sábado, 13 de agosto de 2016

Soneto da chuva




Quantas vezes chorou no teu regaço
a minha infância, terra que eu pisei:
aqueles versos de agua onde os direi,
cansado como vou do teu cansaço?

Virá abril de novo, até a tua
memória se fartar das mesmas flores
numa última órbita em que fores
carregada de cinza como a lua.

Porque bebes as dores que me são dadas,
desfeito é já no vosso próprio frio
meu coração, visões abandonadas.

Deixem chover as lágrimas que eu crio:
menos que chuva e lama nas estradas
és tu. poesia, meu amargo rio.

Carlos de Oliveira
in: Terra de Harmonia, 1950

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Imagem: aqui
Poema: Trazido do Banco de Poesia - 
Casa Fernando Pessoa

13 comentários:

  1. Na poesia se derrama lágrimas do riso, da felicidade e oxalá da tristeza
    Muito belo este poema
    Um feliz domingo amiga Olinda
    Beijos

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  2. Um bom poema do Carlos de Oliveira.
    Como eu gostava que neste momento caísse alguma chuva.
    Bjs. amiga
    Irene Alves

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  3. Não conhecia o poema, mas gostei.
    Um abraço e uma boa semana

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  4. Poema encantadro amei, obrigado pela visita, tenha uma semana abençoada.
    Blog:https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
    Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM

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  5. Que chova

    com o nosso Carlos de Oliveira

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  6. A imagem casou muito bem com o poema. Não conhecia esse Soneto.
    Maravilhoso Olinda.
    Um abração e ótima semana!

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  7. Quando leio pérolas como esta, ocorre-me sempre que mais valia engavetar os meus escritos!
    Obg pela partilha, Olinda.
    Bjo :)

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  8. Sublime e doce Soneto. Trás lágrimas de Poeta para amolecer o húmus da Poesia.
    Sabedoria e sensibilidade na escolha.
    Parabéns, Olinda.

    Beijo
    SOL

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  9. Beijos caem nos lábios
    ------
    Quando ouço os gemidos
    Das ondas de mar de amor
    Lembro-me dos meus queridos
    Com saudade, perda e mais dor.

    Peço a cada pássaro
    que canta minha solidão
    E me leva pra o caro
    Que queima meu coração.

    Quando sinto sua saudade
    Os beijos caem nos lábios
    Em cada poema verdade
    E nas palavras dos sábios

    Lá olho nossas estrelas
    brilhando nos todos lados
    Não desligue as nossas velas
    Nos meus olhos nublados

    Ouço você me suspirar
    Nos remos dos marinheiros
    penteando as ondas do mar
    E no canto dos ceifeiros

    O que vale um beijo seco
    Sem colo e sem ternura ?
    O que vale um lábio rico
    Sem alma e sem captura?
    --------
    O poeta Marroquino
    Mohammed Hamdi

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  10. Gostei de conhecer...

    Grato abraço, minha amiga

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  11. Gostei muito do soneto e nestes dias dificeis com tantos incendios, as lágrimas das árvores não conseguem apagar a chama que se aproxima. Seria bom que a chuva caisse forte para lavar esse negrume que cobre as nossas florestas e também as mentes sujas das pessoas que causam toda esta tristeza e sofrimento. Obrigada, por nos dares a conhecer este poeta, Olinda. Um beijinho e até sempre
    Emilia

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  12. Não sou muito atenta à poesia, mas este soneto é maravilhoso!
    Beijinhos

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