sexta-feira, 3 de maio de 2019

A minha cunhada Gê

Ela veio passar a Páscoa connosco e resolveu ficar mais uns dias dizendo-me: Como amanhã é feriado vou na sexta-feira à tarde, descanso no fim-de-semana e na segunda-feira vou ao hospital saber dos meus exames. Assim foi. Nesses dias demos pequenos passeios, devagar, conversando e chegou a dizer-me: Ultimamente tenho-me cansado ao fazer pequenas caminhadas. Mas aqui não me tem acontecido. Nas nossas conversas íamos recordando o seu/nosso percurso e dizia-me: Acompanhaste-me toda a vida. E eu a ela: Ou foste tu que me acompanhaste toda a vida. Lembras-te de quando mudámos de casa e vieste connosco? Claro, como havia de me esquecer? Sempre tomaste conta de mim. Tenho marido (o teu irmão), tenho filhos, tenho muitos irmãos, mas tu é que carregaste comigo ao colo, passaste horas e horas nos hospitais enquanto eu era submetida a inúmeras intervenções cirúrgicas, enfim, estiveste sempre presente. Ela expressava a dor quando a sentia, mas tinha um espírito alegre que quem a visse não diria que padecia de uma doença auto-imune, altamente incapacitante em termos vasculares. Há oito dias não me passaria pela cabeça estar a fazer este post, embora já o pudesse ter feito, para falar um pouco da Arterite de Takayasu. Mas a vida é tão frágil, não sabemos o momento em que ela se escoa, deixando-nos impotentes. E isso aconteceu. Assim, sem mais.

Teve dois filhos quando lhe diziam que não podia tê-los. 
Dedico-lhe o poema que se segue, homenageando a mãe incansável e amorosa que foi:

Mãe

Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade.
Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital.
Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta
Estou contigo na tua simplicidade e nos teus gestos generosos.
Vejo-te menina e noiva, vejo-te mãe mulher de trabalho
Sempre frágil e forte. Quantos problemas enfrentaste,
Quantas aflições! Sempre uma força te erguia vertical,
sempre o alento da tua fé, o prodigioso alento
a que se chama Deus. Que existe porque tu o amas,
tu o desejas. Deus alimenta-te e inunda a tua fragilidade.
E assim estás no meio do amor como o centro da rosa.
Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente.
Com o teu amor humano e divino
quero fundir o diamante do fogo universal. 

18 comentários:

  1. Há alturas na vida em que fico sem palavras e isso aconteceu antes mesmo de chegar ao fim do post.
    Deixo um abraço apertadinho

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  2. Muito comovente, querida Amiga.
    Toda a misericórdia divina para si.
    Abraço de imensa ternura.
    ~~~~

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  3. Elvira e Majo

    Muito obrigada

    Beijinhos

    Olinda

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  4. Querida amiga, pensei, logo que me levantei, vir aqui deixar-te um abraço muito, muito amigo, por seres a Grande mãe que és e deparo-me com esta triste noticia. Com certeza que o teu sofrimento é grande, pois perdeste uma pessoa muito querida que contigo partilhou momentos bons e maus da vida. Sei que o teu dia de Domingo não vai ser alegre e essa dor vai continuar, querida amiga. Deixo-te um abraço solidário com o vosso sofrimento e espero que, aos poucos, a alegria volte à tua casa. De um dia para o outro tudo muda, AMIGA! Triste!
    Emilia

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  5. Boa tarde. Uma publicação fantástica e emocionante. Adorei:))

    Hoje :- A tua competência orgulha quem te escuta [Poetizando e Encantando]

    Bjos
    Votos de um óptimo Sábado.

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    1. Emília
      Larissa

      Muito obrigada pelas vossas palavras.

      Bjs

      Olinda

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  6. Uma bela amizade, querida Olinda! E essa comovente conversa foi uma despedida. A vida é, afinal, tão breve! Gostei da forma leve como é contada. Estamos de passagem!
    O maravilhoso poema de Ramos Rosa é uma boa homenagem.

    Beijos.

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  7. Há leituras que à medida que vamos aprofundando, envolvemo-nos comovidas e em certo ponto os olhos embaçados já não nos permite finalizar
    Que o conforto divino abrande esse coração que sofre tamanha dor
    Beijinhos e um forte abraço

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  8. Teresa

    Gracita

    Grata pela vossa presença e palavras de conforto.

    Bjs

    Olinda

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  9. belo poema e bela homenagem

    deixo um abraço, amiga Olinda

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  10. Quase sem palavras para comentar, perante a imposição da morte, faço minhas as da Teresa Almeida: houve uma bela amizade e uma significativa conversa entre as duas antes da partida. Bela homenagem esta, a que faz à sua cunhada.
    Forte abraço.
    Bjo

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  11. Fraterno e comovente este seu texto, minha Amiga Olinda. E foi tão bom ler aqui este maravilhoso poema de António Ramos Rosa.
    Um grande beijo.

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  12. Olá Olinda querida,


    Meus sinceros sentimentos, que Deus possa confortar teu coração e de todos os familiares.
    Tem pessoas que ficam em nossos corações para sempre, guardados em um lugar muito especial e tenho certeza que sua cunhada está bem guardadinha no seu...

    Beijos
    Ani

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  13. Manuel
    Lua Azul
    Graça
    Ani

    Muito obrigada pela vossa presença e palavras amigas.

    Bjs

    Olinda

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  14. Minha amiga, peço desculpa, mas como estive de férias quando regressei fui comentar apenas os últimos posts dos amigos e nem dei conta deste.
    Lamento muito a morte da sua cunhada, ficam as lembranças para aliviar um pouco a dor e saudade de quem parte.
    Deixo um abraço bem apertadinho.
    Beijinhos
    Maria

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    1. Querida Maria

      Muito obrigada pelas sua palavras amigas.

      Beijinhos

      Olinda

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  15. Querida Olinda, chego tarde mas não posso, nem quero, deixar de te dar um abraço cheio de carinho e comoção.
    A morte de alguém que gostamos dói. Será atenuada pelas lembranças boas que te deixou.
    Abraço, extensivo a toda a família.

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    1. Querida Teresa

      Muito obrigada pelas palavras amigas.

      Beijinhos

      Olinda

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