Quando a flor da água não for superfície
Nem for outra cor para a flor do fundo; Quando a sombra der de si mesma indício;
Quando um lírio for de si mesmo oriundo;
Quando os astros forem a luz que os anima
E as rosas iguais ao que são por fora
E a forma do corpo florir na retina
Subida do peso carnal que a demora;
Quando um rouxinol for no próprio canto
Vibração da sua mais longínqua era;
Quando as violetas não forem o espanto
De se transformarem para a primavera;
Quando uma laranja comer um rapaz
Em vez desta fome disposta ao contrário;
Quando for o mesmo à frente ou atrás;
Quando estar sentado for imaginário;
Quando uma donzela não for colorida
E a terra a medida dum corpo no chão
E a morte não for outro nome para a vida
E a vida esta grande falta de razão:
Quando uma cidade for A Conseguida
Porque uma cigarra tem opinião;
Quando dar a mão não for despedida
E um gesto não for o exílio da mão…
Natália Correia
1923-1993
Senhora de grande talento, foi poeta, dramaturga, romancista, tradutora, jornalista, guionista e editora. Combativa, evidenciou-se em vários momentos
pelo seu posicionamento na vida política. A sua escrita foi classificada por alguns críticos como surrealista, outros como barroca e outros, ainda, como romântica.
Poema retirado do Banco de Poesia Fernando Pessoa.
Poemas feitos das fibras mais puras de um sonho.
ResponderEliminarNatália Correia sonhava e vivia mensagens daquilo que amava e queria.
Não, não é sonho. Nós podemos construir e viver um mundo melhor.
Por tudo isso aqui estamos,
ResponderEliminareu e a Olinda, quais guitarras;
De mãos dadas declamamos
Poemas de outras cigarras...
E será que algum dia o mundo será como ela o sonhava?
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
Saudosa e corajosa Natália!
ResponderEliminarBelíssima escolha.
Beijinho, querida Olinda.
Que mundo colorido o de Natália!!! E que vida cheia!
ResponderEliminarBeijinhos, bom sábado :)
Olá, minha amiga, bom dia de sábado
ResponderEliminarQuando tudo parece um ponto de interrogação, eis que surgem os coloridos da Vida
Abraços
~
ResponderEliminar~ Natália Correia foi surrealista, romanesca e, também, barroca.
~ Um estilo inimitável e de acordo com a sua personalidade.
~ Deixou-nos algumas obras poéticas que são jóias da nossa literatura, mas também discursos enfadonhos, pelo exagero do uso de floreados verbais.
~ Apesar de alguns exageros, é uma escritora que engrandece a História da Literatura Portuguesa.
@s Poetas vivem das esperanças que sentem. Natália não era excepção.
ResponderEliminarQuando @s Poetas se tornarem gente,
Perde-se a Alma que o verso tem.
Sem a Poesia, é-se diferente,
Porque ela dava a Alma de alguém...
Beijos
SOL
A nossa Natália
ResponderEliminarNatália, grande escritora, frontal, incisiva e - quando jovem - linda, segundo dizem.
ResponderEliminarPassei junto à casa onde nasceu, nos Açores.
Tenho lido muito dela, porém desconhecia este poema.
Minha querida Olinda, abraço com amizade e votos de excelente domingo :)