domingo, 25 de fevereiro de 2018

bordando os dias (II)




Concentrando-me, enfiei a linha na agulha. O fio não podia ser nem curto nem comprido. Curto, acabaria num instante forçando-me a remates desnecessários que depois podia pôr em causa a boa apresentação do avesso. Muito comprido, havia o perigo de acontecerem os temidos nós que fariam com que eu tivesse de cortar a linha e reiniciar o trabalho. E mais remates. Entregue a esses detalhes notei que a sombra da casa que, em colaboração com o Sol, me servia de relógio já vinha avançando em direcção ao meu banco, sinal de que estava na hora de ir tratar do almoço. Pelo rabo do olho notei mais uma sombra, uma sombra diferente. Levantei os olhos e deparei-me com o cão do Mar Arável, impávido e sereno. 
Olá! estás aqui? Por onde tens andado? 
Não me respondeu como é natural: ele é de barro ou de louça, já não sei bem. Também não me lembro do seu nome. Peguei na bengala para subir os dois degraus, resolvendo-me a entrar. E disse-lhe: 
Vai para casa! 
E ele respondeu-me muito depressa: 
- Estou muito bem aqui. 


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Imagem: daqui
Mar Arável - blogue

4 comentários:

  1. Porquê ser mandado embora,
    Sendo cão ou sendo gente?
    Não sair dali para fora
    E mostrar-se bem contente,
    É um bordado de agora.

    Beijo
    SOL

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  2. um cão cheio de sorte...
    e talentoso!

    beijo, amiga
    .................

    por um qualquer capricho da net, um video com onde a Olinda deixou um comentário (Carlos do Carmo) desapareceu do meu blog.
    peço-lhe desculpa
    abraço

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    1. Olá, Manuel Veiga

      Todos os dias me espanto com as coisas que me acontecem neste extenso mundo virtual. Quando menos espero desaparecem-me comentários que estou a produzir e outros. E lá tenho eu que começar de novo. Fico consolada por esse desaparecimento que ocorreu no seu blog. Vejo que não é só comigo. :)))

      Abraço

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  3. Porquê mandar embora um animal tão especial :)

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