O poema que hoje aqui trago, A origem do mundo, não poderia vir mais a propósito para o tema mundo, aqui em vigor por estes dias e, não há dúvida, Nuno Júdice sabe destas coisas. O nascer do dia, a alvorada e a estrela d' alva a anunciarem um novo dia, o cheirinho de ervas molhadas pelo orvalho, a terra macia a convidar-nos acordar para a vida, tornando-se as nossas raízes mais resistentes às intempéries que, porventura, nos balancem.
Tomemos uma chávena de café na companhia do poeta e apreciemos todo o manancial de luz que as suas palavras nos transmite:
Tomemos uma chávena de café na companhia do poeta e apreciemos todo o manancial de luz que as suas palavras nos transmite:
A origem do mundo
De manhã, apanho as ervas do quintal. A terra,
ainda fresca, sai com as raízes; e mistura-se com
a névoa da madrugada. O mundo, então,
fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raízes sobem
numa direcção invisível. De dentro
de casa, porém, um cheiro a café chama
por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez,
para que as raízes cresçam por dentro da
terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.
Nuno Júdice, in Meditação sobre Ruínas
Poema de Nuno Júdice retirado do Citador
Imagem da chávena de café retirada da Internet
Foto janela: minha
fica ao contrário: o céu, que não vejo, está
por baixo da terra; e as raízes sobem
numa direcção invisível. De dentro
de casa, porém, um cheiro a café chama
por mim: como se alguém me dissesse
que é preciso acordar, uma segunda vez,
para que as raízes cresçam por dentro da
terra e a névoa, dissipando-se, deixe ver o azul.
Nuno Júdice, in Meditação sobre Ruínas
E eu que sou uma criatura matinal, vejo que o Sol entra pelas frinchas do estore da minha janela, avisando-me que se faz tarde, porque é que hoje me deixei ficar, que lá fora está estuante de vida, bora lá tomar o café, o pequeno-almoço, o petit déjeuner, o mata-bicho, o breakfast, o café da manhã, onde quer que eu esteja agora, não interessa...
Poema de Nuno Júdice retirado do Citador
Imagem da chávena de café retirada da Internet
Foto janela: minha
Gosto de Nuno Júdice...o que não é muito comum,
ResponderEliminara avaliar pelos Posts por mim editados...??!!!!
Beijo
Olá, Andradarte
Eliminar:)
Obrigada.
Bom fim de semana.
Abraço
Olinda
Que bonita a poesia! E eu que não costumo gostar dela...
ResponderEliminarOlá, PauloSilva
EliminarEu então tanto gosto de poesia como de prosa. :)
Obrigada.
Abraço
Olinda
Muito linda esta poesia.
ResponderEliminarSó mesmo a mente de um poeta consegue traduzir em palavras este momento mágico!
Bjussss
Sem dúvida, marciagrega. E envolver-nos na sua forma de ver o mundo...
EliminarBjs
Olinda
Minha querida
ResponderEliminarQue bela escolha...adoro a poesia de Nuno Júdice e estes poemas são lindos.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
querida Sonhadora
EliminarÉ sempre um prazer a sua visita.
Obrigada-
Bjs
Olinda
Eu acredito que a melhor leitura que fazemos é aquela que se descobre um mundo em nós, e foi o que o Nuno fez contigo. E é o que os seus textos fazem conosco, cada vez que viemos aqui lê-la!
ResponderEliminarAlém do meu beijo grande, do meu carinho e da minha admiração, vim deixar um agradecimento pela sua companhia que me é tão valorosa e querida, durante sempre, por não me teres abandonado quando eu própria me abandonei, obrigada, viu Olinda?
Um beijão minha queridona!
;)
Minha querida amiga
EliminarFiquei feliz com a tua visita e com as palavras carinhosas e cheias de apreço que me trouxeste.
Quanto ao poema, de Nuno Júdice, que me serviu de mote neste post, sabes como é, o poeta depois de largar os seus poemas nas bocas do mundo já não os controla. E, então, lemo-los de conformidade com o que sentimos, adaptando-os muitas vezes à nossa próprias necessidades...
Também fiquei feliz com o teu regresso que foi em grande, com o teu poema 'efêmero' e o texto 'inquietude'. Ler-te é um privilégio, amiga, e eu é que tenho a agradecer-te a generosidade em nos disponibilizares os teus escritos.
:)
Outro beijão
Olinda
Estupenda maneira de começar o dia, obrigada.
ResponderEliminarE, agora por isso, vou beber café, rrss
Um abraço, amiga
E creia, São, que eu gosto de toda aquela ambiência que o poema contém... e também de um bom café. :)
EliminarBjs
Olinda
Uma escolha belíssima...cujo conteúdo poderia dar "pano para mangas"!
ResponderEliminarHoje faço bodas de prata! Sim, 25 aninhos de casamento...
Ontem a minha irmã fez anos...
Hoje sou eu que tenho de dar um presente ao Zé por me aturar há meio século...
BJUSSSSSSSSSS
Querida BlueShell
EliminarMuitos parabéns pelo aniversário da tua irmã e pelos teus 25 aninhos de casamento. :) Parabéns extensivos ao teu marido.
Já fui ao teu blog.
Beijinhos
Olinda
Olá, Olindinha!
ResponderEliminar;)
Olh. Li o poema que não conhecia; Julgando que Judice nos dizia; Ser a origem do mundo, quando o dia nascia; Ou, quando conseguiamos ver, aquilo que se não via.
Mas não.
A origem do mundo, não é essa. É; Quando de manhã, depois de nos pormos a pé; Sentimos, vindo de dentro, o cheirinho apetitoso, de uma chávena de café; Percebemos então que o mundo nasce para nós, como o dó nasceu para o mi, o fá para o lá e para o si e o sol nasceu para o ré.
;))))
Um beijinho, minha amiga!!!
:)
EliminarAh! meu amigo Bartolomeu, como percebeste tudo tão bem! :))
Pois, nesta correlação de forças entre uma chaveninha de café e as notas musicais com todas as suas variações, bemois, sustenidos, pausas, colcheias, semi-colcheias, com a clave de sol e o ‘Sole mio’ a marcar o compasso, é que, verdadeiramente, nos sentimos realizados. :)))
E como não podia deixar de ser, não dispenso o poema de Nuno Júdice neste grandioso concerto do mundo.
:)
Grande abraço.
Olinda
a origem do mundo
ResponderEliminareu acho que o mundo teve origem no dia anterior a ter nascido...
jajaja
abrazo serrano
nem mais, caro mixtu...e se virmos bem as coisas a origem do mundo até pode ser, mesmo mesmo, no momento em que nascemos.
Eliminar:)
abraço.
Olinda
Amiga Olinda não conhecia o Nuno.
ResponderEliminarPorém vejo que suas letras são temperos para a alma.
Elas são acalentadoras, balsâmicas e leves.
Como sempre, passar por aqui é degustar com o coração para alimentar a alma.
Um abração, um beijo.
Caro Antônio
EliminarPalavras saborosas que me trouxe, na apreciação deste poema. Concordo consigo, a alma precisa ser temperada com carinho e com momentos que nos mostrem como é bom tudo o que há na terra, no céu, no mar e em todos os recantos. Depois da criação do mundo,ao sétimo dia Deus parou para descansar e admirar a sua obra... e gostou. A citação não fará jus ao que vem na Bíblia, mas é mais ou menos isto... :)
Abraço.
Olinda
É quase madrugada mas, mesmo assim, tomei o cafezinho, para ficar alerta e ler as três excelentes postagens.Todas referentes à nossa imensa habitada, por grandes poetas, desde sempre. Nada mudou tanto, já estamos chegando à partícula de Deus...Quantas descobertas, neste maravilhoso planeta....
ResponderEliminarTenho Os Lusíadas, não conhecia Nuno Judice. Conheci Drummond, pessoalmente, no Ministério da Educação. Sou tão apaixonada por ele, que tirei fotos junto à sua estátua, sentados num banco, na praia de Copacabana, no Rio.
Saio mais rica hoje: sei mais de Mundo, de poetas e de vida...
Beijinhos, Olinda,
da Lúcia
Querida amiga Lúcia
ResponderEliminarUm cafezinho que considero tomado e saboreado na sua companhia, conversando sobre temas variados e, acima de tudo, admirando a perfeição do universo, o nascer do Sol que nos anuncia magias, mistérios e um concerto de que fazemos parte, no qual temos um papel preponderante. Aliás, somos ou não somos a perfeita imagem dos dons de Deus, criados à sua semelhança, uma das suas partículas? :) É muito bom pensarmos assim...
Minha querida, muito obrigada pelas suas palavras, a sua visita que me dá sempre um grande prazer.
Beijinhos
Olinda