domingo, 12 de maio de 2024

Terra das Acácias

 Para a Ana Tapadas - Rara Avis





Presença Africana

E apesar de tudo,
ainda sou a mesma!
Livre esguia,
filha eterna de quanta rebeldia
me sagrou.
Mãe-África!
Mãe forte da floresta e do deserto,
ainda sou,
a Irmã-Mulher
de tudo o que em ti vibra
puro e incerto...

A dos coqueiros,
de cabeleiras verdes
e corpos arrojados
sobre o azul...
A do dendém
nascendo dos abraços das palmeiras...

A do sol bom, mordendo
o chão das Ingombotas...
A das acácias rubras,
salpicando de sangue as avenidas,
longas e floridas...

Sim!, ainda sou a mesma.
A do amor transbordando
pelos carregadores do cais
suados e confusos,
pelos bairros imundos e dormentes
(Rua 11!...Rua 11!...)
pelos meninos
de barriga inchada e olhos fundos...

Sem dores nem alegrias,
de tronco nu e musculoso,
a raça escreve a prumo,
a força destes dias...

E eu revendo ainda, e sempre, nela,
aquela
longa história inconsequente...

Minha terra...
Minha, eternamente...

Terra das acácias, dos dongos,
dos colios baloiçando, mansamente...
Terra!
Ainda sou a mesma.
Ainda sou a que num canto novo
pura e livre,
me levanto,
ao aceno do teu povo!




Alda Pires Barreto de Lara e Albuquerque, mais conhecida por Alda Lara, nasceu a 9 de junho de 1930, Benguela, Angola e faleceu a 30 de janeiro de 1962, em Cambambe, Angola. Foi uma poetisa e médica angolana com origem portuguesa.  aqui


Sebastião Antunes e Luís Represas


No dia em que nos 
vamos encontrar


***


Hoje comemora-se o Dia das Mães no Brasil. Os meus Parabéns
e Votos de felicidades a Todas as Mães.







Olá, Ana

O motivo da dedicatória está contido no comentário a este post:

Eu pensei, de imediato, nalguns poemas de Alda Lara.

E então, lembrei-me de revisitar os seus poemas e trazer este.

Outra coisa: 
Fiquei a conhecer Sebastião Antunes na tua penúltima publicação.
E gostei.

Desejo bom fim-de-semana a todos os amigos que por aqui passarem.

Abraços
Olinda


===

17 comentários:

  1. Bom dia de domingo, querida amiga Olinda!
    Gostei do vídeo.
    Rememorar aldeias, histórias de vida, percursos diversos do presente...
    Tudo tem muito calor e valor.
    Interessante é que:
    "Sim! ainda sou a mesma.
    A do amor transbordando".
    Bem assim...
    A essência permanece nos seres, por sorte.
    Temos todos uma "terra das acácias " em nossa mente e em nosso coração.
    Um belo post cheio de sentimentos bons e saudade latejante em pessoas intensas.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos com carinho fraterno

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  2. Me gusto el poema y el video. Te mando un beso.

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  3. Um poema com toda a ambiência africana, podemos sentir os sons e os aromas.
    Um abraço.

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  4. Lindo poema e carinho para ANA!
    Obrigadão plo carinho pelo dia de hoje, será bem diferente por aui,mas...
    beijos, tudo de bom,chica

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  5. Your words resonate with a powerful sense of identity, strength, and connection to your roots. The imagery of Africa as the eternal mother, with its diverse landscapes and vibrant culture, is vivid and evocative. The portrayal of resilience, love, and solidarity amidst both beauty and hardship is deeply moving. Your poem celebrates the enduring spirit and unwavering pride in your heritage, echoing the sentiments of countless others who share a deep bond with their homeland. Thank you for sharing this beautiful expression of identity and belonging.

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  6. Bela publicação. O meu elogio
    .
    Com três letras apenas
    Se escreve a palavra Mãe
    É das palavras pequenas
    A MAIOR que o mundo tem
    ...........................................
    Feliz dia das mães
    .
    Bom domingo
    .

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  7. Ah, querida Olinda, como sou grata!
    Eu gosto tanto da poetisa e também da mulher, da médica que essa mulher corajosa foi!
    Teve uma ligação com o grupo da Casa dos Estudantes do Império e a tua publicação fez-me logo pensar nela.
    Obrigada, outra vez. E que bela foi a escolha!
    Um beijo carinhoso

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  8. Boa noite, Grata pelo carinho aqui para nosso Dia das mães. Bjsss

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  9. Olá, amiga Olinda,
    Um belíssimo poema de Ana Tapadas. Bela homenagem à terra onde nasceu, e como tal, é a sua terra. Gostei muito, mesmo!
    Excelente vídeo de Sebastião Antunes.
    Agradeço a visita e gentil comentário no meu cantinho, e deixo os votos de feliz semana, com tudo de bom.
    Beijinhos!

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  10. Conheço mal a poesia desta poetisa. Mas o poema escolhido é muitíssimo bom. Vou procurar e ler mais.
    Uma ótima semana.
    Abraço.

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  11. Conheço pouco da poesia de Alda Lara mas este poema tem uma enorme força telúrica!
    A canção é linda!

    Abraço

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  12. Que bom encontrar aqui este poema de Alda Lara, que amou as acácias e num canto novo, pura e livre, se levantou ao aceno do seu povo. Tão belo!
    Tudo de bom, minha Amiga Olinda.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  13. Olá Olinda!

    Amo árvores que tão flores.
    Lindo poema.
    que sua semana seja repleta de luz
    abraços Loiva

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  14. O poema de Ana Lara
    É bem contundente e forte
    E elege um povo, de sorte
    flamboaiãEuropa e África em rara
    Distinção. O mundo agora
    Cria tribos mundo afora
    E vitima cada uma delas.
    Iremos viver em celas
    Apartados; não demora.


    Linda imagem queridíssima amiga Parece um flamboaiã da ilha de Madagascar. Gratidão pela partilha, estimada amiga. Tudo de bom a ti e aos teus. Laerte Tavares.


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  15. "Minha terra...
    Minha, eternamente...
    Terra das acácias, dos dongos,
    dos colios baloiçando, mansamente...
    Terra!"
    Obrigada querida Olinda, por partilhares um poema magnífico duma poeta que gostei de conhecer aqui. Vou procurar mais versos dela.
    Cresci na cidade das acácias, em Moçambique. Linda!
    Linda é também a tua publicação. Amei!
    Beijo, boa semana.
    Vou ver o vídeo.

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  16. Olá, querida Olinda, primeiro agradecer teu carinho sobre a enchente, só ontem retornou nossa internet e com alegria saio para o voo da alegria com os amigos, ver suas belas postagens, coisa que senti falta. Moramos em andar alto e em nosso bairro não chegaram as águas, mas em bairros vizinhos, foi uma desgraça. Nos bairros altos, o rio não teve a ousadia de subir, de chegar. Mas o desabastecimento foi geral no Rio Grande do Sul, difícil, e as cidades e bairros próximos aos rios, foram invadidos, desgraça total.
    E falando na sua postagem, que belo poema, amiga, não conhecia
    a poeta Ana Lara, estou conhecendo agora, e que maravilha! Aqui já lhe disse, é o Recanto da Cultura! Saímos enriquecidas.
    Obrigada, querida amiga, muita paz por aí.
    Beijinho! 🌹🙏🌹

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  17. Boa noite Olinda,
    Que belo poema de Alda Lara, uma grande Mulher, Poeta e Médica.
    Pena que faleceu tao cedo.
    Deixou-nos a sua Obra.
    Um beijjnho.
    Emília

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