O amor nos condena:
demoras mesmo quando chegas antes.
Porque não é no tempo que eu te espero.
Espero-te antes de haver vida
e és tu quem faz nascer os dias.
Quando chegas
já não sou senão saudade
e as flores
tombam-me dos braços
para dar cor ao chão em que te ergues.
Perdido o lugar
em que te aguardo,
só me resta água no lábio
para aplacar a tua sede.
Envelhecida a palavra,
tomo a lua por minha boca
e a noite, já sem voz
se vai despindo em ti.
O teu vestido tomba
e é uma nuvem.
O teu corpo se deita no meu,
um rio se vai aguando até ser mar.
in " idades cidades divindades"
Mia Couto (António Emílio Leite Couto) é um escritor moçambicano, nascido em 5 de julho de 1955, na cidade de Beira. Trabalhou como jornalista durante quase 10 anos, porém ingressou na Faculdade de Biologia e, posteriormente, tornou-se professor universitário, profissão que concilia com a sua carreira de escritor. Assim, em 1983, publicou seu primeiro livro de poesias — Raiz de orvalho.
Já seu primeiro romance — Terra sonâmbula — foi publicado, em 1992, com grande sucesso de público e crítica. Ganhador do Prémio Camões em 2013, Mia Couto é um autor da literatura contemporânea, e suas obras são caracterizadas, principalmente, pelo resgate da tradição cultural moçambicana por meio de uma linguagem marcada por neologismos.
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Boa semana, meus amigos.
Abraços
Olinda
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Poema: daqui
Muito lindo e gosto sempre de tuas escolhas e compartilhamento! beijos, tudo de bom,chica
ResponderEliminar"O teu corpo se deita no meu,
ResponderEliminarum rio se vai aguando até ser mar." Tão belo! Mia Couto é um escritor maravilhoso. Toda a prosa e toda a poética dele podem ser lidas para deleite de quem ama as palavras que ele manobra com um talento tão perto da simplicidade que impressiona.
Uma boa semana com muita saúde, minha Amiga Olinda.
Um beijo.
Adoro o Mia Couto, tanto em poesia como em romance ou nas suas palestras, sempre viradas para a natureza e os problemas do clima e como isso afeta a humanidade.
ResponderEliminarAbraço, saúde e uma boa semana
Gostei muito. Excelente partilha. Obrigada :))
ResponderEliminar-
Beijos
Uma boa semana!
Como é bom ler, reler e treler Mia couto. Sobretudo, neste poema tão bem escolhido por você, Olinda. Poema em que ele brinca com as palavras para definir o instante do amor, em que momento ele acontece ou desacontece. Parece tão simples poetar, parece tão simples transfigurar o instante,
ResponderEliminarTambém gostei da música. O vídeo está muito bonito, sobretudo, na abertura no jogo de búzios. Um bela partilha, minha amiga!
Um boa semana para ti também, minha amiga",
Forte abraço,
Gostei. Obrigada por partilhar!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Bom dia de paz, querida amiga Olinda!
ResponderEliminar"O teu corpo se deita no meu,
um rio se vai aguando até ser mar."
É uma lindeza o que escreve o Mia.
Um poema dele muito bem escolhido.
Você que também ama o Amor.
"Quando chegas
já não sou senão saudade
e as flores
tombam-me dos braços
para dar cor ao chão em que te ergues."
A tardança no Amor é constante, movida pela saudade que gruda em nosso peito sem nós querer largar jamais.
Muito bom ter vindo aqui agora no momento anterior em que vou caminhar
A música é animada e gosto do ritmo, como já lhe disse.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos
Grata por esta postagem, minha amiga.
ResponderEliminarGrande abraço, feliz semana :)
Boa tarde Olinda,
ResponderEliminarUm poema maravilhoso que só Mia Couto poderia ter criado com a sua inspiração e sensibilidade poética.
Não conhecia e gostei muito.
Obrigada pela excelente partilha.
(Tenho de ler mais Mia Couto).
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime
Bonito poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Sempre bom ler e relar Mia Couto.
ResponderEliminarPensava que já tinha comentado...
Gostei da música.
Abraço e brisas doces**