Sempre me impressionou o facto de o Almirante Cândido dos Reis, o militar principal e um dos cérebros da chamada insurreição, se ter suicidado a 4 de Outubro, na véspera da proclamação da República. Diz-se que à notícia de que a Infantaria 16 teria saído para a rua e começado a fuzilar o povo e que ao rebate "Está tudo perdido...Está tudo perdido!", o nosso homem não resiste à pressão. Ele é depois encontrado morto na Azinhaga das Freiras. Mas, não teria ele a obrigação de fazer uma avaliação criteriosa e corajosa da situação? Que pânico aquele que o leva a pôr fim à vida? Ou não se trata de nada disso?
E que dizer de Miguel Bombarda, médico, chefe civil da causa revolucionária, que é morto por um doido, seu antigo doente, como ele próprio ainda consegue dizer, no dia 3 de Outubro? Pela cidade corre a notícia de "Lá o mataram!". E várias especulações ainda vigoram. Machado Santos consegue segurar a coisa e ele e o seu grupo transformam-se nos "doidos" da Rotunda, pela eficiente resistência no Alto da Avenida da Liberdade, com pouquíssimos recursos.
E que dizer de Miguel Bombarda, médico, chefe civil da causa revolucionária, que é morto por um doido, seu antigo doente, como ele próprio ainda consegue dizer, no dia 3 de Outubro? Pela cidade corre a notícia de "Lá o mataram!". E várias especulações ainda vigoram. Machado Santos consegue segurar a coisa e ele e o seu grupo transformam-se nos "doidos" da Rotunda, pela eficiente resistência no Alto da Avenida da Liberdade, com pouquíssimos recursos.
Desde esse dia 5 de Outubro até ao golpe de 28 de Maio de 1926 decorre um período conturbado de dezasseis anos, pleno de convulsões sociais e desmandos políticos. Sucedem-se de forma alucinante, parlamentos (7), governos (39), presidências da república (8), e outras instituições.
Um dos exemplos desses desvarios é Sidónio Pais que em 1917 detinha o cargo de presidente do ministério (actual primeiro-ministro), acumulando-o com as pastas da Guerra e dos N. Estrangeiros, e que também toma para si o lugar de presidente da república, destituindo sumariamente Bernardino Ribeiro. Através de decretos altera a Constituição de 1911, governa de forma ditatorial, e a República passa a ser conhecida como a República Nova. Sidónio Pais é assassinado em Dezembro de 1918.
A situação criada por Sidónio é, no entender de alguns, precursora do Estado Novo. Com o golpe de 28 de Maio de 1926 pretender-se-ia sanar os problemas criados durante estes atribulados anos como, por exemplo, equilibrar as contas públicas. Para isso, são solicitados os serviços de António de Oliveira Salazar.
Mas antes de Salazar e do Estado Novo temos a noite de 19 de Outubro de 1921, conhecida por noite sangrenta*, trágica, em que uma camioneta fantasma com pessoas dentro anda pela noite ceifando vidas, as vidas de António Granjo, então presidente do Ministério, Machado Santos e José Carlos da Maia, dois históricos da proclamação da República, o comandante Freitas da Silva, secretário do ministro da Marinha, o coronel Botelho de Vasconcelos, entre outros.
É este o nosso país, o tal de brandos costumes.
Meus amigos desejo-vos um excelente dia.
Um dos exemplos desses desvarios é Sidónio Pais que em 1917 detinha o cargo de presidente do ministério (actual primeiro-ministro), acumulando-o com as pastas da Guerra e dos N. Estrangeiros, e que também toma para si o lugar de presidente da república, destituindo sumariamente Bernardino Ribeiro. Através de decretos altera a Constituição de 1911, governa de forma ditatorial, e a República passa a ser conhecida como a República Nova. Sidónio Pais é assassinado em Dezembro de 1918.
A situação criada por Sidónio é, no entender de alguns, precursora do Estado Novo. Com o golpe de 28 de Maio de 1926 pretender-se-ia sanar os problemas criados durante estes atribulados anos como, por exemplo, equilibrar as contas públicas. Para isso, são solicitados os serviços de António de Oliveira Salazar.
Mas antes de Salazar e do Estado Novo temos a noite de 19 de Outubro de 1921, conhecida por noite sangrenta*, trágica, em que uma camioneta fantasma com pessoas dentro anda pela noite ceifando vidas, as vidas de António Granjo, então presidente do Ministério, Machado Santos e José Carlos da Maia, dois históricos da proclamação da República, o comandante Freitas da Silva, secretário do ministro da Marinha, o coronel Botelho de Vasconcelos, entre outros.
É este o nosso país, o tal de brandos costumes.
Meus amigos desejo-vos um excelente dia.
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*Tomei contacto, pela primeira vez, com a realidade dessa noite trágica através de um jornal da época, quando, em tempos, pesquisava para um trabalho. Depois disso li A Noite Sangrenta, de José Brandão, de 1991, e outros escritos sobre a matéria.
-Imagem retirada da Net.
Consta também da capa do Vol. XI da História de Portugal de Joaquim Veríssimo Serrão, sobre a 1ª República (1910-1926), mas um pouco mais recortada. Não é das minhas imagens preferidas.
(•ิ‿•ิ)✿
ResponderEliminarUne petite visite amicale chez toi !
C'est très intéressant Olinda !
MERCI beaucoup pour ce partage sur ton joli blog !
Je t'envoie de GROS BISOUS d'Asie vers le Portugal
Bon dimanche !!!!!! ✿✿º°。
Histórias da nossa história centrada no Cinco de Outubro.
ResponderEliminarPassos e recuos, antes e depois e também agora.
Os cérebros embeberam-se de aleivosias e não de amor à Pátria.
Hoje nem equilibram as contas nem serenam a revolta que cresce.
Vivem de tacho e para os tachos, com carros e motoristas bem pagos enquanto o povo anda à deriva.
~
ResponderEliminar~ ~ Poder-se-ia dizer que o Regicídio abriu as portas a ferozes arbitrariedades.
~ ~ Deixa-me particularmente contristada o caso de Manuel de Arriaga, um homem bom e bem formado, de grande capacidade intelectual, eloquente orador e um dos mais brilhantes defensores da República, que conseguiu exercer durante quatro anos, o cargo de primeiro presidente eleito de Portugal, para depois ser caluniado e assassinado politicamente.
~ ~ Vítima da ambição de Teófilo Braga e seus correligionários, escreveu um livro em sua defesa. Morreu dois anos depois de ter sido substituído, amargurado por sentir-se proscrito:. uma das figuras mais prestigiadas e relevantes do republicanismo.
~ ~ A partir daí, o período de dez que antecede o Estado Novo, foi de uma instabilidade, de uma anarquia, de um furor e irresponsabilidade que nos deixa indignados e mesmo, horrorizados.
~ ~ Páginas negras da nossa história.
~ ~ ~ ~ Abraço amigo. ~ ~ ~ ~
entretanto...
ResponderEliminarCavaco não é presidente da república
mas chefe de estados de sítio
De brandos costumes só na gíria popular.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
A História de Portugal está cheia de acontecimentos interessantes.
ResponderEliminarMas, nalguns casos,.a verdade ainda está por descobrir.
Por exemplo: sendo, na época, o país pobre e sem conhecimentos de navegação assinaláveis, como é que arranjamos financiamento e técnicas de construção? Nunca ouvi uma explicação cabal, apenas uns rumores de que teriam sido os Templários a financiar e a trazer os desenhos das caravelas, que ficaram sempre em Tomar, onde o Infante ia retirar apontamentos de vez em quando.
Boa semana, querida amiga Olinda.
Abeaço.
Amiga, li agora o seu comentário no Sexta e fiquei espantada. É que eu não vejo lá nenhuma hiperligação nem no seu comentário, nem em nenhum outro . Será que só você vê? Se assim é provavelmente será do seu blogue, eu não notei nada de anormal, nem quando cá estive depois, nem agora. Nada de publicidade nem de hiperligações.
ResponderEliminarUm abraço e oxalá o blogue fique bom logo.
EliminarCara Elvira
Muito obrigada pela sua resposta.
Então o problema é mesmo daqui.
Terei de arranjar uma solução.
Abraço
Olinda
Interessante post, querida Olinda, e muito oportuno.
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana :)
Belo post...Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
Boa noite amiga!
ResponderEliminarVim para lhe desejar muita paz e amor para esta semana. Que Alegria esteja sempre em sua vida! abraço amigo
Maria Alice
É sempre bom ter ciência de fatos da história de outro país, principalmente quando tem ligações tão fortes com o nosso. Muito não se sabe sobre as verdades que ficaram no passado. Bjs.
ResponderEliminarNum de seus sermões, António Vieira, padre, termina dizendo: "Vede agora se eu tinha razão para dizer, que é natureza ou má condição da nossa Lusitânia não poder consentir que luzam os que nascem nela. E vede também se podia Santo António deixar de deixar a Pátria, sendo filho de uma terra onde não se consente o luzir, e tendo-lhe mandado Cristo que luzisse."
ResponderEliminarpois é, mas é o nosso país
ResponderEliminare branda é que a História não é
um abraço, Olinda
A história de cada um....
ResponderEliminarBeijo Lisette.
Outros tempos, realmente. Hoje em dia, sangra-se de outra forma, é mais rebuscado!
ResponderEliminarBeijinhos, bom dia!
Já vi que gosta imenso de história. Eu também e tenho pena de não saber mais.
ResponderEliminarGosto muito da forma como expõe as suas ideias nos posts! =)
Beijinho e boa semana *
http://agatadesaltosaltos.blogspot.pt/