Ah querem uma luz melhor que a do sol!
Querem campos mais verdes que estes!
Querem flores mais belas que estas que vejo!
A mim este sol, estes campos, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontento,
O que quero é um sol mais sol que o sol,
O que quero é campos mais campos que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Aquela coisa que está ali estava mais ali que ali está!
Sim, choro às vezes o corpo perfeito que não existe.
Mas o corpo perfeito é o corpo mais corpo que pode haver,
E o resto são os sonhos dos homens,
A miopia de quem vê pouco,
E o desejo de estar sentado de quem não sabe estar de pé.
Todo o cristianismo é um sonho de cadeiras.
E como a alma é aquilo que não aparece,
A alma mais perfeita é aquela que não apareça nunca —
A alma que está feita com o corpo
O absoluto corpo das coisas,
A existência absolutamente real sem sombras nem erros
A coincidência exacta (e inteira) de uma coisa consigo mesma.
Querem campos mais verdes que estes!
Querem flores mais belas que estas que vejo!
A mim este sol, estes campos, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontento,
O que quero é um sol mais sol que o sol,
O que quero é campos mais campos que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Aquela coisa que está ali estava mais ali que ali está!
Sim, choro às vezes o corpo perfeito que não existe.
Mas o corpo perfeito é o corpo mais corpo que pode haver,
E o resto são os sonhos dos homens,
A miopia de quem vê pouco,
E o desejo de estar sentado de quem não sabe estar de pé.
Todo o cristianismo é um sonho de cadeiras.
E como a alma é aquilo que não aparece,
A alma mais perfeita é aquela que não apareça nunca —
A alma que está feita com o corpo
O absoluto corpo das coisas,
A existência absolutamente real sem sombras nem erros
A coincidência exacta (e inteira) de uma coisa consigo mesma.
Ah Alberto Caeiro, dilecto e destacado heterónimo do seu Criador, o que diria se visse agora o nosso Sol obscurecido pelos fumos dos incêndios e os nossos prados e florestas consumidos pelas chamas. E as nossas flores? Onde estarão, delas,
o viço e a cor?
Perante tal desgraça a veia filosófica esconde-se envergonhada, ainda que a filosofia seja a expressão do que acontece na vida.
Mas compreendo-o. O que quer é:
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
No Teu Poema
Carlos do Carmo e Bernardo SassettiLetra e Música de José Luís Tinoco
E também eu.
Irei em busca desse ideal, pela estrada fora,
lembrando-me agora do poema de Guerra
Junqueiro.
Mas volto em breve. :)
Abraços
Olinda
=====
Poema daqui
12-4-1919
12-4-1919
“Poemas Inconjuntos”. Poemas Completos de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença,
1994.
- 145.1ª versão inc.: Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de de João Gaspar Simões e Luís de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946.
Querida amiga Olinda,
ResponderEliminarEntre o ideal, o almejado e a realidade há inúmeras etapas.
Bom seria se não nos perdêssemos no ideal em meio à realidade.
O discernimento se faz mister.
Saborear o que esteja bem próximo do ideal e ao nosso alcance tentando dar nosso melhor com ânimo e generosidade.
Tenha uns dias de bom descanso e da perfeição que puder ser e ter, amiga!
Beijinhos
😘💝💐
Alberto Caieiro soube bem desenhar com palavras a beleza do sol nos campos ,nas flores ,na vida. E, o querer sempre mais e melhor.
ResponderEliminarMúsica solene e boa de ouvir, Olinda
Um abraço grande e que tudo esteja bem ,por onde andares.
Profundo poema . Te mando un beso. Enamorada de las letras
ResponderEliminarTexto lindíssimo que me fascinou ler. O Sol é a luz da vida.
ResponderEliminarCumprimentos poéticos
Oi Olinda que belo reflexão em forma de poesia. Parabéns pela postagem. Tenha um dia maravilhoso. Bjs querida
ResponderEliminarO meu pessoa de eleição, aquele que mais me inspira.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Linda poesia reflexiva! Gostei muito! Ótimos dias de descanso,Olinda!
ResponderEliminarbeijos, te esperamos! chica
Ler Fernando Pessoa em qualquer dos seus heterónimos é uma delícia.
ResponderEliminarE este poema não foge à regra.
Bom fim de semana.
Um beijo.
Aqui deixo os meus cumprimentos, Olinda
ResponderEliminarBelíssima poesia e música escolhida.
Adorei tudo.
Um carinhoso abraço
Verena.
Reflectir sobre cada verso das Obras de Pessoa, é um exercício delicioso; é assumir cada identidade como pessoal e deixar o espírito espraiar-se.
ResponderEliminarNão é qualquer pessoa que se compara ao nosso "grande" Pessoa.
Excelente Post.
Gratos parabéns, Olinda.
Beijo
SOL da Esteva
Alberto Caeiro o mais filosófico dos heterónimos, precisamente por não ter filosofia nenhuma.
ResponderEliminarBoas férias!
Abraço
Boa noite Olinda,
ResponderEliminarAprecio imenso este heterónimo de Fernando Pessoa e o poema é genial!
Gostei também de recordar Carlos do Carmo nesta bela canção.
Tenha dias bem descansados.
Beijinhos,
Ailime
Maravilha de escolha! Eu me deliciei com a leitura e com o vídeo. "A existência absolutamente real sem sombras nem erros" , perfeito , mas difícil. Descanse, querida, e volte logo. Bjs.
ResponderEliminarMaravilha, Olinda, fui lendo, e concordando com a
ResponderEliminarescrita incisiva, forte...e quando chego no final... só podia ser Fernando Pessoa (Alberto Caeiro).
Adorei, querida Olinda.
Descansa, amiga.
Um beijinho.
Fernando Pessoa é um dos meus poetas preferidos, acho totalmente genial! Amei tua postagem. Ótimas férias, descansa, beijos ;)
ResponderEliminarA Natureza tão maravilhosa, sempre a ser agredida com a falta de cuidado dos moradores incautos deste planeta. Alberto Caeiro cantaria de outra forma, com certeza, mas teria sempre razão quando afirmasse: "E o resto são os sonhos dos homens, A miopia de quem vê pouco"...
ResponderEliminarTudo de bom para si, minha Amiga Olinda.
Uma boa semana.
Um beijo.
Ancoro-me nos incisivos versos do( Alberto Caieiro) Fernando Pessoa.
ResponderEliminarTenha dias tranquilos com bom descanso e proveito, Olinda.
Bjos,
Calu
Para quem não gostava de pensar e apenas tinha a instrução básica, os textos de A Caeiro são um espanto!... (Sorrisos...)
ResponderEliminarRegressada de férias, agradeço a sua participação na minha celebração da Amizade e informo que reabri o meu blogue de poesia que consta do meu perfil lincado no meu nome. Publicarei alternadamente nos dois blogues...
Têm surgido dias amenos com uma luz espetacular!...
Boas férias, dias tranquilos, fruindo a natureza... Abraços
~~~~~~
Uma escolha sublime, belíssimo poema.
ResponderEliminarTenha umas tranquilas e felizes férias.
Beijinhos
Thanks for sharing
ResponderEliminarvisit our website
ittelkom jakarta
Bellos poemas te hacen pensar y soñar. Te mando un beso.
ResponderEliminarUm momento que me toca.
ResponderEliminarBasta olhar para a minha serra :(
o que diria A.C se a visse ...
Excelente partilha.
Gostei da música.
Brisas doces **