QUANDO EU FOR PEQUENO
Quando eu for pequeno, mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono.
Quando eu for pequeno, mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono.
Quando eu for pequeno, mãe,
os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.
Quando eu for pequeno, mãe,
nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos
que ela só vem quando a chamamos
e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.
Quando eu for pequeno, mãe,
trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros,
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar
enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas,
anunciando que vai voltar porque eu sou
[pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.
in "O
Livro Branco da Melancolia"
Poema retirado de 'O Citador'
Imagem: Tela de Manuela Batista, a partir de foto publicada aqui
Blogue: Histórias com mar ao fundo
Imagem: Tela de Manuela Batista, a partir de foto publicada aqui
Blogue: Histórias com mar ao fundo
Olinda
ResponderEliminargrata pelo seu comentário no meu blogue
claro que pode usar a imagem a que se refere, peço apenas que identifique a autoria da pintura e da foto que penso ser do blogue "diários de lisboa", pois para desenhar a mãe e o filho foi com autorização do autor
um abraço
A imaginação, torna-se mágica, quando necessitamos rememorar a infância tão distante e os momentos prazerosos...Tudo aí, nessa magnifica poesia de José Jorge Letria (que, antes, eu não conhecia...). Obrigada, por me apresentar a ele, querida amiga Olinda.
ResponderEliminarTenha um ótimo final de semana.
Beijos,
da Lúcia
Como gostaria de ser pequeno (de novo) e partilhar o magnífico diálogo Poético do JJ Letria!...
ResponderEliminarOs sentidos rebuscam-se, em si mesmos, na esperança (vã) de reencontrar a Mãe que já partiu e afastar a morte que a levou.
Magnífico.
Beijos
SOL
Engraçado, gosto dos escritos de José Jorge Letria( casado com uma amiga minha de Liceu), mas não de o ouvir cantar...
ResponderEliminarQuerida Olinda, um bom final de semana, rrss
ficou bonito, Olinda!
ResponderEliminarAdorei este poema,Olinda! Muito obrigada! Vim especialmente para te desejar também um feliz dia das mães. Também nunca entendi a mudança para o1º domingo de maio; no Brasil é no 2º e também não entendo a data. Poderia ser no dia da Srª Aparecida, a padroeira do Brasil, mas não é. Coisas do consumismo com certeza. Mas não importa, o que interessa é que seja mais um dia para lembrarmos a importância da Mãe na família Tenho a minha mãe no Brasil e no 2º Domingo falarei com ela pelo telefone. Melhor que nada e graças a Deus que ainda a tenho cá. Parabéns, Olinda ! Um beijinho e desejo que tenhas um dia feliz junto dos que mais amas.
ResponderEliminarEmília
Minha querida Olinda
ResponderEliminarQue maravilhoso poema! Não conhecia... e adorei!
A tela da nossa Manela também é muito bonita.
Resumindo... uma postagem digna do dia que hoje se comemora.
Um muito feliz Dia da Mãe, minha querida.
Beijos com carinho
Um Poema lindíssimo ! Adorei !
ResponderEliminarFeliz Dia da Mãe!
Que bonito!!!
ResponderEliminarEra bom que o dia da mãe se comemorasse sempre, até à velhice, cuidando delas como cuidaram de nós em pequenos.
Beijinhos, bom domingo!
Oi Olinda!
ResponderEliminarQue poema maravilhoso, eu ainda não conhecia.
A imagem esta divina também.
Bonita homenagem as mês.
Desejo um Feliz e abençoado Dia das Mães.
Beijos e ótimo domingo, ótimo dias!
Dificilmente se lê este poema sem que paire um véu de lenta nostalgia.
ResponderEliminarUma escolha belíssima, Olinda.
Feliz dia das Mães
Bjis
Com muito carinho mesmo atrasada
ResponderEliminarvenho te deixar um abraço pelo dia das mães.
Uma abençoada semana beijos meus.
Evanir.
MÃE...palavra tão curta
ResponderEliminarmas apenas no escrever!
MÃE...palavra que exulta
o sentido de viver!
Já partiste minha MÃE!
Estejas onde estiveres
Sabes que os teus saberes
Deixaste-os comigo...MÃE
(^‿^) ❀❀ ✿ ❁
ResponderEliminarMERCI pour cette très jolie publication chère Olinda !
Je suis toujours ravie de venir visiter ton blog !
GROSSES BISES d'Asie jusqu'à toi et bonne journée !
Olá amiga Olinda!
ResponderEliminarJ.J. Letria é um grande senhor da literatura portuguesa que não dá muito nas vistas. Um bela escolha esta. O poema leva-me para a minha infância...e para o colo de minha mãe.
Um afectuoso abraço e obrigada pelas visitas aos meus humildes blogs.
Maravilhoso texto. Eu também ouvia a voz de minha mãe quando era pequena...
ResponderEliminarQue saúde. Fiquei muito comovida.
Bj. amiga.
Irene Alves
Excelente poema....
ResponderEliminarCumprimentos
Um poema de inegável beleza. Por vezes alguns poetas andam arredados...que bom o Xaile envolver-nos neles!
ResponderEliminarBeijinho, querida Olinda.
Um belíssimo poema de alguém que eu considero como um dos grandes poetas da actualidade.
ResponderEliminarPena que não tenha neste país o devido destaque.
Um abraço
Muito belo o trabalho que ilustra sua postagem. Os versos, grandiosos. Seremos sempre pequenos aos olhos das mães, cuja ausência é irreparável. Bjs.
ResponderEliminarBelo texto.
ResponderEliminarE uma vontade de ser pequeno de novo.
Luanda.
dosamoresmeus.blogspot.com