Segreguei-a de mim com paciência:
Fachada de marés, a sonho e lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
E telhados de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta ao vento, as salas frias.
A minha casa. . . Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.
(1901-1978)
Tenham boa semana, meus amigos.
Abraços
Olinda
Oferta da querida amiga
Gracita
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Poema: daqui
(Poesia, 1935-1940)
(Poesia, 1935-1940)
Paisagem da Ilha Terceira
Boa noite de paz, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarQue bela escolha a sua! Um poema bem dentro do que sentimos:
"A minha casa é concha." Somos concas que abriga, acolhe, ama...
"Minha casa sou eu e os meus caprichos."
Perfeitamente coerente...
"E telhados de vidro" e põe vidraças por todos os cômodos da nossa alma, deveríamos olhar mais para dentro de nós ao invés de olharmos no telhado alheio e espezinharmos os demais com nossos caprichos...
"E escadarias", ora temos que subir, elevar nossos pensamentos, ora descer e repensar atitudes para nossa própria coerência de vida.
"Frágeis" é o que somos, mesmo nos fazendo de fortes...
E, em nossa fraqueza, vamos nos tornando resilientes...
Ponho minha memória a funcionar agora e vejo minha cassa que vivi noutro lugar com muro de hera (minha primeira casa própria e uma outra também... Gosto.
Tenhamos boas lembranças a recordar.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos
Belíssimo poema tão bem escolhido para a semana iniciar! Adorei! beijos, tudo de bom, chica
ResponderEliminarLindo poema te hace pensar te mando un beso.
ResponderEliminarPoema lindo que me encantou ler
ResponderEliminar*
Terça feira com Saúde, Paz e Amor
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Uma partilha fascinante!!
ResponderEliminar.
Um paraíso dentro do meu pensamento
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Beijos. Votos de uma boa tarde!
Olinda, gostei do poema e de ficar a saber que o Vitorino Nemésio nasceu nos Açores:)
ResponderEliminarele reproduz lindas imagens poéticas nos seus poemas!
beijinho
Poema maravilhoso que me fascinou ler
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos
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Beautiful blog
ResponderEliminarO poeta fez uma analogia muito coerente com uso de belas metáforas e o resultado um poema espetacular amiga Olinda
ResponderEliminarUm lindo dia pra você
Beijinhos
Que bom, querida Olinda, ler aqui este poema! De repente tive saudades da voz de Nemésio e dos Açores!
ResponderEliminarBeijinho
"Minha casa sou eu e os meus caprichos." Nem mais!
ResponderEliminarHá muito que eu não lia poesia de Vitorino Nemésio.
Querida Olinda, que bem escolheste o poema e a imagem da paisagem açoriana. Tudo, excelente!
Beijo, obrigada pelas visitinhas ao Pétalas.
Ouvir o escritor na TV (há muitos anos) ou ler a obra que nos deixou, seja ela prosa ou poesia, é de um prazer indescritível (há prémios Nobel com menos talento).
ResponderEliminarO excelente soneto que escolheu é delicioso e profundo.
Boa quinta-feira.
Um beijo.
Não me atrevo a desmontar o poema que é saber e cheio de alma, todavia o que sobra quando o leio e releio, é tocar-me pela memória sendo a casa e o que a rodeia o último reduto, que já foi...
ResponderEliminarUm prazer vir aqui.
Kandando com estima
E hoje fico por aqui.
ResponderEliminarQue excelente partilha.
Se bem me lembro, era um programa que eu não perdia.
Este poema não conhecia. Gostei muito.
Abraço e brisas doces ***