domingo, 22 de setembro de 2013

A Arte de ser Português - Teixeira de Pascoaes

Pouco ou nada tenho falado de teatro neste espaço. Pois bem, faço-o hoje, aproveitando a notícia constante de uma newsletter, e-Cultura, que recebo semanalmente do Centro Nacional de Cultura, sobre a apresentação de 20 a 29 de Setembro, de um monólogo, Arte de Ser, uma imprecação satírica à obra de Teixeira de Pascoaes, A arte de ser Português

Trata-se de questionar um conjunto de referências que foram utilizadas para promover uma imagem homogénea do povo português e da nossa cultura, à época plena de contradições políticas e ideológicas, sendo o discurso, mais tarde, apropriado pelo regime do Estado Novo. Uma das justificações para a abordagem imprecativa da obra é dada assim: trabalhar sobre esta obra permite-nos explorar as questões relacionadas com a deslocação dos centros de poder emissores de discurso coletivo mantendo uma perspectiva mais abrangente no contexto nacional. 

Não conheço a obra pelo que me proponho lê-la em breve. Sobre a mesma encontrei uma sinopse, de Miguel Esteves Cardoso, interessante, que transcrevo:

Quando Pascoaes inventou Portugal não se deu conta do que tinha feito: pensou que se tinha limitado a descobri-lo. Quando imaginou os Portugueses, entregando-lhes as palavras e as visões que só a ele pertenciam, enganou-se. Os Portugueses de Pascoaes nem sequer existiam. Pascoaes nunca percebeu que era tudo invenção dele.
Escreveu um livro, a "Arte de Ser Português", recusando a responsabilidade da criação, na ânsia de ser apenas um espectador.

Pascoaes não queria ser mais um poeta. Queria servir, servir e pertencer. Não queria ficar de fora nem sozinho. Queria escrever, mas escrever como quem presta um serviço: um serviço de observar, de ouvir, de descrever. Não queria ser mais um escritor português. Queria ser o escritor através do qual escrevia Portugal. Nem menos!" 

Teixeira de Pascoaes que, na verdade, se chamava Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, viveu entre 1877 e 1952, e era tido como um ser solitário. Dele diz Jacinto Prado Coelho:"...O verdadeiro amor de Pascoaes dirigia-se à natureza, ao silêncio, ao mistério, aos fantasmas. O mundo fantástico era o seu mundo". Ver aqui mais sobre a sua biografia.


Teatro Carlos Alberto, no Porto
De 20 a 29 de Setembro



14 comentários:

  1. Tenho andado ausente infelizmente
    mais de alguma forma lutando.
    Eu sei , que no mundo teremos grandes aflições
    com fé e muita garra vou seguindo com grande luta
    minha viagem.
    Deus abençoe seu Domingo
    e da sua família.
    Beijos no coração , Evanir.

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  2. Um texto muito interessante. Há séculos não vou ao teatro. Penso que a ultima vez foi na década de 90.
    Um abraço e um Santo Domingo

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  3. Grandes homens que sabem viver e escrever a vida que amam.
    Gostei do início da sua resenha.

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  4. Já não vou ao teatro há bastante tempo, que saudades...
    Um excelente domingo
    Beijinhos
    Maria

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  5. Como é dificil definir um povo, saber falar dele.
    Diria que é tarefa inacabada.

    beijos

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  6. Eu também não vou ao Teatro há muito tempo e no entanto gosto imenso de Teatro.
    Definir o povo português e acertar deve ser tarefa impossível...
    Bj.e boa semana.
    Irene Alves

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  7. Olá amiga Olinda!
    Vir aqui é aprender sempre algo.Confesso que Pascoaes não é um autor que me tenha motivado, mas tenho por cá uns livros (herdados), deste autor. Vou tentar ler logo que acabe os dois que tenho entre mãos. Quanto ao teatro, gosto e tenho ido com regularidade sempre que há algo de interessante em Vila do Conde. Abraços.
    M. Emília

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  8. Adoro um cafezinho, Olinda e mais ainda o de cafeteira. Quando fui para o Brasil em 76 não havia café expresso em lugar nenhum. Nas areas de serviço ele era feito em máquinas que tinham coador de pano e depois era servido num copinho pequeno e já adoçado Como eu gostava desse café. Hoje já há máquinas expresso por todo o lado, mas, em muito sítios.
    Não conhecia continuam a ter as duas e, claro eu peço o " café de saco. como lá dizem.


    Quanto às cápsulas já há´muito que as mando para a reciclagem. Em todos os
    hipermercados existe um lugar próprio. para as colocarmos.. Quanto à " Arte se ser Português ", deve ser muito interessante e aqui está um escritor que não queria ser só poeta, mas sim servir, servir observando ...ouvindo..descrevendo . Deve ser muito interessante e vou tentar ler o livro. Obrigada, Olinda por tanta informação, sempre muito útil. Espero que tenhas uma boa semana e...quando puderes aparece para tomarmos um cafézinho, certo? Beijos, amiga!
    Emília

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  9. Fico interessado a cada dia mais por Portugal, por ter uma linguagem tão culta e poética! Amei a dica do seu blog e as novas lições, assim como adorei seu blog! E se permitires, a seguirei! abração

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    1. Será um prazer, Ives.
      Eu já te sigo há muito tempo... :) Adoro os teus textos.
      E muito obrigada pelas tuas palavras de apreço, que aceito como preito aos excelentes autores de língua portuguesa que a prestigiam, tanto cá como aí no Brasil.

      Abraço

      Olinda

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  10. Já li alguma coisa de Pascoaes, mas foi há tanto tempo...que nem lembro o título.

    Querida Olinda, abraço grande para si.

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  11. Me encantou, a sensibilidade sentida no que escreveu nos "7degraus", acerca de "Ser cedo"...
    para a partida!
    Grata por trazer "Teixeira de Pascoaes" e um dia... talvez traga o meu nome no meu último livro a saír

    "Palavras e Caminhos" ,

    Mas é sempre cedo... e será sempre cedo....

    Linda a forma como comenta e como escreve "A Arte de Ser"! Parabéns e obrigada,

    Maria Luísa

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  12. Amada hoje muita coisa mudou aqui no Brasil.
    O café já existo ser ser no saco , mais confesso apesar de ser um grande Pais ainda continua
    atrasado em muitas coisas.
    No teatro já tem uma longa data , que não vou , mais adoro teatro sem contar da paixão por cinema e circo.
    Um beijo no coração, Evanir.

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  13. E é aqui tão perto, eu devia ir ver! Há que tempos não vou ao Carlos Alberto!
    Beijinhos

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