quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

JANGADA

Tive uma colega que me falava sempre de quanto o pai apreciava José Saramago.Tanto que ele tinha todos os seus livros. As pessoas da família e amigos também contribuíam para isso pois presenteavam-no com livros do escritor em dia de aniversário e outras datas. No entanto, nessa altura, nunca tive a curiosidade de o ler. 

Quando, em 1998, Saramago ganhou o prémio Nobel de Literatura entrei em pânico, e agora como é que eu faço tenho de ler alguma coisa dele, que barraca se tiver que dizer alguma coisa sobre ele...Então, levada por essa necessidade li o primeiro que encontrei: Levantado do chão. Logo nas primeiras páginas senti o impacte daquela escrita: compacta e onde a pontuação não abundava. Mas aos poucos fui ficando envolvida de tal modo que acabei por ler o livro em dois tempos. E assim li alguns outros de uma assentada sempre com o mesmo interesse. Um desses livros é a Jangada de Pedra que me impressionou pela sua originalidade, pelo inusitado da situação, a fina ironia, os acontecimentos estranhos que se multiplicavam, a península ibérica a cortar-se da Europa, navegando à deriva...  

Esta alegoria produzida numa altura em que Saramago pretendia questionar a unificação da Europa faz-nos pensar nas bases pouco firmes em que essa união assenta, denunciadas agora pela crise económica que nos fustiga. Aliada a isso, a crise de valores que põe a nu toda essa fragilidade, apelando à urgente revisão dos acordos que suportam a vida de 27 países, com a clara predominância dos mais fortes economicamente.    

1 comentário:

  1. Vou ter em conta estas sugestões quando terminar o livro que estou a ler agora: "leite derramado", de Chico Buarque. Uma delícia.

    Bjos

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