Homens que são como casas saqueadas
Que são como sítios fora dos mapas
Como pedras fora do chão
Como crianças órfãs
Homens sem fuso horário
Homens agitados sem bússola onde repousem
Homens que são como fronteiras invadidas
Que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos
Desempregados das suas vidas
Homens que são como a negação das estratégias
Que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar
Daniel Faria
(1971-1999)
(1971-1999)
Poema que confirma o génio de Daniel Faria e de uma maturidade assombrosa para um jovem poeta. Revelador da sua visão mística e visceral, é ainda de um perfeito domínio formal aliado a uma poesia que ilumina, numa incessante busca e contemplação e numa serena exaltação dos mistérios do homem, intensificando-os, deixando-os no lugar.
Cláudia R. Sampaio - aqui
Daniel Faria, Poeta que morreu com apenas vinte e oito anos. Dir-se-à que perdemos muito do que ele teria ainda para nos dar, a dádiva da sua Poesia. E é verdade. Mas verificamos que mesmo nesse pouco tempo de vida deixou a marca da sua passagem de forma indelével.
Neste Poema verificamos a força da sua observação do mundo. Ontem e hoje, a nossa humanidade está sempre a ser posta em causa. Parecemos seres sem poiso e sem vontade de alcançar níveis de pensamento que nos dignifiquem.
Pairamos algures, amorfos, na maior parte das vezes, sem tomar posição em favor do outro. O outro é sempre o outro. Não nos atinge o que possa sofrer desde que não seja connosco.
Contudo, creio no ser humano. Há momentos em que desperta e mostra que afinal continuamos por cá. E é bom sentir que temos ainda alguma noção de solidariedade e de amor universal.
Contudo, creio no ser humano. Há momentos em que desperta e mostra que afinal continuamos por cá. E é bom sentir que temos ainda alguma noção de solidariedade e de amor universal.
Bom fim de semana, meus amigos.
Abraços.
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Poema fascinante. O HOMEM como centro nevrálgico do mundo, ponto central de um poema delicioso de ler.
ResponderEliminarLuciano Pavarotti uma voz sem igual.
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Cumprimentos poéticos
Bom fim de semana
Ora um poeta que morreu muito cedo! Amei a poesia!:)
ResponderEliminar-
Estória esculpida no meu coração
Beijos. Bom fim de semana!:)
E é bom sentir que temos ainda alguma noção de solidariedade e de amor universal.
ResponderEliminarBoa noite de muita paz, querida amiga Olinda!
Seu post encheu-me de saudades: o tenor que encanta e que me fez lembrar que tínhamos, em Coral daqui que participo, uma viagem para Itália em Novembro, tudo cancelado, claro!
O Isolamento Solidário é urgente!
Que emoção é ouvir o vídeo!
Há várias espécies de homens e homens e nós estejamos contextualizados na atualidade que é imprevisível, mas precisamos estar unidos.
Belíssimo post, amiga!
Tenha um final de semana abençoado!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
"[...] Os Homens, são sobreviventes vivos [...]"
ResponderEliminarQuem mais poderia "ver" uma tão grande realidade?
Não conheci Obra de Daniel Faria.
Pena que nos haja deixado tão cedo.
Grato por no-lo trazeres ao conhecimento.
Beijo
SOL
Não conhecia.Tenho que procurar conhecer um pouco mais já que gostei imenso deste poema.
ResponderEliminarObrigado pela partilha
Abraço, saúde e bom fim de semana
uma avassaladora cascata de metáforas.
ResponderEliminaralgumas bem anafadinhas e estridentes (para os meus tímpanos)
que devem fazer corar de prazer (ou inveja) os apreciadores.
porém, atenção
o poema pelo tema, pela sua musicalidade e "coerência" interna
é um belíssimo poema!
e Daniel Faria um talentoso Poeta
como bem assinala a amiga Olinda
abraço
Tão atual e confrangedor este poema de Daniel Faria! O que se passou no mundo deixou "Homens que são como danos irreparáveis
ResponderEliminarHomens que são sobreviventes vivos
Homens que são como sítios desviados
Do lugar"
Boa escolha, querida amiga Olinda! Lamentamos que este poeta nos tenha deixado tão cedo!
Beijos.