escrever-me de homens
quero
calçar-me de terra
quero ser
a estrada marinha
que prossegue depois do último caminho
e quando ficar sem mim
não terei escrito
senão por vós
irmãos de um sonho
por vós
que não sereis derrotados
deixo
a paciência dos rios
a idade dos livros
mas não lego
mapa nem bússola
porque andei sempre
sobre meus pés
e doeu-me
às vezes
viver
hei-de inventar
um verso que vos faça justiça
por ora
basta-me o arco-íris
em que vos sonho
basta-te saber que morreis demasiado
por viverdes de menos
mas que permaneceis sem preço
companheiros
Mia Couto
Moçambique
AQUI
Imagem:internet
Gosto imenso de Mia Couto. E este poema é lindo. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarUm abraço
Obrigada, Elvira.
EliminarBj
Olinda querida:
ResponderEliminarMia Couto, com aquele ar de eterna criança, enternece-me. O mais estranho, é que nunca estive em África, e sinto-a através dele.
Lindo, este poema.
Beijinhos, minha querida.
Maria
Querida Maria
EliminarRevendo-o mentalmente tem mesmo esse ar. :)
Eu também adorei este poema que diz tanta coisa em tão poucas palavras.
Bj
Olinda