No Porto
A Canção mais ouvida nestes 50 anos de Abril. Canção chamada à liça sempre que uma crise se anuncia. Nem é preciso ter boa voz ou conhecer música a fundo, nem ter especial filiação política. O povo é quem mais ordena é a mola que nos impulsiona, o cante alentejano, a formação em fila, braço dado, o balanço, e o bater dos pés faz o resto e emociona.
Os Ganhões de Castro Verde
Foi feita para homenagear os grandolenses, 1971:
“Grândola, Vila Morena” integrou o álbum Cantigas de Maio, de 1971, e foi gravado no Strawberry Studio, em Hérouville, França, com arranjos e direcção musical de José Mário Branco, então exilado em França, assim como Francisco Fanhais, um dos músicos que acompanham os temas deste registo. Ao contrário de outras composições de José Afonso, “Grândola, Vila Morena” – tema dedicado à Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense – escapou ao lápis azul da censura."
E, agora, em 2024 é ela própria homenageada:
"A Câmara Municipal de Grândola inaugura este sábado, 20 de Abril, o Museu Grândola, Vila Morena, um novo núcleo museológico do museu municipal, que contará a história do poema e depois canção de José Afonso, que se tornou uma das senhas do 25 de Abril de 1974. Um espaço interactivo e imersivo que assinala as comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos". aqui
E no livro dedicado à evolução da canção política em Portugal lemos sobre Grândola, Vila Morena, estas palavras de José Jorge Letria:
(...)
As operações militares iniciaram-se por volta das três da madrugada, a partir das "senhas" musicais: "E depois do Adeus", interpretada por Paulo de Carvalho às 22 e 55 e "Grândola, Vila Morena", escrita e cantada por José Afonso.
Escassos minutos depois da meia-noite, dezenas de milhar de pessoas, de norte a sul do País, ouviram no programa "Limite", da Rádio Renascença, estrofes que diziam "em cada esquina um amigo/em cada rosto igualdade/o povo é quem mais ordena/dentro de ti ó cidade". Era, no entanto, reduzido o número dos que conheciam o significado exacto da passagem daquela canção. A apresentar estava a voz de Leite de Vasconcelos.
"Grândola" foi o sinal da arrancada, a certeza de que havia soado a hora da mudança. A escolha da canção de José Afonso, escrita alguns anos antes em homenagem à Sociedade Fraternidade Operária Grandolense e incluída no álbum "Cantigas do Maio" (...) foi, em larga medida, a consagração de um movimento de resistência cultural.
(...)no meio das marchas militares e dos comunicados do MFA, ouviram-se pela primeira vez sem qualquer tipo de restrições, as cantigas da resistência. Era o som da mudança. O toque de alvorada num país que se libertava, entre o espanto e a alegria transbordante, da opressão fascista.
"Grândola, Vila Morena" foi o hino de libertação, a ponte entre a resistência e a revolução, o apelo fraterno à unidade e à confiança.
In: A Canção Política em Portugal, de José Jorge Letria
pg 77/78
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GRÂNDOLA, VILA MORENA
ZECA AFONSO
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Bom dia de Paz, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarAto cívico com ares de místico até...
Nunca tinha visto ainda um post tão completo sobre o 25 de Abril como o seu post de hoje.
Com todo trajeto desde o alvorecer...
Lindo demais! Heroico momento do povo lucido com a sua de Paz.
Dei emoção ao ouvir áudios... ao ler o texto.
No segundo video, o "bater do pé" é muito simbólico. Há quem fale em Liberdade sem sequer mover um pé...
Como ainda precisamos de Mudança!
"Entre a resistência e a revolução, o apelo fraterno à unidade e à confiança".
Gosto mais dos cravos vermelhos pela simbologia que representa ao país irmão que amo mais desde que o conheci.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos com carinho fraterno
Inesquecível.
ResponderEliminarUm abraço.
Gostei muito de assistir a civilidade, o canto unido do povo... Lindo post e que pés sejam sempre batidos quando de liberdade se tratar!
ResponderEliminarbeijos, lindo dia! chica
Para sempre no meu coração!
ResponderEliminarAbraço
Brilhante e histórica crónica. Uma canção linda e cheia de significado que marcou o inicio da nossa liberdade, foram momentos inesquecíveis.
ResponderEliminarBeijinhos
Também saúdo a todos os irmãos portugueses
ResponderEliminarpor esta importante data, 25 de abril, Dia da Liberdade
de Portugal!
No século XX nós brasileiros vivemos momentos tristes
de uma Ditadura Militar, que durou 21 anos, e sabemos
como isso dói.
Abraços, minha amiga.
Engraçado Olinda como a censura às vezes é burra e passa debaixo dos seus olhos o que ela reprime. Assim foi em Portugal, assim foi no Brasil. Que bom que seja sempre este asno mesmo. Uma canção que toca no coração, que faz reviver os que sofreram todo tipo de repressão, todo tipo de perseguição e delações. Há que se comemorar muito a data da libertação de uma ditadura longa. Há que conscientizar continuamente sobre os horrores de uma ditadura lá como cá, aqui ela fez muito, mas muito terror e gente sumiu para nunca mais voltar.
ResponderEliminarViva a Revolução e aplausos a esta postagem bem elaborada e ilustrada.
Abraços com carinho amiga.
Uma canção que me emocionará sempre , por várias razões.
ResponderEliminarQue "Grândola, Vila Morena" tenha escapado ao lápis azul da Censura só prova a estupidez de quem o utilizava.
Querida Olinda, carinhoso abraço e feliz resto deste mês de liberdade e alegria.
...e os espírito do 25 de abril está aqui todinho, querida Olinda!
ResponderEliminarO povo saiu à rua, a voz encarregou-se de fazer eco de braço dado com a liberdade acabada de nascer. O resto, o seu notável trabalho fala por si!
Muitos parabéns
Beijinho
Olá Olinda!
ResponderEliminarNão conhecia, mas adorei.
Paz e liberdade é tudo que devemos ter no nosso coração
tenha uma semana repleta de luz
abraços Loiva
A escolha não poderia ter sido melhor!
ResponderEliminarExistem pormenores e informações que desconhecia.
Um beijo
Boa noite Olinda,
ResponderEliminarEstive no Largo do Carmo na manhã de 25 de Abril de 1974.
Fico emocionada quando me recordo daquele dia e amanhã que se completam 50 anos do final da Ditadura, ouvir José Afonso é como reviver todas as emoções que senti e que continuo a guardar no meu peito.
Beijinhos e Parabéns pelo excelente trabalho que aqui partilhou no Xaile de Seda, em comemoração dos 50 anos de Liberdade.
Emília