quinta-feira, 4 de abril de 2024

Evolução







Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo

tronco ou ramo na incógnita floresta...

Onda, espumei, quebrando-me na aresta

Do granito, antiquíssimo inimigo...


Rugi, fera talvez, buscando abrigo

Na caverna que ensombra urze e giesta;

Ou, monstro primitivo, ergui a testa

No limoso paúl, glauco pascigo...


Hoje sou homem, e na sombra enorme

Vejo, a meus pés, a escada multiforme,

Que desce, em espirais, da imensidade...


Interrogo o infinito e às vezes choro...

Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro

E aspiro unicamente à liberdade.


in "Sonetos"



***


Um soneto que termina em glória. Encontra-se nele a consciência do ser que sente em si as dores do mundo. Que luta contra as emoções que poderão impedir a sua alma de se sublimar. Ainda no nebuloso limbo tacteia e depara-se 
com um ideal maior que é aspirar à liberdade. 




FREI HERMANO DA CÂMARA


-NA MÃO DE DEUS-
Soneto de Antero de Quental


***


Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada18 de abril de 1842 – Ponta Delgada11 de setembro de 1891) foi um escritor e poeta português do século XIX que teve um papel importante no movimento da Geração de 70. aqui




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Poema - Citador

imagem relevo cárstico - net

18 comentários:

  1. Bello y dulce poema. Te mando un beso.

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  2. "Interrogo o infinito e às vezes choro..."

    Bom dia de Oitava de Páscoa, querida amiga Olinda!
    Assim começo minha alvorada hoje, como no verso acima.
    A música é muito a calhar...
    O coração reclama um descanso.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos pascais

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  3. Linda evolução em poesia e belo soneto!
    Que o dia seja lindo também! beijos, chica

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  4. Antero de Quental, excelente poeta-

    Gostei de ouvir o religioso.

    Minha querida Olinda, beijinho de tudo de bom .

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  5. Excelente escolha.
    Belíssimo poema de Antero de Quental.
    Adorei voltei a ouvir Frei Hermano da Câmara.
    Beijinhos

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  6. O nosso Grande Antero.
    Muito Obrigado por o trazer aqui.
    Um abraço.

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  7. Linda partilha de reflexões significativas através da poética. Boa tarde. Abraços.

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  8. Profundo y bello poema. Me gusto mucho. Te mando un beso.

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  9. Um belo poema de Antero de Quental. No fundo o ser humano é isso mesmo. Estamos em constante evolução.
    Excelente patilha amiga Olinda!
    Deixo os meus votos de feliz fim de semana.
    Beijinhos.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  10. Grande Antero de Quental na sua inquietude existencial mas sublimada por outro bem maior : a liberdade. Como grande pensador , quanta pequenez no vazio imenso que nos foge
    Obrigada e muitos parabéns, querida Olinda pelas duas partilhas que confortam a alma. Beijinho

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  11. Antero com toda arte em belíssimo soneto. Li pouco sobre sua obra Olinda, mas estava sempre nas recomendações. Aqui uma escolha de bela apresentação.
    Abraços e feliz fim de semana abençoado Olinda.

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  12. A evolução humana, aqui tão bem retratada, repete-se a cada instante. Se soubermos seguir o trilho que iremos encontrar, conheceremos a semelhança com o "retrato" Poético do grande Antero de Quental.
    Grato pela escolha e partilha.


    Beijo,
    SOL da Esteva

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  13. Lindo demais, principalmente a conclusão:
    "Interrogo o infinito e às vezes choro...
    Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
    E aspiro unicamente à liberdade." Antero de Quental

    Bom e muito feliz sábado... Bjs

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  14. No meu 4° ano, actual 8°, a professora de Português pôs-nos a dcorar sonetos de Antero de Quental.
    "Na mão de Deus" foi um dos que decorei.

    Abraço

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  15. Gostei imensamente do soneto de Antero de Quental, querida Olinda.
    Obrigada por compartilhar.
    Te desejo um abençoado fim de semana.
    Beijinhos
    Verena

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  16. Gostei imensamente do soneto de Antero de Quental
    Obrigada por compartilhar, Olinda.
    Abençoado fim de semana
    Beijinhos
    Verena

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  17. Obrigada por partilhar. Bom domingo!
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  18. Olá Olinda!

    Maravilhoso poema.
    Tenha uma semana repleta de luz
    abraços Loiva

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