segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Às vezes medito

 


49 29-4-1928


Às vezes medito,

Às vezes medito, e medito mais fundo, e ainda mais fundo

E todo o mistério das coisas aparece-me com um óleo à

     superfície,

E todo o universo é um mar de caras de olhos abertos para

     mim.

Cada coisa - um candeeiro da esquina, uma pedra, uma árvore,

É um olho que me fita de um abismo incompreensível,

E desfilam no meu coração os deuses todos, e as ideias dos

     deuses.

(excerto)


ÁLVARO DE CAMPOS



===

In: Fernando Pessoa

Obra completa de Álvaro de Campos

Pg. 225

20 comentários:

  1. Profundo poema. Me gusto mucho. Te mando un beso.

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  2. Muito lindo o excerto de Álvaro Campos. E meditar por vezes é preciso! Linda nova semana,beijos,chica

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    1. Fico a pensar no que quereria dizer Álvaro de Campos: esvaziar a mente ou pensar nas coisas da vida. :)
      Beijinhos
      Olinda

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  3. É sempre agradável ler Fernando Pessoa, seja em que heterónimo for.
    Obrigado pela partilha.
    Boa semana, querida amiga Olinda.
    Um abraço.

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    1. Concordo consigo, caro Jaime.
      Também lhe desejo uma boa semana.
      Abraço
      Olinda

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  4. Bom dia de Paz, querida amiga Olinda!
    Um belo texto meditativo.
    A meditação tem o poder de nos elevar a outros patamares ben mais longe que o nosso mundinho pessoal.
    Ontem à noite já havia lido aqui... fiquei pensando...
    Que Deus e os deuses nos auxiliem nesta travessia tão fugaz e incompreensível, muitas vezes!
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Brijinhos com carinho fraterno

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    1. Querida Rosélia
      Alargar a vista a outros mundos, é preciso.
      Fernando Pessoa sentia essa necessidade e o facto de se multiplicar deu-lhe a oportunidade de viver muitas vidas.
      Que esta semana seja pródiga em coisas boas, minha amiga.
      Beijinhos
      Olinda

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  5. Quando Álvaro de Campos meditava acredito que as ideias dos deuses o inspirassem. Gostei deste texto e da fotografia. Adoro pedras.
    Tudo de bom, minha Amiga Olinda.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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    1. Sim, Fernando Pessoa gostava de entrar por esses caminhos,
      transmitindo aos seus heterónimos a sua multifacetada
      maneira de ser.
      Bom fim de semana, amiga Graça.
      Beijinhos
      Olinda

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  6. Todos os heterónimos de Fernando Pessoa são grandes pensadores!

    Abraço

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    1. Grandes pensadores que se imiscuem na forma de pensar
      uns dos outros como, por exemplo, Álvaro de Campos que
      tece várias considerações sobre Alberto Caeiro, a quem chama
      "Mestre", e Ricardo Reis.
      Abraço
      Olinda

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  7. As pedras sobrepostas é uma prática de tempos passados e até hoje
    se aplica na meditação e o equilibrio. E a ideia dos deuses de FPessoa
    diz bem sobre o mistério e o abismo a que as vezes nos assalta.
    Bora praticar, Olinda !
    'as vezes medito'... só as vezes, E fico exausta, amiga
    Um abraço

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    1. É isso, Lis, prática milenar proveniente do Oriente mas praticada
      por várias culturas, introduz-nos no conhecimento de nós próprios,
      mas também extenuante :)
      O seu convite é apelativo...
      Grande abraço, amiga.
      Olinda

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  8. Querida Olinda, uma pérola de Fernando Pessoa de quem gosto demais!
    Eu medito, sim, e muito, e vejo que as vezes tenho de parar, dar um descanso para a mente. Mas meditar é preciso para entender o mundo, os amigos, a família, todos aqueles que nos rodeiam Mas escrever, amiga, é fantástico para nos dar um pouco de equilíbrio, na medida que vamos escrevendo, há maior tempo para ir pensando.
    Um beijo, querida!

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    1. Querida Taís
      Quem escreve encontra um espaço privilegiado não só
      para extravasar o que por vezes lhe aflige mas também
      para transmitir os seus pensamentos.
      O equilíbrio é fundamental para podermos entender o que
      se passa ao nosso redor.
      Beijinhos
      Olinda

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  9. Há um fascínio pelo que não compreendemos . Faltam- nos os olhos espirituais para enxergamos o invisível. E quanto não veríamos, Olinda !, penso ...
    Adorei a imagem e claro, a poesia
    Um beijinho

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    1. Bom dia, querida Manuela
      Um fascínio e, por vezes, um certo um certo receio
      por aquilo que nos é desconhecido.
      Realmente, falta-nos essa capacidade de nos
      desprendermos do que é acessório e fixarmo-nos
      mais no invisível, como muito bem diz.
      Beijinhos
      Olinda

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  10. Boa noite Olinda,
    Um poema magnífico de Álvaro de Campos que me fez meditar em cada palavra, em cada verso.
    Não conhecia e adorei.
    Obrigada por partilhar.
    Beijinhos, Olinda.
    Ailime

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    1. Olá, Ailime
      Fernando Pessoa surpreende-nos com esse manancial
      quase infinito e que tantas facetas apresenta...
      Dia bons lhe desejo, amiga.
      Beijinhos
      Olinda

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