sábado, 23 de setembro de 2023

Parece que...


...os ajuntamentos ainda nos dão água pela barba. Muita gente no mesmo sítio, a troca de abraços e beijinhos que sabem bem, olá há tanto tempo que não te via, ah estás na mesma, que elegante que estás, onde compraste os sapatos, e o vestido, oh, rapaz estás tão crescido, ainda ontem eras un petit gamin, e eis-nos todos aqui e ainda bem que não é num funeral, uma graçola que saiu inadvertida, mas a pessoa disse-a sem maldade, e não deixa de ser verdade... E depois é a noiva, a família da noiva, o noivo, a família do noivo completamente desconhecida. As apresentações e os beijinhos. E a cerimónia que se atrasa, não terá sido acautelado o factor tempo atmosférico, começou a chover, casamento organizado para ser ao ar livre, que bom!, mas assim não dá, as pessoas para cima e para baixo à procura de uma telha, e as roupas decotadas, vestidos leves próprios para o efeito, os homens nessas coisas estão muito bem vestidos, de fato, camisa e alguns até de colete e gravata, embora houvesse quem a tenha dispensado. Mau piso, empedrado, casinha de banho improvisado ao cimo de uma calçada, para o beberete o atravessamento de uma pontezinha toda trémula, no acto do casamento a oficial do registo civil a esquecer-se e a trocar os apelidos dos pais, talvez pelo cansaço da espera. Mas o pessoal jovem a salvar a situação com a sua dinâmica. Ao jantar, a chuva fez-se convidada, atrapalhação, os organizadores à procura de chapéus, e lonas de tendas...proteger os miúdos e os mais velhos era a palavra de ordem. Ao lado alguém constipadíssimo, garganta atacada...a humidade da chuva, o frio...houve quem tivesse ido buscar ao quarto toalhas turcas de banho para minorar a coisa...Era uma vez numa herdade...





E o vírus que se faz de morto à espera de um 
novo hospedeiro.

E encontrou-o...

É assim a vida. 
Feita de encontros e desencontros.
E assim ela tem de ser vivida, tendo em conta
um conjunto variegado de circunstâncias.

Tenham um bom fim-de-semana, meus amigos.

Abraços

Olinda


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Imagem pixabay

34 comentários:

  1. Boa tarde de outono, querida amiga Olinda!
    Senti seu relato , embora parcialmente conhecido por mim, com tantos pormenores tão bem narrados cheios de sinestesia do evento. Até a chuva veio dar o alarme de que o vírus na foi embora.
    Há que pense que sim...
    Todo cuidado é pouco.
    Muita água ainda há de rolar.
    Só "parece que"...
    A alegria dos jovens salvou um pouco o acontecido casório.
    Vejo que é uma excelente contista a amiga.
    Tenha uma nova estação abençoada!
    Beijinhos aconchegantes
    🍁🍂🌾😘


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    1. *o vírus não foi embora
      **Há quem pense que sim

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    2. Com efeito, querida Rosélia. Pensava que era uma simples gripe, depois fiz o teste e disse-lhe:"Afinal é Covid. O teste deu positivo".
      E apesar de sabermos que o vírus não desaparecerá jamais é
      sempre aquele espanto...
      Muito obrigada pelo apoio.
      Que esta semana, já com a auspiciosa Primavera a colorir os
      jardins e os campos, lhe seja abençoada.
      Beijinhos
      Olinda

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  2. A foto linda, mas tanto pode acontecer e parece aconteceu nesse casamento. Realmente as pessoas parecem esqueceram tudo aquilo e o danado do vírus ainda dá as caras de vez em quando...

    beijos praianos, feliz OUTONO! chica

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    1. Olá, Chica
      É sempre assim. Não aprendemos nada com os confinamentos
      e afins. Já se sabe que as vacinas não imunizam totalmente.
      Há que repeti-las.
      Obrigada pelos seus votos outonais e que a Primavera venha
      linda e florida.
      Boas férias praianas!
      Beijinhos
      Olinda

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  3. Texto fabuloso cheio de grandes verdades. Parabéns. Grato pela partilha. Feliz fim de semana

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    1. Muito obrigada, caro Ricardo.
      Verdades que temos de ter em conta agora que vai começar
      o tempo frio.
      Abraço
      Olinda

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  4. Contando que a hospedeira não seja tu, Olinda :))
    _cuide-se quem souber que 'a ocasião faz o ladrão' ...
    e facilmente esquece-se de fechar a porta.
    Gostei do texto , bem humorado.
    Também para ti ,um bom fim de semana.
    com carinho

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    1. E não é que fui mesmo! Este vírus não facilita, não.
      E bem o diz : "a ocasião faz o ladrão".
      Já com a semana a decorrer espero que venha ela
      perfumada e florida.
      Beijinhos
      Olinda

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  5. Olá, querida Olinda, não, pelo que escuto e vejo cientistas falarem,
    o vírus não foi embora, está circulando, não naquela intensidade,
    diminuíram muito os contágios devido as vacinas. Será como as gripes, todos os anos as vacinas estão à disposição da população, e não será diferente com o covid. Porém, os abraços e os beijos do "olá como vai" está intenso, todos esqueceram da pandemia?
    Mas...é pegar ou largar, acreditar ou não.
    Eu acredito na ciência!
    Um ótimo domingo, querida Olinda,
    beijinhos.

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    1. Os abraços e beijinhos continuam em força.
      É o nosso modo humano de nos querermos bem.
      E acho que não há vírus que possa mudar a nossa
      maneira de ser. É certo que depois dos sustos
      voltamos ao mesmo :))
      Beijinhos
      Olinda

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  6. El virus solo esta esperando para volver atacar. Te mando un beso.

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    1. Ele está atento. Tomara que também nós tenhamos
      a inteligência suficiente para lhe fazer frente.
      Beijinhos
      Olinda

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  7. Guardo uma ideia vaga desse modo de ajuntamento (aliás descrito com um suave colorido no texto). Sobrou-me aquela estranha sensação um tudo nada semelhante com os cruzeiros: aliciantes e luzidios no charme publicitário e uma bruta e desconchavada massada que sobra na despedida. Mas isso talvez seja porque já não uso óculos de ver ao perto...
    (mas gostei da fotografia e do... o cachorro estava a fazer de maestro?!...)
    Abraço, amiga!

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    1. Acredita que não vi cachorro nenhum quando inseri a imagem?
      Depois de ler o seu comentário, tive de abrir bem os olhos, quase com uma lupa, para poder ver o cãozinho aos pés da noiva.
      Eu uso óculos de ver ao perto e, no entanto, é esta calamidade...
      Abraço, Jorge Esteves.
      Olinda

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  8. Espero, querida Olinda, que tenhas recuperado plenamente!
    Um texto com o alerta pertinente e necessário.
    Beijinho

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    1. Querida Ana
      Já estou bem, mas ainda com uma fungadela ou outra.
      Da outra vez perdi o olfacto, já estava
      a recuperá-lo, mas parece que se foi de novo...
      Obrigada, amiga.
      Beijinhos
      Olinda

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  9. Dizem místicos videntes
    Que à humanidade, o fim
    Será por virose e assim
    Dividirá os de antes
    E os de depois da virose
    Que suportarem essa dose
    De doenças sem a morte.
    Surgirá o ser mais forte
    Sob nova apoteose

    Abraço fraterno. Laerte

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    1. Caro Laerte
      Penso que vamos voltar a Darwin, com a sua origem das espécies,
      uma evolução biológica, pondo a tónica na selecção natural.
      Os vírus têm essa capacidade incrível de se renovarem e voltarem
      à liça cheios de força e prontos para nos eliminarem.
      Será que o futuro lhes pertencerá?
      Abraço, caro Laerte.
      Olinda

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  10. O vírus irá circular para sempre, como muitos outros, as pessoas é que ficam mais protegidas.
    Beijinhos

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    1. Na realidade, como as gripes e outras doenças.
      A luta das vacinas é para sempre.
      Beijinhos
      Olinda

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  11. Um casamento ao ar livre sem plano B...
    Os vírus adoram ajuntamentos. Mas ainda é o melhor método de vacinação natural.
    Boa semana. E que o vírus não lhe cause problemas e se vá embora depressa.
    Um abraço.

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    1. Sem um plano B, diz bem.
      Será o melhor método de vacinação natural, se, entretanto
      a pessoa resistir e não estiver debilitada e com doenças
      preexistentes.
      Abraço, amigo Jaime.
      Olinda

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  12. É mesmo assim, minha Amiga. Os médicos já estão a aconselhar prudência. Mas agora? Não tinha já passado o maldito vírus? Vamos proteger-nos sempre para não sermos vítimas desta "coisa" que não quer ir embora.
    Tudo de bom.
    Um beijo.

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    1. Agora é vacina todos os anos. Desta vez as pessoas têm de se inscrever nas farmácias. Se tem de ser assim a guerra contra o
      vírus, que seja. Até aparecer um outro...
      Dias bons e agradáveis, amiga Graça.
      Beijinhos
      Olinda

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  13. Boa tarde Olinda,
    Gostei imenso de lê-la sobre uma realidade de todos os dias praticamente.
    Os tais beijinhos e abraços seriam dispensáveis, mas a maioria das pessoas anda demasiado carente e que havemos de fazer? Ir cedendo com um pouco de receio, mas ao mesmo tempo pensando que o pior passou!
    Nos ajuntamentos há esses imponderáveis e o vírus sempre à espreita!
    Vamos ter esperança que, pelo menos, não seja como antes!
    Beijinhos e uma boa semana.
    Ailime

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    1. Olá, cara Ailime
      Nota-se que a maior das pessoas nos transportes públicos e sítios com muita gente, com constipação e tosse não se resguarda resguardando os outros. Esse era um hábito que nos devia ter ficado, depois de tudo o que passámos. E assim não transmitiríamos as gripes e o Covid-19. Enquanto não nos convencermos disso, os vírus continuarão a passear no meio de nós com toda a descontracção.
      Esperemos que sim, minha amiga. Esperança e algum esforço da
      nossa parte.
      Tenha uma boa semana.
      Beijinhos
      Olinda

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  14. Espero que já esteja bem. Assim vivemos, ou vamos seguindo apesar de...; ou nos recolhemos, ou vivemos. Conviver com este invisível tem sido o nosso grande desafio. Sigamos com a esperança que as viroses não se fortaleçam. Boa tarde

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    1. Olá, Norma
      Tem razão. Ou vivemos fechados ou vive-se a vida .
      É uma circunstância com que temos de contar.
      Já estou bem, muito obrigada.
      Tenha uma semana excelente.
      Beijinhos
      Olinda

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  15. Olá Olinda!
    Ele é traiçoeiro, nunca deixou de por aí andar à espera de uma oportunidade.
    Em lugares com muita gente como nas compras etc., estou de novo, pelo sim pelo não a usar máscara, o que detesto, já tenho dificuldades respiratórias pelo que me incomoda bastante.
    Mas o que importa retirar é que a Olinda esteja em pleno e completamente recuperada.
    Adorei o comentário (lá) como sempre tão gentil, e é com um gosto imenso que o recebi e agradeço.
    Um resto de semana com saúde e alegria.
    Um kandando com amizade e estima

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    1. Caro Guma
      Vírus traiçoeiro e de que maneira!
      As máscaras são incómodas mas por um bem maior suportam-se.
      As próprias gripes, por vezes, trazem complicações e deveríamos ter
      mais cuidado para não as espalhar por aí.
      Os temas que publica no "Serra da Leba" são fascinantes para além
      das fotos que são pura arte. E já agora, o nome do blog sugere-me a evocação daquela belíssima formação rochosa, com a estrada serpenteante, rodeada de belas paisagens, entre as fronteiras de Huíla e Namibe, e faz-me viajar no tempo e no espaço.
      Também lhe desejo tudo de bom, meu amigo.
      Um grande abraço
      Olinda

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  16. Que magnífica descrição, Olinda! Senti o entusiasmo da vida... em todas as emoções... e ajuntamentos, aos quais também eu estava habituada... e dos quais me afastei desde que a pandemia começou, se quiser continuar a conservar a minha mãe por perto, mais uns tempos.
    O "bicho" continua a fazer estrago... e de que maneira... passei todo o Verão, novamente, a tratar das alterações, que ele deixa no sistema circulatório, por meses, nas pernas da minha mãe... e antes das vacinas seria bem pior.
    Este foi um vírus de laboratório... ninguém me convence que veio a este mundo só para nos fazer cócegas... ele foi apurado, para fazer estrago.
    Por conta dele... continuo a desinfectar tudo o que me entra em casa, e tento programar saídas com a minha mãe, a lugares calmos, com poucos ajuntamentos, e a horas menos problemáticas. Só não consigo evitar os covids primaveris, apanhados em consultórios, exames e salas de espera de clínicas, que sempre assinalam as primeiras assistências médicas do ano à minha mãe, após ela passar um Inverno caseiro, a salvo de problemas... e mesmo assim... esse covid quase sem sintomas... provoca-lhe uma dermatite que leva meses e meses a passar... este ano, com direito a tratamentos quase diários, numa das pernas...
    Nem todas as pessoas terão igual sistema imunitário... e este virus, desperta as nossas fragilidades. Infelizmente, posso dizer que ainda não estou numa fase de pós pandemia. A minha mãe, infelizmente não tem margem de manobra para piorar dos seus problemas crónicos, que a fazem ser uma doente de alto risco... por isso não arriscamos celebrações em grupeta... que podem conduzi-la apenas a uma despedida feliz...
    Felizmente este ano, já consegui que levasse a vacina do covid a tempo e horas, há pouquíssimos dias atrás... e daqui a mais uns dias levará a da gripe, para meu relativo sossego. Seria bom, que as pessoas com mais idade, ou problemas crónicos, pudessem ter acesso a uma dose reforçada... mas as mesmas só serão aplicadas em lares, onde as pessoas vivem sistematicamente em comunidade diariamente: utentes em contacto diário com funcionários, visitas, colegas de quarto ou sala. Por conta de tal... aqui em casa continuamos a manter a prática de soprar beijinhos à distância, desde que a virose nos começou a dar o que fazer... e não nos temos dado muito mal... mas é como diz, Olinda... a virose sempre nos encontra, vez ou outra... mesmo em saídas espaçadas, que nos permitam recuperar de algum brinde indesejável...
    Votos de uma boa e rápida recuperação, Olinda!
    Um beijinho grande!
    Ana

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    1. Cara Ana
      O seu comentário veio complementar o que escrevi neste post.
      Tudo o que diz acontece de uma maneira ou doutra e creio que
      há muito covid por aí mascarado de gripe ou coisa que o valha.

      Andamos tão afoitos que ja não tememos os supermercados,
      farmácias, mercados, transportes públicos, consultórios, mas
      a verdade é que não estamos safos, especialmente agora que
      entrou o Outono e com este calor de fora de época.

      Já sabemos que as vacinas não nos livram do vírus mas ao menos
      contamos que não nos traga consequências de maior se ele nos
      apanhar. Todo o cuidado é pouco e era da maior conveniência se
      tivéssemos conservado alguns bons hábitos adquiridos no pico da
      doença.

      Mas, enfim, esperemos que tudo se vá resolvendo pelo melhor.
      Desejo muitas boas à sua Mãe.
      Beijinhos
      Olinda

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