coração desperto no silêncio
da noite inteira e longa
murados horizontes espessos
densos, tensos, cerrados
limites sem limite
muros, murros, esforço vão
de penetrar no coração do mundo
gramática do universo
inútil, vazia, sem regras para
a necessária e urgente decifração
do significado das coisas
Floriram em Maio as cerejeiras
verdes os campos no Fevereiro frio
Quem? Como? Reverdecem
florescem todos os anos os campos
Quem? Como? Na linha do horizonte
ponte entre a terra fecunda e o mistério dos seres
Quem? Como? Na linha do horizonte
na brisa da tarde, suave, o Espírito
sustém na vida, no recesso, sem limites
do Seu Seio todas as criaturas do universo
Quem? Como? O Espírito, fogo, vida
recôndito, ardente, palavra, Deus, Pessoa?
Maria de Lourdes Belchior
In: GRAMÁTICA DO MUNDO, pg 69, Biblioteca de Autores Portugueses
Por todo este volume perpassam interrogações. Em quase todos os poemas. Inquietude? Procura de respostas nas entrelinhas de um mundo incongruente, onde, se regras existem, elas não são cumpridas? Ou retórica?
Segundo leitura de Maria Idalina Resina Rodrigues, aqui, são temas e tópicos bíblicos também do agrado do maneirismo e do barroco, mas sempre pessoalizando uma interpelação a Deus quanto ao sentido de um mundo que desejava decifrado sem rejeição.
Trata-se de uma figura realmente interessante, que se afirmou nas Letras e em inúmeras actividades e cargos na área da Cultura.
Petit coucou chez toi ce matin Olinda
ResponderEliminar❤ J'adore la "gramacita do Mundo" !!!
MERCI pour ce beau partage.
GROSSES BISES d'Asie et bonne journée !
(^‿^)❀
Pelo poema publicado e pela explicação parece ser um livro muito interessante.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo
A poesia não quer salvar o mundo
ResponderEliminarsó ajudar
quando nos interroga