Já devem ter reparado que este tema, mundo, está a tornar-se demasiado recorrente neste espaço.Tenham paciência, por mais umas linhas. O pior é que desta vez é crise e mundo, mundo e crise. Isto não ajuda nada. Mas lá para o fim apresento propostas irrecusáveis ... plus ou moins.
Achei interessantíssimo o desabafo deste poeta, desabafo que poderíamos subscrever na íntegra e acrescentar-lhe ainda mais alguns pormenores. Como o próprio refere, não se lembra se é uma receita para salvar o mundo ou apenas ser feliz, mas que não apresenta grandes resultados. Valerá como exercício, digo eu.
Achei interessantíssimo o desabafo deste poeta, desabafo que poderíamos subscrever na íntegra e acrescentar-lhe ainda mais alguns pormenores. Como o próprio refere, não se lembra se é uma receita para salvar o mundo ou apenas ser feliz, mas que não apresenta grandes resultados. Valerá como exercício, digo eu.
Queixas de um utente
Pago os meus impostos, separo o lixo,
já não vejo televisão
há cinco meses, todos os dias
rezo pelo menos duas horas
com um livro nos joelhos,
nunca falho uma visita à minha família,
utilizo sempre os transportes
públicos, raramente me esqueço
de deixar água fresca no prato
do gato, tento ser correto
com os meus vizinhos e não cuspo
na sombra dos outros.
Pago os meus impostos, separo o lixo,
já não vejo televisão
há cinco meses, todos os dias
rezo pelo menos duas horas
com um livro nos joelhos,
nunca falho uma visita à minha família,
utilizo sempre os transportes
públicos, raramente me esqueço
de deixar água fresca no prato
do gato, tento ser correto
com os meus vizinhos e não cuspo
na sombra dos outros.
Já não me lembro se o médico
Me disse ser esta receita a indicada
Para salvar o mundo ou apenas
Ser feliz. Seja como for,
Não estou a ver resultado nenhum.
Crítica social mordaz e oportuna, o poema faz-nos sorrir e se, por um lado, encontramos pontos coincidentes com o dia-a-dia de muita gente, por outro, convida-nos a pensar em milhentas de coisas que poderíamos fazer para alegrar os nossos dias. Poderemos elaborar uma extensa lista delas. Acredito que ainda temos escapatória. O conceito de felicidade é bastante relativo. Ela poderá estar em pormenores que, à primeira vista, parecerão insignificantes para alguns de nós, mas de grande relevância para tantos outros.
Sem grande esforço encontrei uma lista com tudo ou quase tudo, tesourinhos que nos levarão a acreditar que a vida merece ser vivida, sorvendo todos os momentos. Claro que teremos de adaptar o que é adaptável, retirando umas coisitas ou acrescentando outras, conforme a maneira de ser de cada um, e desejando com veemência algumas outras, como o aumento do salário e o dia de pagamento, passe o materialismo. Aqui vão algumas destas propostas:
As coisas boas da vida são simples
Sapatos velhos, de couro;
Comida de mãe;
Abraço de filho;
Aumento de salário;
Colo de avó;
Calcinha velha;
Sutiens novos;
........
Caminhar à noite;
Virar para o canto na hora de acordar;
Travesseiro cheiroso;
Havaianas, as legítimas;
Cobertor do tempo de criança;
Comida de mãe;
Abraço de filho;
Aumento de salário;
Colo de avó;
Calcinha velha;
Sutiens novos;
........
Caminhar à noite;
Virar para o canto na hora de acordar;
Travesseiro cheiroso;
Havaianas, as legítimas;
Cobertor do tempo de criança;
O primeiro beijo;
Café com rosca;
Pão com mortadela;
Coca-cola, de garrafinha;
Calça jeans nº 38
Jô Soares;
Namoro novo;
Amigo de infância;
Saudade boa;
Noite de sono;
Penúltimo capítulo de novela das 8h;
Casa limpa;
Noite de sono bem perdida;
Banheiro grande;
Café da manhã em
hotel;
Sol no inverno;
…….
Espelho camarada;
Colcha de retalhos;
Roupa preta;
Cabelo escovado;
Namorado romântico;
Enxoval de bebê;
Sexo com amor;
Segundo encontro;
Telefonema no dia seguinte;
Fazer amor de manhãzinha;
Carne de porco;
Paquerar um amigo;
Dia de pagamento;
Promoção daquela marca cara de sapatos;
Amizade nova;
Viagem para a praia;
Acordar para trabalhar e se lembrar que é domingo;
Anel de compromisso;
……..
Bronzeado Gabriela Cravo e Canela;
…….
Perder aqueles 2 quilinhos!
Depois de terminado este post, li por acaso, uma entrevista de Mia Couto, na revista Visão da última semana, e retive estas suas palavras:
Das várias vezes que tenho vindo a Portugal sempre me falam da crise..Mas agora as pessoas incorporaram esse sentimento - como se a crise fosse uma casa e já estivessem a morar nela, o que me perturbou.
Tratemos, pois, de sacudir esta coisa antes que ela se transforme numa segunda pele...
Queixas de um utente, de:José Miguel Silva;
Excerto de:As coisas boas da vida são simples: Fabiane Ponce, em O Pensador.
Imagens da internet. Serão retiradas se implicarem direitos de autor ou de imagem.
Grande post Olinda, grande post. Que lista extraordinária de tão simples, tão verdadeira, tão completa.
ResponderEliminarE que palavras e poema e imagens tão bem escolhidos. Está de parabéns por tudo e, sobretudo, pelo tema. A observação do Mia Couto dá que pensar. somos mesmo assim, uns fatalistas, uns deprimidos. Por isso concordo consigo: vamos mas é despir isso e vestir uma pele mais alegre, mais animada e... mais lutadora.
Um beijinho, Olinda!
EliminarQuerida UJM
Muito obrigada por estas palavras tão carinhosas.
Eu também achei as sugestões da lista de grande inspiração. Faz-nos tomar consciência de que é preciso valorizar aquilo que temos e que muito do que recebemos da vida não custa nada. Bastará saboreá-la e viver com mais alegria, com mais sorrisos,com mais afecto pelos nos rodeiam.
Beijos
Olinda
Eu acho que nós, portugueses, somos um bocadinho tristes, ou nostálgicos, o que ajuda a incorporar essa tal crise. Que existe, claro! Mas não nos impedes de ser felizes, poerque a felicidade está nas pequenas coisas do dia a dia.
ResponderEliminarObrigada por este post. Também já me apetece falar de coisas positivas.
Bjs
EliminarOlá, Teresa
Sim, a crise existe. O pior é que já não nos deixa pensar em mais nada e deixamos passar, sem o devido apreço, momentos que poderiam ser de felicidade, e que está, como bem diz, nas pequenas coisas do dia a dia.
Obrigada.
Beijo
Olinda
Excelente post....
ResponderEliminarCumprimentos
EliminarObrigada, Fernando.
Uma boa semana.
Abraço
Olinda
Olinda um poema, um clamor... mas seja lá como for, como tem aquele ditado depende dos olhos que vêem ou do ponto de vista a ser observado. Concordo com vc. Sua lista é bem interessante, acrescento-a em muiiitos ítens. Pode crer. E a Mia Couto muito feliz e sábia no comentário feito. Ela tem toda a razão. Concordo de todo coração!!
ResponderEliminarBeijos querida e boa noite!!
EliminarÉ verdade, cada um valoriza as coisas à sua maneira, entrando em linha de conta, a maneira de ser, as vivências, e tudo o que nos rodeia. Então, é a partir deste nosso mundo tão particular que destacaremos as ocasiões que fazem parte do nosso quotidiano e que nos parecem fortuitas, sem importância, porque já entraram na rotina e que, no entanto, nos preenchem, se olharmos para elas de uma forma diferente.
Beijinhos.
Olinda
Minha amiga, de fato as pequenas coisas são fundamentais para que nossa vida agitada e estressante tenham um sentido que valha a pena.
ResponderEliminarCrise aqui, crise aí, crise acolá! Crise, crise, crise!
Ela existe, mas muitas vezes passa a impressão de que estamos numa sociedade hipocondríaca...
Muito oportuno teu post e bom para que reflitamos naquelas coisas citadas acima.
Beijos.
ResponderEliminar
EliminarCaro Antônio
É mesmo.Crise, crise, em todo o lado, aliás, ouvem-se as notícias e isto é a nível mundial. A pessoa sente-se realmente doente no meio de tanto pessimismo. E há que espairecer. Cantemos, dancemos, façamos do nosso quintal ou varanda um lugar de festa.
Grande abraço.
Olinda
Muito bom, querida Olinda.
ResponderEliminarAcabei há minutos de ler a entrevista de Mia Couto. Essa frase, ficou a trabalhar na minha cabeça. Certíssima. É assim que estamos.
Magoados e ofendidos, por um bando de cretinos, que até a vontade de viver nos tiram.
Beijinho
Maria
PS Fez-me bem, este poste. Obrigada.
EliminarQuerida Maria
Acertou em cheio, minha amiga, magoados e ofendidos, fazendo dos nossos dias, dias sem graça e de tristeza. Por isso mesmo é que temos de dar a volta antes que esta 'crise' resolva morar em nós, parafraseando o grande Mia Couto.
Muito obrigada pelas suas palavras.~
Beijinho
Olinda
Minha amiga excelente post. A crise existe sim e há que ponderar os gastos, mas podemos ser felizes tantas vezes com tão pouco, basta apenas querer.
ResponderEliminarBeijinhos
Maria
EliminarOlá, Maria
É importante uma gestão cuidada dos nossos recursos, não há dúvida. Só assim poderemos dormir tranquilamente e aproveitar o que podemos usufruir sem gastos. E, feitas as contas, ainda sobram muitas opções interessantes.
Beijinhos
Olinda
Não podemos salvar o mundo, Olinda, mas podemos começar por cuidar da nossa saúde mental e assim contribuirmos para que os outros também façam o mesmo. É que se ficarmos presos à ideia da tal da crise ficamos doentes da cabeça e afundamos levando o mundo para o abismo também. Tentemos ser optimistas, pois o mundo ainda tem muita coisa boa e está na hora de começarmos a olhar para esse lado bom. Aos poucos estou voltando, amiga, embora ainda tenha as minhas visitas cá até ao dia 11. Obrigada por teres aparecido sempre ao começar de Novo e também por este momento tão interessante. Beijinhos e até breve
ResponderEliminarEmília
Emília
EliminarQuerida Emília
A nossa saúde é realmente fundamental. Sem ela nada feito, porque mesmo tendo tudo ao nível material, acabamos por não poder apreciar nada.Com a nossa cabeça a funcionar em pleno, há um mundo imenso a descobrir, há esse lado bom de que falas e que está ao alcance da nossa mão, se nos dispusermos a isso.
Então, essas férias têm sido boas, não é? Boas e cansativas, deduzo.Desejo a sua continuação, na companhia dos pais e amigos brasileiros.
Beijinhos.
Olinda
Dediquei uns dias a passear por varios locais do norte do país, com maior incidência na zona do Parque Natural do Alvão. Visitei diversas aldeias serranas, almocei e jantei em restaurantes nessas aldeias, dormi em hoteis regionais e verifiquei que a alegria de receber, a hospitalidade genuína dquelas gentes, se mantém viva, apesar das crises.
ResponderEliminarConfirmei com imensa satisfação que por ali, a vida das pessoas não sofreu grandes alterações. Caonversei com variadíssimas pessoas e verifiquei que, aqueles que trabalhavam em fábricas, armazéns, ou outras empresas que faliram e por consequência os deixaram sem emprego, voltaram ao trabalho no campo, à agricultura, à pastorícia, garantindo assim, a subsistência.
Regresso hoje, sentindo algum conforto na alma e a certeza da suspeita que levava antes de sair; a solução para a crise que vivemos, passa pelo regresso às origens e pela retoma do prazer dos trabalhos genuinos, directamente ligados com a natureza.
Na maioria das casas porque passei, cortava-se, rachava-se e arrumava-se a lenha que será a fonte de calor que ajudará a enfrentar com mais conforto, o frio inverno que se aproxima.
Depois, pode ser que os longos dias passados ao lume, durante o Inverno, sirvam para que se reflicta sobre a necessidade de congregar esforços, vontades e saberes, dando lugar a que a Primavera, traga a todos o renascimento, a explusão de vida nova e com ela a esperança de dias menos instáveis.
Olá, Bartolomeu
EliminarExcelente mensagem e eu comungo desse optimismo na medida em que com o abandono do campo e dos trabalhos agrícolas a vida perdeu qualidade, para muita gente. E todos nós perdemos por tabela.
É certo que a vinda para a cidade,ou para locais onde se encontrem fábricas, um quase êxodo, prefigura uma vida em que as pessoas poderão ou poderiam beneficiar das facilidades do progresso. Mas sabemos que nem sempre é assim.As pessoas vivem cheias de saudade da sua terra e, mesmo que ganhem um pouco mais, nem sempre é o suficiente para poderem residir numa boa casa e levarem uma vida folgada.
Creio que já falámos uma vez, salvo erro, no teu blogue, sobre se a agricultura seria uma das soluções a ponderar. Focámos o facto de, na altura das facilidades, a União Europeia chegar a definir quotas de produção e, nesta linha, conceder subsídios para que não se produzisse.
O regresso à agricultura teria de ser planeado e visto com olhos de ver, para que desse resultado, e para que não continuássemosmos a ter que importar tantos bens alimentares, inclusivamente, pequenas coisas como salsa(?). Ouvi dizer isto, mas nem dei crédito. Mas, quem sabe?
Uma outra saída seria o mar. Acho que também focámos isso na altura. Uma outra área prejudicada por más políticas, em nome de quotas e não sei que mais. Com uma costa atlântica tão extensa como a que temos e as muitas milhas de mar territorial a que temos direito (12 ou 24?), era caso para irmos, em massa, pescar nem que fosse à linha.
Penso que estes dois aspectos deveriam ser repensados. Poderíamos não ver logo os nossos problemas económicos resolvidos, mas seria já um bom começo.
Abraço.
Olinda
Minha querida
ResponderEliminarE quando é que não estivemos em crise...ela existe e quem sai sempre benificiado são os poderosos, não podemos perder a esperança de tempos melhores...Um post muito verdadeiro.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
EliminarOlá, Sonhadora
Já isso me tem passado pela ideia. Lembro-me por exemplo da crise de 1383-85 que povoa o nosso imaginário e tantas outras crises. Assim de repente lembro-me das invasões napoleónicas, da ida (ou fuga?) da família real para o Brasil, das lutas liberais, da implantação da República.Que tempos aqueles! Ninguém se entendia, caíam governos atrás de governos. Depois o estado novo, o 25 de Abril...
Tempos de crise, de mudança. O certo é que as circunstâncias foram ultrapassadas e ainda cá estamos à beira-mar plantados. E isto quererá dizer que estamos a atravessar um tempo de transição e que depois da tempestade virá a bonança.
:)
Beijinhos
Olinda
Uma das grandes bênções da vida
ResponderEliminaré a experiência que os anos vividos nos concebem.
Aniversariar é uma amostra das oportunidades que temos de aprender a contar os nossos dias.
mais uma janela e abre diante dos meus olhos,
mais um espinho foi retirado da flor,
restando somente a beleza de tão bela data.
Com fé, na esperança e no empenho por ser melhor a cada dia.
Seguindo pelos caminhos da verdade e do amor.
Um dia encontrarei o mais belo jardim, o jardim que representará a realização
dos meus maiores sonhos.
Com saudades .
desejo um feliz final de semana
venha curtir meu aniversário.
Beijos na sua Alma,Evanir.
EliminarQuerida Evanir
Muitos parabéns pelo seu aniversário. É gratificante ver como encara a vida com amor, de coração aberto, cultivando amizades e procurando conservá-las. E tenho a certeza de que encontrará esse jardim cheio de sonhos, que tanto almeja.
Não pude ir aí aquando do seu convite, mas irei fazer-lhe uma visita com todo o prazer.
Beijos
Olinda
O Mia Couto, como sempre é de uma sensibilidade ímpar, não à toa, figura entre os meus autores preferidos (e eu tive o privilégio de ter uns 15min de prosa com ele, no Porto, em um dos seus lançamentos). Essa conformidade, e resignação é perigosa em qualquer situação.
ResponderEliminarE é impossível não rir, ante a sua lista das boas coisas da vida, porque é de uma simplicidade e de uma fartura, e nós algumas vezes nos pegamos desejando o impossível.
Beijos, querida!
;)
EliminarMinha querida
Então, podes falar com conhecimento de causa da sua personalidade e dessa sensibilidade que o faz encarar a vida desta forma tão sábia.
Conformarmo-nos não é o caminho mais indicado, nem o mais seguro se quisermos realmente ultrapassar as dificuldades.
Diz a autora da lista que 'as coisas boas da vida são simples' e, não há dúvida, por vezes pomo-nos à procura do impossível, como bem dizes, relegando para segundo plano tantas oportunidades que estão ao alcance da nossa mão.
:)
Beijos, Cantinho.
Olinda