Vós, crédulos mortais, alucinados
De sonhos, de quimeras, de aparências,
Colheis por uso erradas consequências
Dos acontecimentos desastrados.
De sonhos, de quimeras, de aparências,
Colheis por uso erradas consequências
Dos acontecimentos desastrados.
Se à perdição correis precipitados
Por cegas, por fogosas impaciências,
Indo a cair, gritais que são violências
De inexoráveis céus, de negros fados.
Por cegas, por fogosas impaciências,
Indo a cair, gritais que são violências
De inexoráveis céus, de negros fados.
Se um celeste poder, tirano e duro,
Às vezes extorquisse as liberdades,
Que prestava, oh Razão, teu lume puro?
Às vezes extorquisse as liberdades,
Que prestava, oh Razão, teu lume puro?
Não forçam corações as divindades:
Fado amigo não há, nem fado escuro;
Fados são as paixões, são as vontades.
Fado amigo não há, nem fado escuro;
Fados são as paixões, são as vontades.
(1765-1805)
Poema e imagem:
Banco de Poesia Fernando Pessoa
Como está certo, o nosso Bocage! Culpamos " Deus e o mundo " por cada contratempo que nos aparece e não olhamos para as nossas acções que nem sempre são as mais sensatas. " por cegas, por fogosas impaciências" corremos precipitados, " alucinados de^sonhos, de quimeras. de aparências " e ainda falsas urgências, atropelando valores éticos sem o mínimo respeito pelos outros. Não há fado...não há destino, há sim vontades e nem sempre a elas atribuimos as consequências.. Muito bom, Olinda! Não conhecia e por isso muito obrigada pela partilha. Um beijinho
ResponderEliminarEmília
Querida Olinda
ResponderEliminarAqui está (mais) um poeta que "me enche as medidas"!
Não tinha papas na língua, dizia o que pensava... e isso trouxe-lhe não poucos dissabores.
Não há como não concordar com o Poeta - somos nós os responsáveis por nossos actos, tantas vezes impensados, e o remédio é arcar com as consequências.
Muito obrigada pela tua presença na minha «CASA», o que é sempre, para mim, motivo de prazer.
Bom fim de semana.
Beijinhos
É mais fácil culpar os céus por nossas desventuras, que assumir a responsabilidade por nossas próprias opções e atos. Um grande soneto de Bocage. Bjs.
ResponderEliminar✿•̃‿•̃✿
ResponderEliminarHello chère Olinda ❤ !!!
Je te remercie pour ce beau poème ! J'aime beaucoup cette nouvelle publication.
Bisous d'Asie vers le Portugal !
Querida amiga
ResponderEliminarAs palavras
inundadas de verdades,
tem o dom
de sobreviverem
ao tempo.
Que o amor nos vista a vida.
Olá Olinda,
ResponderEliminar...e tão atual este soneto, de um Homem corrosivo e grande sonetista. Não é fácil dominar as palavras nos sonetos com tal fluência, por isso este, não morre...
Beijinho grande, bom domingo!
Bela memória
ResponderEliminarBj
Eterno...
ResponderEliminarBeijo Lisette.
Começo por agradecer a visita pronta ao meu blog, cara amiga!
ResponderEliminarO poeta setubalense era genial e ainda hoje se lê com prazer. Um abraço.
.
Excelente escolha.
ResponderEliminarBoa semana
Beijinhos
Maria
Muita razão tinha Bocage, mas o ser humano procura sempre desculpas para o que lhe corre mal!
ResponderEliminarBeijinhos, uma semana maravilhosa para si!