quarta-feira, 18 de abril de 2018

Testamento para o dia claro






Quando do fundo da noite vier o eco da última palavra submissa
         E a patina do tempo cobrir a moldura do herói derradeiro,

         Quando o fumo do último ovo de cianeto
         Se dissipar na atmosfera de gases rarefeitos
         E a chama da vela da esperança
         Se acender em sol na madrugada do novo dia

         Quando só restar na franja da memória
         Lapidada pelo buril dos tempos ácidos
         A estria da amargura inconseqüente
         E a palavra da boca dos profetas
         Não ricochetear no muro do concreto
         Da negrura sem fundo de um poço submerso

         Sejais vós ao menos infância renovada da minha vida
         A colher uma a uma as pétalas dispersas
         Da grinalda dos sonhos interditos.
          
          ARNALDO FRANÇA

Arnaldo Carlos de Vasconcelos França nasceu na cidade da Praia, Cabo Verde, em 1925. Graduado em Ciências Sociais e Políticas pela Universidade Técnica de Lisboa.

Queira ler mais sobre este autor, aqui, no Xaile de Seda.



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Poema:Do site de António Miranda
e Blog Esquina do Tempo de Brito-Semedo
Imagem: daqui

6 comentários:

  1. Um autor que não conhecia e gostei de ler. Por causa do meu blogue de poesia eu só pesquiso e leio poetisas.
    Abraço

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  2. Muito bom! Não conhecia este poeta!
    Beijinhos :)

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  3. Acho que nunca tinha lido nada deste autor (vou ler mais alguns poemas dele).
    Mas gostei muito do poema, obrigado pela partilha.
    Continuação de boa semana, amiga Olinda.
    Beijo.

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  4. Olinda,

    fico a dever-lhe um Poeta.
    e um poema empolgante.

    não conhecia. grato

    um abraço

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  5. Lindo poema, não conhecia o poeta, obrigado pela partilha.
    Bom fim de semana
    Beijinhos
    Maria de
    Divagar Sobre Tudo um Pouco

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  6. Este poema leva-nos a querer conhecer melhor a obra de Arnaldo França.
    Grata pela partilha, querida Olinda.

    Beijinho.

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