2019 - um ano que nos trouxe mais uma vez o espectáculo público, mesmo que ocorrido nos lares, de mulheres maltratadas e mortas, numa sanha quase incompreensível. Não refiro aqui o número das que pereceram, porquanto uma que fosse já representaria uma tragédia.
Encontrei este poema de Edmundo Bettencourt, "Aparição".
Que nos sirva de algum refrigério essas palavras, mas com a consciência de que a mulher é um ser humano com as suas qualidades e defeitos e não há que divinizá-la mas tão-só olhar para ela e reconhecer-lhe o lugar a que tem direito. E à Mulher compete reivindicar esse lugar para si, sem perder as suas próprias características.
Aparição
A mulher que por mim passou na rua, há pouco,
foi uma coisa diáfana, gentil,
cedo, a pairar
na sombra dum jardim
com flores, em baixo, ajoelhadas,
ao senti-la na altura,
e mandando-lhe o aroma em lágrimas, desfeito,
para mantê-la em uma nuvem branca...
Mulher, coisa diáfana, vaga e bela, sem desenho,
logo fluido animando o colo duma nuvem, nuvem,
num ápice, trucidada pelo vento!
foi uma coisa diáfana, gentil,
cedo, a pairar
na sombra dum jardim
com flores, em baixo, ajoelhadas,
ao senti-la na altura,
e mandando-lhe o aroma em lágrimas, desfeito,
para mantê-la em uma nuvem branca...
Mulher, coisa diáfana, vaga e bela, sem desenho,
logo fluido animando o colo duma nuvem, nuvem,
num ápice, trucidada pelo vento!
Edmundo Bettencourt (Funchal, 1899 — Lisboa, 1973) foi um cantor e poeta Português notavelmente conhecido por interpretar a Canção de Coimbra e pelo seu papel determinante na introdução de temas populares neste género musical. Notabilizou-se pela composição musical "Saudades de Coimbra" a qual é ainda hoje uma referência da música portuguesa universitária ...daqui
Desejo-vos, meus amigos, uma boa passagem de ano e que 2020 nos traga mais tolerância e compreensão em relação aos nossos semelhantes.
Abraços.
BOAS FESTAS
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Poema: Citador
Um poema muito bonito que desconhecia. Se olhar para trás no tempo apenas 2009 terá sido tão sofrido quanto este 2019. Não por violência doméstica mas por sucessivas doenças e mortes na família e amigos.
ResponderEliminarQue este 2020 seja melhor para nós e toda a humanidade. Apesar de me lembrar que a minha avó costumava dizer que "em ano bissexto nem trigo na eira nem fruta no cesto"
E não vejo fim à vista nesta matança de inocentes!
ResponderEliminarAgradeço e retribuo as Boas Festas!
Abraço
Obrigada e Bom Ano Novo!
ResponderEliminarum abraço
Gábi
Um poema precioso que mostra uma ferida da humanidade.
ResponderEliminarÉ sempre de seda o teu toque. Maviosa a voz de Sara Tavares.
Um beijo e um ano de tolerância e fraternidade.
Felicidades, querida Olinda.
Contrariando o recesso...
ResponderEliminarO poema é belíssimo... gosto de ouvir a Sara Tavares...
Tudo pelo melhor, querida Amiga.
O meu terno abraço festivo.
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Um belíssimo achado Olinda e que possamos conhecer este mundo mais tolerante.
ResponderEliminarUma partilha de grande generosidade, para reflexão sobre a questão mulher e a sociedade diante o quadro violência.
Um feliz 2020 onde seja possível olhar o outro como irmão.
Carinhoso abraço de paz e luz.
um belo poema na linha da melhor tradição da poesia "trovadoresca" portuguesa (como o Fado de Coimbra), em que a Mulher ocupa lugar superlativo
ResponderEliminara violência e a discriminação sobre as mulheres constitui assim um retrocesso civilizacional que urge erradicar da sociedade portuguesa...
Salvé, Regina!
gostei muito, Olinda
abraço
Se há situações que me revoltam são os crimes contra mulheres e crianças efetuados por monstros que se acham seres superiores, só desejo que sintam na pele o dobro do sofrimento pelo qual fizeram passar seres inocentes e inofencivos.
ResponderEliminarFeliz 2020!!
E O PAPA DEU UMA PALMADA NA MULHER!!
ResponderEliminarHÁ CADA COISA!!
TUDO DE BOM.
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Boa noite de 2020, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarLindo o som, amiga!
Tenha dias felizes e abençoados!
Se tivermos tolerância uns com os outros, tudo fluirá.
Sejamos suporte e levemos alegria aos demais.
Bjm carinhoso, fraterno e festivo
Querida Olinda
ResponderEliminarTens razão, uma só morte (devido a violência doméstica) já seria demais.
Infelizmente, neste ano que passou, os números foram assustadores.
O poema é muito bonito, sem dúvida, cheio de lirismo e... a fazer-nos desejar que fosse real. Não conhecia, embora o autor não me seja totalmente desconhecido. Ainda há poucos dias me passou debaixo dos olhos...
Gosto, e sempre gostei, da Sara Tavares, dona de uma voz muito boa, com uma enorme doçura. E sabe cantar!... E esta canção é linda! Boa escolha.
Minha querida, espero que a tua passagem de ano tenho decorrido em Paz e com muito Amor rodeando-te, e que o Ano que agora se inicia SEJA REPLETO de boas realizações e o máximo de Felicidade
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Gosto da poesia de Edmundo Bettencourt e gostei especialmente deste poema pela temática. Parece impossível que nos tempos que correm haja violência doméstica desta forma vergonhosa e ignóbil… ~E sempre um gosto ouvir a Sara Tavares.
ResponderEliminarQue tenhas um ano a teu gosto, minha Amiga Olinda.
Um beijo.
Buona serata.
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