, quando a saúde pública está em jogo. Toda a gente gosta da ceia de Natal, daquela magia, da familia toda reunida à mesma mesa, mas a saúde está em primeiro lugar e, neste caso, colocamos em risco a saúde dos outros. Não sei, Amiga, mas creio que este confinamento não vai dar os resultados esperados; o povo precisa de um policia ao pé de cada porta, impedindo assim que ponha o pé na rua. Olinda, obrigada pelo post que dá um "raspanete " aos irresponsáveis ( pena que não leiam...) e deixo-te um beijinho muito especial, com os votos de que continuem todos com SAÚDE
    🙏 🌻

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  7. Olinda, sou fã incondicional de Florbela Espanca. Aplaudo tudo que dela leio.
    Você fez considerações sobre uma realidade que nos assusta, mas que parece não mexer com outras pessoas, o que é inadmissível. Decisões políticas são incompreensíveis, por todo os lados. Grande abraço.

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  8. Um belíssimo soneto da grande Florbela Espanca.
    Abraço, saúde e boa semana

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  9. Gostei deste soneto da Florbela. Está, como sempre, dramático e intenso, mas bem conseguido, o que nem sempre acontece, pelo que, só são populares as suas melhores inspirações.

    Quanto a eleições, acho uma boa palhaçada...
    Boa semana. Beijinhos, querida Olinda.
    ~~~~~

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  10. Bom dia Olinda,
    Que maravilhosa partilha, sou fá dessa grande poetisa, a história de vida da mesma tem muito da minha , sobre filiação e etc...
    Aplausos para postagem.
    Bjs e boa semana Olinda querida.

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  11. Florbela Espanca sempre tão boa de ler, ela que esteve muito à frente do seu tempo e por isso foi incompreendida.
    Quanto à Covid, ainda não percebi o comportamento das pessoas. Sim o governo podia fazer mais e melhor. Mas as pessoas não têm cabeça para pensar, não sabem o que é viver em comunidade, não sabem o que é respeitar os outros? Ando indignada e muito apreensiva. Que a esperança não nos largue.
    Cuide-se bem, minha Amiga Olinda.
    Um grande beijo.

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  12. Um encontro com Florbela Espanca soa-me sempre bem. Motivou-me tanto!

    Vou votar sempre, mas o voto eletrónico já devia cá estar.

    Grande abraço, querida amiga Olinda.

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  13. Olinda,
    Adoro Florbela Espanca, uma incompreendida como bem sublinhou.
    Já no seu tempo éramos um país "pequeno" e assim continuamos, infelizmente, em todos os sentidos.
    E por sermos tão pequenos não compreendo como não se resolve os problemas, e como não actuamos com mais consciência, dada a atual situação do Covid.
    Digo eu, que também sou leiga !

    Um beijinho e boa semana principalmente com saúde!

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  14. Primeiro: a querida Florbela num soneto ímpar. Depois: a verdade que se presencia e nos destrói. Uma revolta íntima que me assola e desfaço com um sorriso, pois é a minha natureza...mas até quando?
    Penso em Unamuno e naquele livro (talvez injusto, como Unamuno também se tornou face ao Franco)...PORTUGAL, PAÍS DE SUICIDAS e generalizo para lá dos escritores e poetas.

    Beijo, querida Olinda.

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  15. Florbela Espanca, adoro tudo que vem dela, mesmo sabendo da tristeza imensa de sua poesia, mas é dela, autêntica, verdadeira. Umas das minhas poetas preferidas.
    Quanto à irresponsabilidade de muitos, não tenho mais o que dizer, parecem que não têm nenhum amor à vida e aos outros. É muita ignorância, nada entra em suas cabeças, aqui é igualzinho, dá é uma revolta enorme em ver como se comportam.
    Um beijinho, querida Olinda, uma boa semana, com paz e saúde.

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  16. Bom dia, querida amiga Olinda!
    Que linda postagem e homenagem!
    Um beijinho no seu coração!
    Megy Maia🌸🐰🌸

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  17. São Sebastião, livrai_me desta peste que se abateu sobre a humanidade. Livrai_me e livrai minha filha, minha família e toda a terra. Amém!

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  18. Bela homenagem à sempre eterna e atual Florbela. O drama da sua vida perpassa nos seus poemas, uma alma insatisfeita sempre a voar nas asas do sonho.
    Saudações poéticas.
    Juvenal Nunes

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  19. Os poemas da Florbela, nomeadamente os sonetos, são únicos e quase todos eles excelentes. Uma delícia para os sentidos dos leitores.
    Obrigado pela partilha.
    Continuação de boa semana, querida amiga Olinda.
    Beijo.

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  20. olá, Olinda. muitas das vezes em que penso em Portugal, mais especificamente na cultura portuguesa, penso em Florbela, em alguns dos sonetos escritos por ela, na história de vida que ela teve. espero que tenham sabedoria na hora de votar, e empatia, um abraço!

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  21. Olá, querida amiga Olinda!
    É o segundo poema da escritora que leio agora.
    Uma beleza expressar o sentir em poesias.
    Fajar às calçadas, às pedras, ao mar, às flores...faz muito bem, elas sim respondem sempre, não nos deixam sem entender...
    Muito linda escolha!
    Esteja bem, amiga!
    Beijinhos

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