domingo, 21 de abril de 2024

Diz





Diz mulher
ao teu país
como lutaste até hoje

o que fizeram 
de ti

o que quiseram 
que fosses

Como prenderam teu
grito
sob a boca amordaçada

Mas como cantaste
assim
do teu desgosto apartada

Diz mulher 
ao teu país

conta a vida em que
cresceste

Como algemaram
teus pulsos

conta aquilo
que aprendeste

Do saque da tua
vida
relata os dias passados

da cadeia em que estiveste
descreve
o pavor rasgado

as torturas que sofreste
o medo nunca acabado

Diz mulher
ao teu país
como lutaste até hoje

não cales mais
a recusa
do que quiseram que fosses...

não silencies
a renúncia
a que te viste obrigada

Não desistas 
de gritar
tua vida encarcerada

In: Mulheres de Abril
p. 21 a 23




Maria Teresa de Mascarenhas Horta Barros (Lisboa, 20 de maio de 1937) é uma escritora, jornalista e poetisa portuguesa. É uma das autoras do livro Novas Cartas Portuguesas, pelo qual foi processada e julgada em 1972, ao lado de Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa. aqui


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15 comentários:

  1. Talvez a nossa maior poetisa viva. Uma justa homenagem.
    Um abraço.

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  2. "Diz mulher
    ao teu país
    como lutaste até hoje
    ...
    Não desistas
    de gritar
    tua vida encarcerada"

    Bom domingo de Paz, querida amiga Olinda!
    Estou gostando de acompanhar seu grito de Liberdade...
    Um panorama diversificado de toda história no antes, durante e depois...
    Vamos insistindo em "gritar" da forma que pudermos.
    A democracia merece todo ânimo e generosidade.
    Todos temos algo a colaborar no seu mantenimento.
    Tenha uma nova semana abençoada!
    Beijinhos com carinho fraterno

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  3. Um canto de mulher a todas as injustiças e discriminações que se fazem, seja aqui, lá e acolá. Um grito que precisa ser alto e continuo neste mundo machista e de ditaduras especificas.
    Um poema forte e preciso numa bela partilha Olinda.
    Um feliz domingo para uma semana de grito pela democracia.
    Abraços com carinho amiga.

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  4. Profundo poema. Me gusto mucho. Te mando un beso.

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  5. Coincidentemente , estive hoje lendo Maria Teresa Horta e soboreando um poema já preparando-o para publicar :"Morrer de amor ao pé da tua boca Desfalecer à pele do teu sorriso..." E agora , oferece-nos mais essa lindeza e tão bem apropriado ao mês da 'Revolução dos Cravos'. Lindo, Olinda.
    Um abraço um carinho

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  6. Tenho uma imensa admiração por ela e hei- de ler a sua biografia, agora recém lançada pela Patrícia Reis. Lembrá-la sempre!

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  7. Lindo poema e tanto há e na certa, ainda mais, a mulher dizer...
    Gostei de ler, esse tema é importante!
    Linda semana! beijos, chica

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  8. Maria Teresa Horta sabe do que conta neste belo poema!

    Abraço

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  9. Infelizmente, este poema continua actual, porque existe quem queira que as mulheres portuguesas regressem a este passado de humilhação e sofrimento.

    Querida Olinda, abraço com carinho , tudo de bom.

    VIVA ALIBERDADE!!

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  10. Amiga Olinda,
    Que poesia suprema da colega jornalista e escritora “Maria Teresa de Mascarenhas Horta Barros”.
    Você foi mais uma vez muito feliz com o tema da tua publicação.
    Um abraço e boa semana!!!

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  11. Olá, cara amiga Olinda,
    Um belo poema de homenagem à mulher. Maria Teresa Horta, foi pioneira da liberdade e emancipação da mulher.
    Excelente partilha! Gostei muito.
    Muito obrigado, pela visita e gentil comentário no meu cantinho.

    Votos de uma feliz semana, com amor e paz.

    Beijinhos.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  12. Uma das três Marias, talvez a que levantou mais alto o seu grito poético.
    O poema escolhido é bem demonstrativo do talento e da ousadia desta grande poetisa.
    Boa semana.
    Beijo.

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  13. Se alguém sabe dizer ao seu país o que lutou, como lutou, como sofreu é a Maria Teresa Horta. Que a voz dela nunca se cale. Tão belo este poema, minha Amiga Olinda.
    Tudo de bom.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  14. Um poema bem interessante!
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  15. Boa noite Olinda,
    Muito belo e profundo este poema de Maria Teresa Horta!
    Que a sua voz continue a gritar e a defender a Mulher que tanto sofreu durante a ditadura fascista.
    Beijinhos,
    Emília

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