Esta secura calada na garganta
não sei bem se veio do vento
ou das entranhas do inferno.
Este horizonte estreito
a estrangular distâncias e esperanças
não sei se é feito de sangue
ou de poeira vermelha.
(Oh! que desejo de uma carícia
de sombra fresca
de verdes ramos
e rochas húmidas)!
Será que perdi a voz
neste mar de sol
onde a paisagem é figura desfocada?
Se grito
o grito em mim persiste a esbracejar
porque não sai
do poço desta angústia amordaçada.
Aguinaldo Fonseca
(1922-2014)
(Claridade, nº 8, 1958)
in: No Reino do Caliban, pg 166
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Emília Pinto
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Emília Pinto
- Assim como a Mãe negra, também nós temos a tendência de olhar o céu tão azul para ver se ele nos aquieta... se enche o nosso coração de esperança...de muita serenidade. às vezes por mais azul que esteja só vemos nuvens escuras carregadas de cinzento, mas continuamos sempre à espera que uma estrelinha brilhe em " forma de
carícia ", mas, a " secura calada na garganta" e horizonte estreito
a estrangular distâncias e esperanças" continuam. Fome de pão...fome de afectos...fome de humanidade; muitos " gritos " por todo o lado num" poço de angústia amordaçada "
E assim vai este poeta cantando as desventuras de um povo nos seus dias de " estiagem."
Obrigada, Olinda por este momento de bela poesia. Um beijinho, amiga e, apesar de tanta chuva, desejo-te um bom fim de semana
Emília - A geografia do nordeste do Brasil, é tão semelhante a de Cabo Verde, e já cantada e decantada por vários poetas de cá e de lá... Que comumente me embrenho na paisagem dos dois países, como se estivesse em um.
Sou uma apreciadora do movimento Claridade, o momento em que nasce uma poesia caboverdiana, onde a poética das Ilhas Crioulas, a diáspora, o milho, as montanhas, o lestada, o harmatão, a solidão, o universo, o Oceano Atlântico dão o movimento poético, a identidade poética dos Claridosos, dos pós-claridosos e dos contemporâneos, como Vera Duarte, Dina Salústio, Filinto Silva, José Luís Hopffer Almada, entre outros...
Que alegria, que bela poesia, que lindo gesto o seu, Olinda!
Obrigada, querida, um beijão!
;))
Tela de José Maria Barreto.
cabo-verdiano
Não sei em que ilha foi escrito o poema, de que gostei muito, mas a mim recordou-me Sal.
ResponderEliminarMinha querida Olinda , obrigada pelo belo post, onde o poema casa muito bem com a tela
Assim como a Mãe negra, também nós temos a tendência de olhar o céu tão azul para ver se ele nos aquieta... se enche o nosso coração de esperança...de muita serenidade. às vezes por mais azul que esteja só vemos nuvens escuras carregadas de cinzento, mas continuamos sempre à espera que uma estrelinha brilhe em " forma de
ResponderEliminarcarícia ", mas, a " secura calada na garganta" e horizonte estreito
a estrangular distâncias e esperanças" continuam. Fome de pão...fome de afectos...fome de humanidade; muitos " gritos " por todo o lado num" poço de angústia amordaçada "
E assim vai este poeta cantando as desventuras de um povo nos seus dias de " estiagem."
Obrigada, Olinda por este momento de bela poesia. Um beijinho, amiga e, apesar de tanta chuva, desejo-te um bom fim de semana
Emília
A geografia do nordeste do Brasil, é tão semelhante a de Cabo Verde, e já cantada e decantada por vários poetas de cá e de lá... Que comumente me embrenho na paisagem dos dois países, como se estivesse em um.
ResponderEliminarSou uma apreciadora do movimento Claridade, o momento em que nasce uma poesia caboverdiana, onde a poética das Ilhas Crioulas, a diáspora, o milho, as montanhas, o lestada, o harmatão, a solidão, o universo, o Oceano Atlântico dão o movimento poético, a identidade poética dos Claridosos, dos pós-claridosos e dos contemporâneos, como Vera Duarte, Dina Salústio, Filinto Silva, José Luís Hopffer Almada, entre outros...
Que alegria, que bela poesia, que lindo gesto o seu, Olinda!
Obrigada, querida, um beijão!
;))