Sabes, leitor, que estamos ambos na mesma página
E aproveito o facto de teres chegado agoraPara te explicar como vejo o crescer de uma magnólia.
A magnólia cresce na terra que pisas – podes pensar
Que te digo alguma coisa não necessária, mas podia ter-te dito, acredita,
Que a magnólia te cresce como um livro entre as mãos. Ou melhor,
Que a magnólia – e essa é a verdade – cresce sempre
Apesar de nós.
Esta raiz para a palavra que ela lançou no poema
Pode bem significar que no ramo que ficar desse lado
A flor que se abrir é já um pouco de ti. E a flor que te estendo,
Mesmo que a recuses
Nunca a poderei conhecer, nem jamais, por muito que a ame,
A colherei.
A magnólia estende contra a minha escrita a tua sombra
E eu toco na sombra da magnólia como se pegasse na tua mão
Daniel Faria
E eu toco na sombra da magnólia como se pegasse na tua mão
Daniel Faria
O mundo de Daniel Faria é o mundo do símbolo,
um mundo em que existe o tudo e onde tudo é lançado conjuntamente, um
mundo onde há um centro para o qual convergem todos os sentidos: «Desejo o
útero de tudo» (273) (*), escreve o Poeta, colocando-se na posição daquele
caminha para esse centro. Nesse mundo, onde o sentido é concebido como
absoluto, a escrita nasce da atenção e da escuta, que são atitudes daquele que
está em silêncio, não daquele que fala ou escreve. Os poemas de Daniel Faria
apontam muitas vezes para um tempo e uma experiência que lhes seriam
anteriores: antes do poema, haveria esse silêncio meditativo e a escuta que ele
propicia, haveria a condição daquele que ouve, ou vê, mas não fala; só depois
viria o poema, que, ao resgatar do silêncio o saber daquele que ouviu, ou mais
precisamente daquele que viu uma linguagem que excedia a palavra,
resolveria a incompatibilidade entre a escuta e a fala. Por consequência, nos
poemas, nós encontramos, então, as «Palavras do homem no lugar penetrante / De
quem ouve. Palavras / De quem cai em êxtase, e se ergue pelo tato // [...]
Palavras de quem vê e derrama / Os olhos e os cântaros sobre si» (203).
Continuar a ler texto: aqui
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Poema trazido do Bibliotecário de Babel
(•̃‿•̃)
ResponderEliminar❀ Merci Olinda !
C'est très beau !
GROS BISOUS
bonne journée
Que Lindo.
ResponderEliminarObrigada.
Não conhecia nada de Daniel faria e gostei!
ResponderEliminarA magnólia também passou a ser minha!
Abraço
Pois é, vim conhecer um pouco desse autor que atá agora era totalmente desconhecido para mim.
ResponderEliminarMas, ficamos encantados com a sua pequena amostra da sua obra, e a magnólia passa a ser nossa também.
Abraço
Boa partilha
ResponderEliminarMas que belo poema, Olinda! Não conhecia o autor e fiquei fascinada com a visão que ele tem da vida e que vem ao encontro da tal " discrição " que devemos ter em relação a todos os que nos rodeiam. O teu sempre assertivo comentário no Começar de Novo muito acrescente à mensagem passada tanto neste poema, quanto no texto que apresentei.
ResponderEliminarAfinal, estamos todos na mesma página " e a magnólia quando nasce também é para todos. Um dos seus ramos sempre se inclina para o lado de cada um de nós e não devemos desprezar a flor que nesse ramo nos é oferecida; devemos sim, apreciá-la, sentir o seu perfume e com essa emoção sentida escrever um poema nem que seja para ser lido só pelo nosso coração.. Apesar de nós,a magnólia vai crescer...vai florir...vai perder as folhas e de novo florir; é o ciclo da vida...é o livro que a cada dia se abre nas nossas mãos e que temos de o ler; por isso é melhor que o façamos bem devagar, apreciando...observando...sentindo cada palavrinha e depois, sim, o poema chegará, um poema que será a expressão daquele que sabe escutar..que sabe sabe dar atenção e que
quer ser a voz daqueles que, por motivos vários, se remeteram ao silencio; enfim...será a
expressão daquele que está disposto a ser a magnólia que oferece a sua bela flor. Gostei imenso desta " página " que connosco partilhaste fazendo-a nossa e da flor que aceitei como minha, guardando-a no melhor lugar que tenho para ela, o meu coração.
Obrigada, querida amiga pelo magnífico momento e pelo tanto que me dás sempre que venho ao Xaile de Seda. Já há muito que não lia um poema tão bonito, Olinda. Beijinhos, amiga e até sempre!
Emília
Muitas vezes só necessitamos de uma palavra de conforto, de ânimo,
ResponderEliminarde alguém que dedique um pouco do seu tempo para nós.
E são nessas muitas vezes que encontramos nossos amigos virtuais!
Hoje venho te abraçar pelo dia do amigo virtual.
Você é benção na minha vida.
Quero estar em sintonia contigo
por muitos anos .
Como muito carinho deixei um mimo na postagem,
simples mais de todo coração.
beijos te agradeço pela nossa amizade.
Evanir.
Já ouvi, ou melhor, li muita coisa sobre Daniel Faria, mas ainda não o tinha lido. E gostei!
ResponderEliminarBeijinhos, Olinda, bom dia!
Os versos são belos e não conhecia o autor. As considerações que transcreveu, a propósito de seu mundo, são um estímulo para que nos aprofundemos sobre ele. Bjs.
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