Visito esse lugar.
Sei que não estarás lá,
mas finjo ignorá-lo,
procuro pensar que saíste,
que saíste há pouco,
numa ausência breve,
como se tivesses saído
para logo regressares.
Sei que não virás,
conjecturo até, por vezes
teus distantes, inúteis
diálogos numa praça gris
que imagino em tarde de invernia.
Então disfarço, ponho-me
a inventar, por exemplo,
uma longilínea praia deserta,
uma fina, fria, nebulosa
praia
muito silenciosa e deserta.
Pensando nela fito de novo
este lugar e digo para mim
que apenas partiste
por um breve instante.
E sigo.
Procuro-te nesse recanto habitual.
Sei que não estarás lá,
mas finjo ignorá-lo,
procuro pensar que saíste,
que saíste há pouco,
numa ausência breve,
como se tivesses saído
para logo regressares.
Quando chegasses, se tu chegasses,
dir-te-ia: Tu lembras-te?
E o verbo acordaria ecos,
nostalgias distantes,
velhos mitos privados.
dir-te-ia: Tu lembras-te?
E o verbo acordaria ecos,
nostalgias distantes,
velhos mitos privados.
Sei que não virás,
conjecturo até, por vezes
teus distantes, inúteis
diálogos numa praça gris
que imagino em tarde de invernia.
Então disfarço, ponho-me
a inventar, por exemplo,
uma longilínea praia deserta,
uma fina, fria, nebulosa
praia
muito silenciosa e deserta.
Pensando nela fito de novo
este lugar e digo para mim
que apenas partiste
por um breve instante.
E sigo.
E de novo protelo
este encontro impossível.
Rui Knopfli,
Reino Submarino, 1962
este encontro impossível.
Rui Knopfli,
Reino Submarino, 1962
Rui Manuel Correia Knopfli (Inhambane, Moçambique, 10 de agosto de 1932 — Lisboa, 25 de dezembro de 1997) foi um poeta, diplomata e crítico literário e de cinema português. (...)
Un bello poema sin duda. Y la verdad es que así sucede muchas veces, en qué se retorna una y otra vez a los lugares donde tanto se ha vivido, tan intensamente.
ResponderEliminarApetece revisitar o lugar de Rui Knopfli, como se a poesia nunca dali tivesse partido. É esse o fascínio criado e gravado na mente do poeta. Grata por esta publicação.
ResponderEliminarGrata , também, pelo repto no meu blogue. A resposta já lá está.
Outro beijo enorme.
Olá amiga Olinda
ResponderEliminarA ausência e a saudade podem nos tirar momentaneamente a razão fazendo-nos crer que aquilo que desejamos volte a acontecer
Um belo poema minha amiga
Que neste Natal o amor e a paz invadam sua casa e encham seu coração de alegria. Boas festas!
Beijinhos perfumados de poesia
Olá, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarEmocionada com o poema da vez:
"Fito de novo
este lugar e digo para mim
que apenas partiste
por um breve instante.
E sigo.
E de novo protelo
este encontro impossível."
IMPOSSÍVEL...
Há encontros que vão e voltam e outros para sempre...
Tenha um triduo nayalino abençoado!
Beijinhos