segunda-feira, 8 de março de 2021

Contra a Fome

Hoje, Dia da Mulher. Dizemos todos os anos que o dia da mulher é todos os dias. Uma verdade inquestionável, se atentarmos na sua posição na sociedade e em todos os momentos da nossa existência. Contudo, este dia pode e deve ser aproveitado para falarmos dos problemas que continuam a massacrar a condição feminina. Ou então para assinalar o papel de mulheres que souberam ganhar o seu espaço e fazer da sua passagem por este mundo algo de positivo, para o bem de todos.

Fiz uma pequena pesquisa e de entre vinte e cinco mulheres portuguesas da actualidade escolhi falar de uma delas, nesta publicação, tendo em vista o tema em presença e pela sua dedicação a esta causa: a luta contra a fome. E assim, aqui me têm a homenagear: 


Maria Isabel Torres Baptista Parreira Jonet  (1960)

Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BA) de Lisboa e da Federação que reúne todos os bancos alimentares existentes no país. Foi fundadora da Bolsa de Voluntariado, da Entreajuda, do Banco dos Bens Doados e, mais recentemente, do projeto Tempo Extra, que está a mobilizar cada vez mais voluntários na idade da reforma. É a cadeia logística formada pelos 21 bancos alimentares que permite que 2400 recebam os produtos que alimentam quase 400 mil pessoas. (Dados de 2019) aqui

Estruturou e lançou em 2005, proclamado pelo Conselho da Europa como o Ano Europeu da Cidadania através da Educação, o programa Educar para a Cidadania dirigido a crianças e jovens, o qual, através do caso prático do Banco Alimentar, mostra a importância dos valores na formação e na educação.

Foi Presidente do Conselho de Administração da Federação Europeia dos Bancos Alimentares entre Abril de 2012 e Dezembro 2017

Em novembro de 2012, foi criada uma Petição Pública para que abandonasse o cargo de presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, devido a declarações polémicas proferidas em época de austeridade, entre as quais "Vamos ter de reaprender a viver mais pobres" e "Se não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, não podemos comer bifes todos os dias".  No entanto, como resposta a esta petição, várias outras petições públicas, com muito mais assinaturas, surgiram em defesa da Isabel Jonet, pedindo-lhe que continuasse por muitos anos à frente dos destinos do Banco Alimentar Contra a Fome. aqui


É que a Fome anda aí...

Sempre soubemos da pobreza e das desigualdades que assolam algumas faixas da sociedade. Tudo um tanto longe, algo difuso, quase não nos tocando. Com a pandemia que se abateu sobre nós tomámos a dolorosa consciência de novo tipo de pobres a somar ao que já existia.

Trata-se de pessoas que tinham a vida organizada nos seus pequenos negócios e viram-se de uma hora para a outra privadas do seu ganha-pão. Não será preciso fazer uma lista do descalabro que vigora nos nossos dias, pois todos nós conhecemos a situação.

Com efeito, muitos têm sido os pedidos de ajuda para aquilo que há de mais básico: o pão para boca. E Instituições, como o Banco Alimentar Contra a Fome (BA) de Lisboa, que no passado recente faziam disso uma missão em relação a grupos sociais mais desfavorecidos , têm agora a atenção também centrada nessa grande fusão social que se tem verificado.

Daí a homenagem que ora presto a Isabel Jonet, bem como a todos os voluntários que labutam para fazer chegar aos que mais precisam essa preciosa ajuda.



 Saudosa Maria Guinot!

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Momento de Poesia, com Graça Pires, do seu último livro, "Jogo Sensual no Chão do Peito", dedicado à vida da extraordinária bailarina e coreógrafa, Isadora Duncan:


O meu tempo vivi.
Tive amigos.
Eram actores, músicos,
bailarinos, boémios.
Escreviam o meu nome
nos jornais e em cartazes.

Em berlim chamavam-me deusa
Na grécia quis ser ninfa, calipso,
nausícaa, ou mesmo ulisses.
No egipto deixei que o deserto
e a vale dos mortos me fascinassem.

Por todos os lugares conheci
o esmorecimento ou a ânsia da perfeição.

Como contar aqui todos os tropeços,
todos os despojos, todas as solidões?

Teimei incansavelmente na mais cúmplice
presença do silêncio.

in Jogo sensual
no chão do peito
pg.42

Leia mais sobre a Autora, aqui, no Xaile de Seda







Saibamos fazer a vida acontecer.

FELIZ DIA DA MULHER!


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Veja mais sobre a Mulher
aqui e aqui, no Xaile de Seda

20 comentários:

  1. A mulher é o equilíbrio do mundo. A mágica estabilidade emocional do homem.
    Que todas as mulheres do mundo sejam muito felizes.
    .
    Votos de um dia feliz
    Cuide-se
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Uma excelente forma de lembrar o dia.
    Gosto muito do tema musical que escolheu e da poesia de Graça Pires.
    Abraço, saúde e feliz dia

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  3. Uma publicação maravilhosa a homenagear todas as mulher!
    -
    São dias assim no meu estado
    -
    Beijos e uma excelente semana :)

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  4. Sabemos que, quando as dificuldades surgem, na linha da frente estão as mulheres para o bem, arregaçando as mangas, para o mal perdendo o emprego e ou rendimentos.
    É uma luta sem fim e tanto por fazer.

    Abraço

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  5. Querida Olinda
    Ser mulher é ser mais forte do que os olhos podem ver. É ter no coração lugar para todos os sonhos do mundo. Feliz dia da Mulher!
    Beijinhos

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  6. Sim, o Dia da Mulher é todo dia, Olinda
    Excelente postagem!
    Feliz Dia da Mulher para você.
    Um carinhoso abraço
    Verena.

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  7. A Isabel Jonet merece bem esta sua homenagem, minha querida Amiga Olinda. Todos sabemos da entrega dela ao Banco Alimentar contra a Fome. E como diz a fome está aí a toda a força a atingir os mais desfavorecidos onde se encontram inúmeras mulheres. Gostei imenso de ouvir a Maria Guinot. Adoro a canção. E bem haja por divulgar o poema do meu novo livro. Afinal Isadora somos todas nós, nos bons e maus momentos, nas solidões, nas vitórias e nas derrotas.
    Um grande beijo.

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  8. Olinda querida, que luxo de postagem!
    E que bom que você trouxe o belíssimo poema de nossa amiga Graça Pires:

    "Como contar aqui todos os tropeços,
    todos os despojos, todas as solidões?

    Teimei incansavelmente na mais cúmplice
    presença do silêncio."

    Uma ótima semana pra você, muita paz, saúde e esperança! Sei que Portugal se levantou e fico muito feliz por nossos amigos.
    Beijos!

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  9. Sempre e cada vez mais são de louvar as pessoas e instituições, que contribuem para o equilíbrio e bem-estar sociais.
    Abraço solidário.
    Juvenal Nunes

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  10. a Fome é uma tragédia,
    e, no entanto, nunca, como na actualidade
    tão poucos individuos acumularam para seu proveito tanta riqueza, fruto do trabalho humano...

    saudemos, pois, todos aqueles de alma lavada se prestam a ajudar o próximo
    sendo porém, na minha perspectiva a fome não se extingue se não lhe forem
    extirpadas as raízes...

    acompanho-te, Olinda no teu libelo contra a fome
    e na homenagem as três mulheres que referes, em especial,
    a amiga Graça Pires.

    e, se me permites, associarei uma quarta - Olinda Melo

    beijo, minha amiga

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  11. gostei muito dessa homenagem à mulher, e às mulheres
    são trabalhadoras, são defensoras dos mais desfavorecidos
    mas também são poetas e guerreiras quando se trata de lutar por mais justiça social

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  12. Um post brilhante para homenagear as mulheres, que ficou ainda mais especial, com o belo poema da nossa amiga Graça.
    Beijinhos

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  13. "Silêncio e tanta gente" traz-nos a belíssima e saudosa lembrança de Maria Guinot. E contra o flagelo da fome convém realçar o trabalho e a dedicação de Isabel Jonet.
    À qualidade da poesia de Graça Pires, também, já estamos habituados. Este poema é magnífico em qualquer dia.

    Boas escolhas, querida amiga Olinda. Parabéns.

    Beijos e saúde!

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  14. Oi Olinda,gostei demais de sua visita. Fiquei mais feliz e conhecer o Banco Alimentar. Sou auxiliar de cozinha e vi muita comida ser desperdiçada, enquanto tanta gente morre de fome.
    A postagem tá incrível. Belo poema!
    Até breve

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  15. Uma excelente homenagem à Mulher com os exemplos referidos.
    Continuação de boa semana, querida amiga Olinda.
    Beijo.

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  16. Mulheres que dignificam a mulher e a sua , tantas vezes precária condição
    Três mulheres, cada uma prestigiando tanto a nossa sociedade.
    Se uma mata a fome do corpo , outra mata a fome do espírito com uma poética- falo Graça Pires - do melhor que há actualmente no nosso panorama literário, na minha opinião. Depois essa voz saudosa nessa poesia tão imensa e tão intensa da Maria Guinot atestando os nossos dias actuais: tanta gente e cada vez mais sós!
    Obrigada pelo fantástico post
    Beijinho

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  17. O que dizer Olinda de uma publicação tão perfeita e completa para assinar o Dia da Mulher.
    Lamento que seja preciso ajuda para ajudar quem fica sem meios de subsistência.
    Devia de haver outros mecanismos para não se ter de chegar a este estado. Há tanto dinheiro por este mundo, desperdiçado, mal gerido, mal ganho. Louvo no entanto, o papel de Isabel Jonet.
    Para mim, esta foi a melhor canção que concorreu ao festival da canção.
    Quando ao poema de da poeta Graça Pires, como sempre, perfeito e muito belo!

    Um beijinho grato Olinda, por ter aderido ao meu convite.

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  18. Porque Dia da Mulher é todos os dias, ainda vou a tempo de aplaudir esta linda homenagem a 3 mulheres portuguesas.
    Parabéns, querida Olinda, por mais uma publicação esplêndida.
    Beijo, bom fim-de-semana, saúde.

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  19. Tudo e todas as palavras que elevem e distingam a Mulher, são um pouquinho (apenas) da grandeza, da magnificência, da condição única de ser, ou vir a ser, Mãe, companheira, amiga, irmã...
    Nelas revejo o percurso que me tornou homem.


    Beijo
    SOL da Esteva

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  20. Bom dia Olinda,
    Bela forma de comemorar o Dia Internacional da Mulher na homenagem justa e merecida a Isabel Jonet.
    Maria Guinot uma voz que muito admirava e que gostei de recordar aqui.
    Graça Pires que tanto aprecio, expoente máximo da Poesia portuguesa num poema majestoso.
    Magnífico post!
    Beijinhos e boa semana, com saúde.
    Ailime

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