Somos um país de emigrantes e lamento que
não saibamos respeitar aqueles que, por motivos vários,
escolhem o nosso país para viverem.
Sobram as mãos
e correm palavras de dor e de pranto,
exauridas, feridas, deitadas na rua,
em bocas de espanto.
Sem estrelas de afeto nem pétalas no chão,
são frios e tristes os lábios sem pão.
Acordam - desesperadas - as palavras
em vão de escada e escuros becos.
Sobram mãos estendidas,
manhãs geladas, crianças sem teto.
Que gritem os versos o silêncio e a fome
nas mãos estendidas de gente sem nome.
Que as palavras corram ardentes, selvagens
Que - a tempo - sejam seiva e raiz
e morem em mãos que não se conformem.
Que o amor seja país nas palavras que dizeis.
Está podre o olhar por dentro das leis.
Sóbran las manos
i cuórren palabras de delor i de pranto,
perdidas, fridas, deitadas na rue,
an bocas de spanto.
Sien streilhas de carino nien pétalas ne l suolo,
son frius i tristes ls lhábios sien pan.
Spértan, zesperadas, las palabras
an uocos de scaleira i scuros becos.
Sóbran manos stendidas,
manhanas geladas, ninos sien telhado.
Que griten ls bersos l siléncio i la fome
nas manos stendidas de giente sien nome.
Que las palabras cuorran ardientes, salbaiges
Que, a tiempo, séian sangre i raiç
i móren an manos que nun se cunfórmen.
Que l amor seia paíç nas palabras que dezis.
Stá podre l mirar por drento de las leis.
Poema bilingue (Português e Mirandês)
Vamos dar as Mãos
O blog: O Perfume do Verso
Quinzena do Amor
Post 1-Só o amor; Post 2-Alastrar Paz e Amor; Post 3-Ouça as vozes; Post 4-Estética da Vida; Post 5-Quando o Amor chora de sede; Post 6-Um gosto antigo de alfazema; Post 7-Como nos Prodígios; Post 8-Flora; Post 9-Passei na nossa rua; Post 10-O Amor na sua Plenitude; Post 11-Se eu tivesse coragem; Post 12-Poesia é Amor
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In: Rio de Infinitos/Riu D'Anfenitos
Pgs168 e 169
Profundo poema. Te mando un beso.
ResponderEliminarMuito obrigada, J. P. Alexander.
EliminarBeijinhos
Olinda
Começando pela citação linda e comovente da nossa querida Emília, Grande coração tem essa nossa amiga.
ResponderEliminarA poesia da querida Teresa é maravilhosa, triste, mas emoção pura. Como está mais triste esse mundo, parece que os sentimentos estão se esvaindo em ódios, egoísmos, violência ao extremo sem pesar as consequências desses atos.
Pois é, difícil voltar a acreditar na paz... Basta olhar as figuras...
Beijinhos para as três queridas!
Muito obrigada, querida Taís.
EliminarO poema da Teresa envolve-nos numa sensibilidade imensa. E a Emilia foca um assunto de grande importância, em especial, nos tempos que correm.
Beijinhos
Olinda
O mundo dos invisíveis que a sociedade insiste em não ver. Escondem as mãos e cegam os olhos para a solidariedade. Governantes que esquecem seus passados e origens e desprezam seres humanos carentes pelas vielas e becos de nossas cidades. Poema forte de grito para os surdos do poder.
ResponderEliminarBeleza de partilha Olinda com a Teresa.
Carinhoso abraço amiga.
Caro Toninho
EliminarInfelizmente nas nossas sociedades o apoio devido a quem precisa
nem sempre é concedido. As carências são enormes e vê-se que
não há um levantamento credível das necessidades que afecta
que tanta gente.
O poema da amiga Teresa Subtil abrange esse sofrimento com
palavras que nos emocionam.
Muito obrigada, meu amigo.
Abraço fraterno
Olinda
Profundo cada verso, muito lindo desse poema da Teresa e o pensamento da Emília! beijos às três, chica
ResponderEliminarOlá, Chica
EliminarÉ mesmo. Fazem-nos pensar em tantas pessoas que sofrem por se encontrarem sem apoio nenhum.
Beijinhos
Olinda
Um poema profundo que nos deve perturbar, querida Olinda! Sobram, sim, as mãos, pedindo ajuda e faltam tantas que as podiam socorrer, dando - lhes o pouco que necessitam, trabalho e dignidade ; fogem das guerras, da fome, das ditaduras implacáveis e quando cá chegam, encontram exploração, preconceito e manifestações de repúdio por parte de muita gente; eles são culpados pela insegurança e , imagine-se...pelo preço das casas e aluguéis. Ainda ontem ouvi de uma pessoa que tem emigrantes na família dizer esse absurdo e isso incomodou-me muito. Não adianta dizer a essas pessoas que eles contribuem e muito para a segurança social, que fazem os trabalhos que nós não queremos fazer, que contribuem para o aumento da natalidade; continuam com a mesma idéia e acrescentam que têm medo deles, principalmente daqueles cuja cultura é muito diferente da nossa. Por isso, querida Amiga, termino com a mesma frase que destacaste acima " somos um país de emigrantes e lamento que não saibamos respeitar aqueles que, por motivos vários, procuram o nosso país para viverem ". Parabéns, Teresa e obrigada por trazeres este tema tão pertinente e no qual todos devem reflectir. Obrigada, querida Olinda, por partilhares a minha frase nesta quinzena do Amor. Creio que este assunto também trata de Amor, um amor que falta, um amor que tem que ser dado, estendendo a mão a todos os que precisam de ajuda. Façamos a nossa parte! Beijinhos às duas Amigas, Teresa Subtil e Olinda, com votos de saúde para as duas. Muito obrigada, Amigas!
ResponderEliminarEmília 🌻 🌻
Querida Emília
EliminarMuito obrigada por este comentário tão assertivo.
A vida dos imigrantes não é fácil especialmente na forma
pouco digna que muitas vezes são tratados. Sujeitam-se
a trabalhos que os naturais desdenham para além do
sofrimento de estarem longe da sua terra e dos familiares.
Beijinhos
Olinda
Aprecio imenso a poética de Teresa Subtil que para além de uma grande poetisa , tem o handicap de dominar o mirandês utilizando- o na poesia conferindo-lhes uma beleza muito própria.
ResponderEliminarSobre o conteúdo poético , que mais dizer de um assunto tão actual é que tão bem o coloca aos leitores ? Parabéns, amigas Teresa e Olinda com um abraço
A Teresa Subtil além de grande poeta tem ainda
Olá, querida Manuela
EliminarA Teresa é uma grande divulgadora do Mirandês, é verdade.
Não só o publica no seu blog como também publica
poemas em que o Mirandês está sempre presente.
Este poema, que agora publiquei, fala do sofrimento de todos
os que não são bafejados pela sorte de terem uma vida com
o necessário para viver.
Muito obrigada, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Muito original a apresentação bilingue.
ResponderEliminarAbraço
Teresa Subtil, neste livro de onde extraí o poema, faz a apresentação em duas das línguas oficiais : Português e Mirandês.
EliminarAbraço
Olinda
Um poema marcante e muito profundo, o mundo está cheio de ódio, se todos dessem as mãos o mundo seria diferente. Olinda bjs.
ResponderEliminarO ódio grassa pelo mundo todo. Até em sítios de que não se fala tanto há guerras e desentendimentos.
EliminarBeijinhos
Olinda
Olá, amiga Olinda,
ResponderEliminarPoema poderoso, intenso, profundo, que nos alerta para uma realidade que todos vemos em cada dia que passa.
A falta de amor pelo outro, é o pior que a humanidade pode ter.
Gostei muito. Parabéns às duas amigas, Teresa Subtil e Olinda, que nos proporcionaram este belo poema!
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
Caro Mário
EliminarA Humanidade está a desumanizar-se a passos largos.
Em vez de nos aperfeiçoarmos optando por bons
sentimentos escolhemos o ódio e o desdém para com
o outro.
Muito obrigada, meu amigo.
Abraço
Olinda
A minha referência elogiosa à frase de abertura da autoria da, Cara, Emília.
ResponderEliminarO poema é um texto de intervenção que apreciei.
Um abraço.
Concordo, Luís. Há que ter consciência do que se passa à nossa volta.
EliminarUm abraço
Olinda
Olá, queridas amigas Olinda, Emília e Teresa!
ResponderEliminarFazia um tempo enorme que não ouvia o Antônio Marcos numa música linda.
Emilia tem muita sensibilidade para os assuntos mundiais mais ativos.
A questão dos imigrantes é dilacerante.
O poema da Teresa é muito fraterno, afetuoso.
"Sobram mãos estendidas,
manhãs geladas, crianças sem teto."
Não só nos grandes países europeus e adjacências...
Pela América, abundam os "indigentes "... as mãos também estão estendidas e as crianças sem teto.
Nunca vi coisa igual como a miséria reinante.
Um dia da Quinzena propício à reflexão pois todos somos responsáveis pela grande Teia Ambiental e suas necessidades Humanas.
Tenham as amigas dias abençoados!
Beijinhos fraternos
Olá, querida Rosélia
EliminarSim, somos todos responsáveis.
De nada vale olharmos para o lado pensando
que tudo se resolve com decretos. A solidariedade
nasce no foro íntimo de cada um.
Gostei muito da passagem que escolheu. No meio
das desgraças temos crianças que sofrem a fome
e as agruras da guerra.
E isto pelo mundo afora.
Muito obrigada, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Muito bom! Os meus parabéns!
ResponderEliminarSubscreve a newsletter do blog, para saberes todas as novidades, para isso, basta aqui
Bjxxx,
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Muito obrigada, Teresa Isabel.
EliminarBeijinhos
Olinda
Num tempo em que campeia a intolerância, a ganância e a desumanidade, é urgente darmos as mãos. A amiga Olinda desafia, motiva e promove a união e a cultura. Dentro deste espírito vem a acutilante citação da amiga Emília. A palavra é intervenção e luta.
ResponderEliminarBelíssimas imagens e melodia bem inserida.
Agradeço à querida Olinda e a todos os que estão connosco nesta quinzena do amor. O amor contra o ódio e o abuso de poder.
Abraço-vos com amizade.
Querida Teresa
EliminarMuito obrigada por ter vindo prestigiar esta "Quinzena do Amor" com
o seu comentário, apoiando assim a publicação deste seu poema.
Dando as mãos, apoiando aqueles que se encontram em carência
tanto física como psicológica, penso que é uma forma de nos
reconhecermos passageiros do mesmo espaço.
Tudo de bom lhe desejo, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Bom dia Olinda,
ResponderEliminarTrouxe um magnífico poema da Teresa Subtil, grande Poeta, em que a dura realidade dos emigrantes é aqui bem evidenciada.
É na verdade muito triste a discriminação com que são tratados e todas as vicissitudes por que passam nas mãos dos que só buscam o interesse através da exploração.
Que haja amor e dignidade entre todos os homens.
Beijinhos às duas.
Emília
Olá, querida Emília
EliminarA exploração é uma vertentes mais tristes dos que buscam melhores
condições de vida. Sabe-se de situações em que se veem sem os
documentos que ficam na posse dos empregadores, além de que
trabalham horas e horas, mal alojados, levando uma vida pouco ou
nada digna.
Muito obrigada pelo seu comentário, amiga.
Beijinhos
Olinda
...é uma das vertentes...
EliminarCitação profunda e tocante da amiga Emília adequadas a cada verso e imagem . Estamos realmente em tempos de "dar as mãos " Linda a canção de Antônio Marcos . Abraços
ResponderEliminarOlá, Edite
EliminarAtravessamos tempos terríveis.
Dar as mãos numa intenção de entre-ajuda é fundamental.
Obrigada, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Também a mim me apertam a alma, as palavras da Emilia,
ResponderEliminarMãos noutras mãos que seguram e protegem as mãos mais fracas, mais pequeninas, assim devia ser pelo mundo,
Tocantes e tão cheias de tanto as palavras da Teresa.
Como sempre, um momento ainda que triste, muito belo .
Abraço e brisas doces ***
Olá, querida Maria
EliminarSobram as mãos/Sóbran las manos.
É bem verdade. "Mãos noutras mãos..."
tentando minorar as desgraças que por vezes
são tantas.
O poema da Teresa coloca-nos no centro
deste furacão...
Muito obrigada, minha amiga.
Beijinhos
Olinda