sábado, 27 de março de 2021

Guerras do Alecrim e Manjerona

Uma tia minha, a Tia Arlete, convidou-nos para irmos ao Teatro Nacional D. Maria II ver a peça "O Judeu", de Bernardo de Santareno (1924-1980). Isto nos idos de '80. Ruy de Carvalho representava o papel de O Cavaleiro de Oliveira, narrador, na referida peça, da vida de António José da Silva (1705-1739). 



António José da Silva (Coutinho), escritor e dramaturgo luso-brasileiro, vive no tempo em que a Inquisição torturava os judeus, impunha-lhes insígnias vergonhosas, sendo obrigados a abjurar a sua fé e, no limite, executados em autos-de-fé. Tanto ele como a sua mãe sofreram esse martírio.

Da sua obra, ressalto "Guerras do Alecrim e Manjerona", uma sátira à sociedade portuguesa de então. Foi levada à cena em 1737. Comédia de enganos, considerada por muitos a sua obra-prima. ... estilo inovador; textos em prosa, marionetas em vez de atores e música com cantores de carne e osso. Eram as óperas de bonifrates ou, como o próprio preferia chamar-lhes, óperas joco-sérias, que seguiam a tradição da escola de Gil Vicente.

Influenciado pelas ideias igualitárias do Iluminismo francês ligara-se a um grupo de estrangeirados formado por figuras ilustres como Alexandre Gusmão, o principal conselheiro de D. João V. Contudo, Gusmão não lhe serviu de nada quando se viu em dificuldades.

António José da Silva tem suscitado a admiração de seus pares ao longo dos tempos, nomeadamente de Camilo Castelo Branco, bem como várias análises ao pendor trágico da sua vida. 

A peça de Bernardo de Santareno, reconhecido como o mais pujante dramaturgo do Século XX - peça que eu tive o prazer de ver - retrata o calvário desse dramaturgo setecentista queimado pelo Santo Ofício. Nela o autor plasma as suas criações no molde do teatro épico de matriz brechteana, adaptando-o ao seu estilo próprio, e assumindo uma posição de crescente intervencionismo que irá retardar até à queda do regime fascista a sua representação.

Hoje, Dia Mundial do Teatro, recordemos estes e outros autores, e os profissionais desta área da Cultura que em tempos considerados normais não contam com grande apoio, mormente agora com as dificuldades que todos conhecemos.



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NOTA:

Insiro a seguir um resumo da vida de António José da Silva, em comentário a este post,
De:


"Fui conhecer um pouco mais da vida desse escritor dramaturgo
alguns detalhes da Wikipedia:
António José da Silva Coutinho (São João de Meriti, 8 de maio de 1705 — Lisboa, 19 de outubro de 1739) foi um escritor e dramaturgo luso-brasileiro nascido no Brasil Colônia.[1] Formado na universidade de Coimbra,[2] escreveu o conjunto da sua obra em Portugal entre 1725 e 1739.[1] Recebeu o epíteto de "O Judeu".
É hoje considerado um dos maiores dramaturgos portugueses de todos os tempos e o precursor da modinha.
O romancista português Camilo Castelo Branco (1825-1890) retratou a vida de várias gerações da família de António José da Silva até à sua morte na sua obra O Judeu.[5][6] A história de António José da Silva também inspirou Bernardo Santareno, igualmente de origem judaica, a escrever a peça O Judeu (1966)"
António José da Silva foi garrotado antes de ser queimado num Auto-de-Fé em Lisboa em Outubro de 1739. Sua mulher, que assistiu à sua morte, morreria pouco depois.
Tudo muito triste"


Os meus agradecimentos

Abraço


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Leia se lhe interessar:

"Guerra do Alecrim e Manjerona",

Cavaleiro de Oliveira

Bernardo de Santareno

Programação

Imagem: Net

21 comentários:


  1. Fui conhecer um pouco mais da vida desse escritor dramaturgo
    alguns detalhes da Wikipedia:
    António José da Silva Coutinho (São João de Meriti, 8 de maio de 1705 — Lisboa, 19 de outubro de 1739) foi um escritor e dramaturgo luso-brasileiro nascido no Brasil Colônia.[1] Formado na universidade de Coimbra,[2] escreveu o conjunto da sua obra em Portugal entre 1725 e 1739.[1] Recebeu o epíteto de "O Judeu".
    É hoje considerado um dos maiores dramaturgos portugueses de todos os tempos e o precursor da modinha.
    O romancista português Camilo Castelo Branco (1825-1890) retratou a vida de várias gerações da família de António José da Silva até à sua morte na sua obra O Judeu.[5][6] A história de António José da Silva também inspirou Bernardo Santareno, igualmente de origem judaica, a escrever a peça O Judeu (1966)"
    António José da Silva foi garrotado antes de ser queimado num Auto-de-Fé em Lisboa em Outubro de 1739. Sua mulher, que assistiu à sua morte, morreria pouco depois.
    Tudo muito triste

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    1. Bom dia

      Excelente resumo a complementar o post.
      Muito obrigada pelo contributo.
      Bom domingo.
      Abraço

      Abraço

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  2. Mais uma magnifica publicação! Parabéns :))
    -
    Os passeios que ficaram por fazer.
    -
    Beijos e um iluminado fim de semana.

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  3. No dia do Teatro foi excelente ter lembrado António José da Silva, como Bernardo Santareno, autor de peças de teatro que vi e voltaria a ver se a nossa televisão tivesse o hábito de as transmitir. Obrigada, minha Amiga Olinda por se lembrar dos autores e profissionais da cultura que tanto estão a passar.
    Muita saúde.
    Um beijo.

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  4. Nunca vi em palco O Judeu mas estudei-o vários anos com os alunos do 12º!

    Abraço

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  5. Uma excelente homenagem ao Teatro e aos seus obreiros...

    É lamentável que estas obras estejam no domínio museológico, porque a terrível época da Inquisição merece ser conhecida por todos, como meio de formação.

    Paeabéns pela publicação, Olinda.
    Uma semana tranquila. Beijinhos.
    ~~~~~

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  6. Talvez saibamos quem somos, ou pelo menos, já saibamos reconhecer quais os nossos defeitos e qualidades, mas nunca saberemos o nosso propósito aqui neste mundo; é inevitável que não nos interroguemos sobre isso, principalmente quando vemos pessoas a partirem tão cedo, depois de anos de sofrimento, quem somos, o que andamos aqui a fazer, o que nos destina a vida daqui para a frente, são questionamentos meus e talvez de muita gente, querida Amiga. Tenho vindo aqui, tenho lido os posts sempre muito interessantes, mas, ultimamente a minha cabeça tem andado " baralhada " e preocupada com a situação do meu Grande Amigo que acabou ontem a sua sofrida caminhada. Hoje é o dia do teatro e neste palco que é a vida, algumas peças mostram personagens cuja existência se resume a dores contantes como foi o caso de António José da Silva e de tantos outros. Amiga, obrigada pelas informações aqui partilhadas que me fizeram recordar partes, já muito esquecidas, da nossa história. O Teatro merece ser lembrado! Um beijinho e SAÚDE para todos, querida Olinda
    Emilia

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  7. É sempre muito bom, amiga Olinda, ler um texto que faça divulgação da literatura, nomeando nomes importantes de escritores, bem como do teatro, atualmente com suas portas fechadas devido a pandemia. Aqui na nossa cidade, Porto Alegre, temos vários teatros sendo o melhor deles o teatro São Pedro, um prédio antigo e requintado, estilo Barroco Portugues, onde Taís e eu vemos importantes peças. Não conhecia o escritor luso-brasileiro António José da Silva Coutinho, mas já está na minha lista para novas aquisições.
    Uma boa semana.
    Um abraço.

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  8. Bom dia Olinda,
    Uma bela homenagem ao Teatro referenciando o grande Autor Bernardo Santareno e essa figura ímpar que foi António José da Silva Coutinho, que não conhecia.
    Como sempre um post muito enriquecedor.
    Um beijinho e uma boa semana, com saúde.
    Ailime

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  9. Não conheço a obra do escritor dramaturgo mas, acredito, que tenha sido muito bom assistir à peça teatral.
    .
    Cumprimentos poéticos.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  10. oi Olinda
    Obrigada pela visitinha amável.
    Bom ler a respeito de dramaturgia .Arte sempre bem vinda.
    Não sou muito de teatro, talvez pela facilidade que a internet proporciona com todas as formas de interesse. E, pelo cuidado das saídas a noite,(independente do momento),é da violência que acampa no País, falo pelo meu Rio de Janeiro.
    Obrigada por trazer um pouco do escritor, em pauta.
    abraços

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  11. António José da Silva, o Judeu, tinha olhar certeiro
    e pena afiada - pagou com os ossos fogueira e, como bem nota a Olinda, de nada lhe serviram as relações de amizade com os poderosos, que se puseram a salvo, como sempre acontece...

    Estas guerras de "alecrim e manjerona" são pois coisa seria e sempre actuais-

    gostei muito, amiga
    tambem tu foste certeira, na excelente apresentço do tema

    beijo

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  12. Já teve um lugar de destaque na minha profissão...como tantos que vão ficando arrumados e esquecidos. Tudo se tornou redutor...
    Que bom encontrá-lo aqui destacado.
    Beijinho

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  13. Depois de ter deixado de visitar blogues
    há muito tempo, hoje aqui estou a matar
    saudades do seu e a provar que não
    me esqueci.
    Desejo que se encontre bem.
    Bjs.
    Irene Alves

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    Respostas
    1. Olá, Irene

      Há quanto tempo!
      Grata pela sua visita.
      Bjs
      Olinda

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  14. Excelente esta sua lembrança Olinda, para homenagear o Dia Mundial do Teatro.
    A televisão tinha, nos meus tempos de juventude, um dia dedicado ao teatro, eram as "Noites de Teatro ". O teatro era assim divulgado e apreciado para quem não tinha meios de o ver ao vivo.
    Descobri este site da RTP, muito interessante que até tem um pequeno vídeo da peça:
    https://ensina.rtp.pt/artigo/guerras-do-alecrim-e-manjerona/

    Um beijinho


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  15. Olinda querida, gostei de ler um texto em homenagem ao Dia do Teatro, você sempre nos lembra aqui desses 'dias' em homenagem à cultura. Adoro teatro!
    Desejo a você e sua família uma feliz Páscoa, querida amiga.
    Beijinhos.

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  16. Querida Olinda, hoje venho apenas desejar uma Feliz e Santa Páscoa.
    Beijo, muita, muita saúde.

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  17. É bom não esquecer quem contribuiu para o enriquecimento cultural do nosso país. O teatro é um bom exemplo. Quem nele se envolve deve ser acarinhado. As páginas da inquisição são, realmente, arrepiantes.
    Parabéns, querida amiga Olinda, pela lucidez de trazer a lume estes temas.

    Feliz Páscoa!

    Abraço.

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  18. Muy buen blog!

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  19. Boa noite de paz, querida amiga Olinda!
    Li com atenção e percebo a publicação muito bem preparada por você para ressaltar o Teatro em seu dramaturgo aqui representado.
    É interessante quando a esposa falece logo em seguida ao esposo.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos carinhosos e fraternos

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