Um pouco à deriva, de joelhos dobrados, com estranhos cá dentro de casa a mandar e a desmandar pensei que jamais conseguiria soerguer-me sequer. Uns atrás dos outros, praticamente da mesma família, eles foram surgindo cada um impondo o seu ponto de vista e as suas exigências, aproveitando as brechas que eu não tapei.
O tempo foi passando, com tudo a cair aos pedaços já não me reconhecia a mim nem aos meus. Passaram-se sessenta anos, mais ou menos, sobre a data em que o meu rei-menino, a minha esperança, resolvera ir perecer, levando as melhores promessas do meu reino, lá por terras de África. Chegou uma altura em que parei para pensar e perguntar-me para que lado é que eu queria ir. Aguentei até quase me faltarem as forças, mas ainda tive as suficientes para levantar a cabeça, endireitar o tronco e fazer-me ouvir.
Ainda consegui reunir umas quantas cabeças pensantes. Conjugando esforços, delineando metas e o futuro próximo, gritámos: basta! Refiz a minha independência, não foi fácil tudo o que se seguiu, mas recomecei a pensar por mim mesmo e a trabalhar para reerguer todo o edifício que estava quase em ruínas.
Hoje, parece-me, sigo pelo mesmo caminho. São outros tempos, as coisas acontecem com uma velocidade estranhíssima. O que é hoje uma coisa amanhã já não é. As alianças que se fazem presentemente têm o valor de coisa nenhuma. Outros são os senhores do mundo. Os paradigmas são outros. A democracia, em todo o espaço em que eu estou inserido, apresenta-se periclitante. Com o presente e o futuro comprometidos, pergunto-me: Conseguirei levantar-me de novo?
Olá, lindo e interessante blog Srta. A velocidade esta no espaço, e a alma caminha, além, lentamente ainda, aprendendo a entender as sombras de Platão! abraços
ResponderEliminarOlá, Ives
ResponderEliminarArquétipos que nos fazem perguntar se a realidade é a que pensamos estar a viver ou se ela estará nas sombras da caverna que se projectam no muro... E, tem razão, a alma caminha procurando entender e assimilar essas sombras. Platão, actualíssimo...
Abraço
Olinda
Mais um belo texto, oportuno, num feriado que, infelizmente, vai deixar de o ser.
ResponderEliminarSe a "entidade" em questão conseguirá levantar-se de novo? Não sei, em tempos destes, não há certeza de nada. Mas espero bem que sim!
Olinda,
ResponderEliminarAcima de tudo, é todo um povo que carece de se erguer. O resto vem por acréscimo.
Beijo :)
BOA TARDE OLINDA!
ResponderEliminarQUE PERGUNTA DIFÍCIL, ESSA SUA...
"A democracia, em todo o espaço em que eu estou inserido, apresenta-se periclitante. Com o presente e o futuro comprometidos, pergunto-me: Conseguirei levantar-me de novo?"
EU ACHO QUE A RESPOSTA PARA SUA PERGUNTA ESTÁ NESSE PENSAMENTO DO GRANDE EXUPÉRY...
"O verdadeiro homem mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo."
CHARLES CHAPLIN TAMBÉM AJUDA...
"A persistência é o menor caminho do êxito."
BEIJOS E FIQUE COM DEUS!!!
E enquanto houver um resto de forças para soerguer, ainda podemos acreditar não é Olinda?
ResponderEliminarÉ assim na nossa luta diária também.
Deste rincão da terra, faço votos que este corpo, se levante e ande novamente e com suas próprias pernas.
Um abraço e um beijo.
Olinda,
ResponderEliminarTexto muito bem cerzido aos tempos que atravessamos - tempos difíceis, incertos, em que as nossas sombras nos precedem.
Não sabemos em que sentido caminhamos, se no sentido do futuro ou se, pelo contrário, alguma invisível força nos puxa para trás.
Que pessoas inteligentes e sensíveis se questionem, guardem memórias e as partilhem, é um gosto, uma consolação.
Um abraço, Olinda.
Excelente texto amiga. Precisamos todos nós erguermo-nos.
ResponderEliminarUm abraço
Boa noite...temos que acompanhar o progresso, e infelizmente, tudo se da muito rapido ao passo do compasso que nao conseguimos dançar no mesmo passo...Mas façamos o seguinte: vivamos o presente e deixamos o dia seguinte para que DEUS nos presenteie com dias melhores, se merecermos é claro...O presente ainda é o melhor momento de nossas vidas, então, que seja vivido intensamente cada pequeno instante do dia de hoje...Bjin e fique bem...fique com DEUS!
ResponderEliminarMinha querida
ResponderEliminarUm belo texto que retrata muito bem o nosso País...passado...presente e futuro.
Vamos ver se como das outras vezes nos conseguimos erguer, eu acredito.
Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora
Muito pretinente a tua pergunta, Olinda.
ResponderEliminarAchei muito interessante o comentário do Ives e consequentemente, a tua resposta.
No "Mito da Caverna" Platão referia-se à essência das coisas, à necessidade de nos superarmos e de nos reencontrarmos ou de nos reconfirmarmos numa dimensão... extra-sensorial.
Vou-me repetir, mas do meu ponto de vista, à descoberta da 4ª dimensão, aquela que nos proporcionará a possibilidade de abarcar e encontrar solução para os nossos problemas internos, avaliando-os de um ponto exteriror.
Hoje, as ameaças à "nossa casa" e à nossa soberania, não vêm de Espanha, vêm da globalização fragmentada que nos obriga a descaracterizar em troca de algo que não sabemos o que é, nem tão pouco se existe realmente, do modo que nos querem fazer crer.
Mas sim, de uma forma, ou de outra, erguer-nos-emos, com certeza!
Olinda
ResponderEliminarMelhor do que todas as palavras que poderia escrever, será lembrar-lhe os versos de Pessoa:
O INFANTE
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te portuguez..
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Fernando Pessoa
Beijinho
Maria
Querida amiga nunca podemos perder a esperança, há que encontrar forças para nos erguermos. Hoje vim também para agradecer o seu carinho por ter comemorado comigo o aniversário do meu marido, deixando a sua preciosa mensagem.
ResponderEliminar“Se planta uma semente de amizade, recolherá um ramo de felicidade (Lois L. Kaufman)”
Muito obrigado amiga, um grande beijinho.
Maria
Sabe o que eu acho muito interessante? A capacidade dos portugueses de levarem dentro, cada um a seu modo, a poesia. Em todo texto encontro essas poesia, esse dizer e esse mexer com a nossa língua de uma forma tão especial. Amei seu texto!
ResponderEliminarAs rupturas nunca são fáceis...
ResponderEliminarExcelente texto.
Querida amiga Olinda, tem um bom fim de semana.
Beijos.
Querida Olinda o pensar próprio é a única luz que pode nos levantar e preservá-la em um lugar sagrado e intacto da alma é a salvação que precisamos de um mundo cheio de invasão, submissão.....opressão..
ResponderEliminarLevantará e conseguirá a partir do Cristo em ti!!
Sol para ti amiga!!
Boa noite!
Uma noite importante que antecede o domingo do advento.
Carla
Olá, Cristina
ResponderEliminarRealmente é uma pena o corte do feriado da Restauração da Independência, fazendo com que cada vez mais nos esqueçamos da nossa própria História.
Realmente nos tempos que correm não há certezas, mas esperemos que apareçam uns quantos bravos como os 40 conjurados, ou nem tanto, do 1º de Dezembro de 1640, a dar um certo impulso para que esta tendência negativa se inverta.
Bj
Olinda
AC
ResponderEliminarMuito bem visto.É nisto que deverá residir a nossa força.
Abraço
Olinda
Querida Juju
ResponderEliminarMuito obrigada pela citação destes dois grandes homens que, verdadeiramente, com as suas palavras nos indicam caminhos a seguir nas grandes encruzilhadas da vida.
Bj
Olinda
Caro Antônio
ResponderEliminarÉ verdade, é uma grande virtude fazer das das fraquezas força e encarar sem medos a luta do dia-a-dia.
Muito obrigada pelas suas palavras cheias de alento.
Abraço
Olinda
Por maiores que sejam as dúvidas, não permanecemos no chão. Algo nos impulsiona, a esperança. E é com ela que conseguimos vencer o medo, poderoso inimigo, sombra que nos esconde as frestas por onde o sol novamente entrará.
ResponderEliminarBjs.
Bom dia...(ainda está escuro lá fora...)
ResponderEliminarLi e reli...e pareceu-me que te referias a alguma das nossas ex-colónias...não sei porquê.
Depois, atrav+es dos comentários vi que era sobre "nós " que escrevias!
Li de novo, e realmente: Passaram-se sessenta anos, mais ou menos, sobre a data em que o meu rei-menino, a minha esperança, resolvera ir perecer, levando as melhores promessas do meu reino, lá por terras de África. " - referes-te aos nossos soldados idos e , muitos, perdidos na guerra colonial.
Um exceçlente texto que lança uma quastão à qual ainda não há resposta! Só u futuro o dirá.
Te agradço teres coolocado o Link do Ciberescolas- obrigada , querida.
Um excelente domingo!
BShell com carinho e admiração.
Cada ser humano tiene la fuerza y el don de volverse a levantar! Un placer estar aca y leerte
ResponderEliminarOlá, UJM
ResponderEliminarNas nossas memórias procuraremos exemplos de audácia aprendendo a olhar para além das nossas debilidades, de modo a conseguirmos construir uma estrutura com alicerces bem enraizados.
Obrigada pelo comentário.
Bj e um bom resto de domingo.
Olinda
Olá, Elvira
ResponderEliminarAssim seja...
'Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ...'
Excerto: O Guardador de Rebanhos- A. Caeiro
Beijo e bom resto de domingo.
Olinda
Querida Simone
ResponderEliminarQue belas palavras! Viver o presente e esperar por dias melhores, tem muita razão.Não é por nos afligirmos em demasia que as coisas mudam...Tudo a seu tempo.O importante é estarmos atentos e darmos o nosso contributo.
:)
Beijo
Olinda
Querida Sonhadora
ResponderEliminarAcreditar é preciso...Há quem diga que pensamentos positivos carregam boas energias capazes de fazer girar a máquina do mundo. Acreditemos,pois!
Beijo
Olinda
Meu amigo Bartolomeu
ResponderEliminarOs Filipes que usurparam a nossa soberania estiveram por cá demais. Hoje a ameaça é global e fragmentada, como bem dizes. É uma ameaça difusa, quase incorpórea. Com 'regras' diferentes que mudam todos os dias.
Por outro lado, temos um eixo composto por dois supostos gigantes que, não tarda nada, se verão nos mesmos apuros que os periféricos. Se, partindo da alegoria da caverna, concluirmos que o mundo real é o das ideias e que é através dele que alcançamos o conhecimento, então esta seria a via a seguir.
Por curiosidade, até poderíamos escalar o muro para chegarmos depois à conclusão de que afinal os outros, os gigantes que pretendem impor a sua vontade, são tão iguais como nós, finitos.
A 4ª dimensão seria, realmente, a nossa única escapatória.
Abraço
Olinda
Bartolomeu
ResponderEliminarCorrigindo o meu lapsus liguae, na 1ª linha:
...estiveram por cá tempo demais.
:))
Olinda
O importante é ter esperança e acreditar...A esperança sempre é a companheira da fé. Sempre se consegue reerguer de novo.Devemos acreditar sempre. Bjs e ótima semana.
ResponderEliminar:)) linguae
ResponderEliminarQuerida Maria
ResponderEliminarObrigada por nos trazer um dos mais lindos poemas da 'Mensagem', o Infante, de F.Pessoa. Vem mesmo a propósito, pois no passado dia 30 assinalou-se o 75º aniversário sobre a sua morte. Vou aproveitar a sua ideia e fazer um post com um poema de Alexander Search,(um dos seus heterónimos).
Beijinhos
Olinda
Querida Maria (Rodrigues)
ResponderEliminarFoi realmente um prazer comemorar consigo o aniversário do seu marido. Desejo-vos muitas felicidades.
Beijos
Olinda
Maria
ResponderEliminarEnganei-me: é o 76º aniversário da morte de F.Pessoa.
Bj
Olinda
Olá, Gerana
ResponderEliminarÉ com muita satisfação que a recebo aqui no meu blog. Muito obrigada pelas suas lindas palavras em relação a este meu texto.
Visitá-la-ei em breve.
:)
Olinda
Caro Nilson
ResponderEliminarTens muita razão, as rupturas e as transições são muito difíceis...
Desejo-te muito boa semana.
Abraço
Olinda
Querida Carla
ResponderEliminarAproveitemos o Advento para promovermos a alegria e a esperança em tempos vindouros mais felizes e abençoados, com a graça de estarmos vivos e nos sentirmos irmãos.
Beijos e boa noite.
Olinda
Olá, Marilene
ResponderEliminarAs suas palavras de esperança calam fundo no meu coração, na certeza de que o importante é que mesmo tropeçando se vá sempre endireitando e levantando a cabeça, olhando de frente as dificuldades.
Bjs
Olinda
Querida Blue Shell
ResponderEliminarO teu comentário trouxe-me grande contentamento e revigoramento espiritual. A nossa História é tão plena de momentos de grande realce, superados com valentia e sacrifícios vários que, penso, quaisquer que sejam os ventos contrários conseguiremos sempre levar o nosso Barco a porto seguro.
Também te agradeço o teres divulgado a Ciberescola no teu blog, uma ferramenta importantíssima tanto para alunos como para professores e encarregados de educação, como bem o disseste.
Beijinhos e uma excelente semana.
Olinda
Olá, Jackelin
ResponderEliminarTambém muito prazer em receber a tua visita.
Obrigada.
Bj
Olinda
Agostinho Barros
ResponderEliminarTambém te seguirei...
:)
Olinda
Minha querida Smareis
ResponderEliminarMágicas palavras de esperança e fé me trouxe.Sim, é preciso acreditar...
Bjs
Olinda
Olinda
ResponderEliminarLembro-me de uma frase, em uma canção, no tempo da Ditadura Militar, em meu país : "Dias melhores, virão".Não lembro, o nome do autor. Chegaram, melhores dias...
Vivamos um dia, de cada vez, esperando dias melhores. Acredito, que virão!
Beijos,
da Lúcia
Querida Lúcia
ResponderEliminarExcelente conselho:vivamos um dia, de cada vez, esperando dias melhores. Acredito que sim...
Beijinhos
Boa semana.
Olinda
As mudanças são necessárias e nem sempre são de fáceis execução, aqui no caso, às expensas de muitos sacrifícios do povo português, mas apesar de tanta insegurança, dificuldades e incertezas, os tempos duros hão de passar (esses tempos passarão), e outros dias chegarão e a vitória será plena!
ResponderEliminarApenas creio!
Deixo um beijão, Olinda!!
Olá, Canto da Boca
ResponderEliminarBom dia. Por cá está um dia bonito, com Sol.Bem, aquele Sol de Outono, sabes? :)
Minha querida amiga, é na verdade através das mudanças que o mundo avança.Está provado e podemos verificá-lo por nós próprios que, depois de grande estabilidade e bonança, há reviravoltas como se, por princípio, precisássemos de renovação. Conhecemos civilizações, muito avançadas, que não conseguiram aguentar o embate, o ciclo de mudanças e rupturas que se apresentaram.
Esperemos que, por cá, neste cantinho e inseridos num espaço maior, a Europa, possamos dar a volta por cima e enfrentar os tempos duros com valentia.
Obrigada, minha querida pelas tuas palavras e pela fé.
Beijinhos e boa semana.
Olinda