terça-feira, 16 de julho de 2019

Tateio





Tateio. A fronte. O braço. O ombro.
O fundo sortilégio da omoplata.
Matéria-menina a tua fronte e eu
Madurez, ausência nos teus claros
Guardados.

Ai, ai de mim. Enquanto caminhas
Em lúcida altivez, eu já sou o passado.
Esta fronte que é minha, prodigiosa
De núpcias e caminho
É tão diversa da tua fronte descuidada.

Tateio. E a um só tempo vivo
E vou morrendo. Entre terra e água
Meu existir anfíbio. Passeia
Sobre mim, amor, e colhe o que me resta:
Noturno girassol. Rama secreta.

Hilda Hilst



Hilda de Almeida Prado Hilst, mais conhecida como Hilda Hilst, (Jaú, 21 de abril de 1930 — Campinas, 4 de fevereiro de 2004) foi uma poeta, ficcionista, cronista e dramaturga brasileira. É considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX.



Veja Hilda Hilst- aqui e aqui no "Xaile"


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Poema - daqui
Imagem - daqui
Hilda Hilst, aos 29 anos, pelo fotógrafo português Fernando Lemos em 1959 Foto: Fernando Lemos / Divulgação

2 comentários:

  1. Poesia linda e gosto muito de Hilda Hist. beijos, chica

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  2. muito belo esse "existir anfíbio".
    e esse tatear tão pródigo e sensorial ...

    admirável poema e uma grande Poeta

    abraço

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