terça-feira, 26 de maio de 2015

Fragmentos da sabedoria oriental




12.

Tian Rao estava ao serviço do príncipe Ai do reino de Lu, mas as suas qualidades não eram apreciadas. Um dia Tian Rao disse ao príncipe: "Senhor, decidi deixar-vos e ir-me embora, como um cisne selvagem voa alto no céu."

"Que queres dizer tu com isso?", perguntou o príncipe.
Tian Rao respondeu: "Senhor, queria falar-vos do galo. Na cabeça leva uma crista vermelha, isto quer dizer elegância; nos pés tem esporões agudos, isto é força; na frente de um adversário está sempre disposto a enfrentá-lo, isto é coragem; quando encontra alguma coisa de comer, chama os companheiros para a partilha, isto é generosidade; como sentinela durante a noite nunca deixa de anunciar a manhã, isto é fidelidade. Apesar de o galo ter estas cinco virtudes, não hesitais em dar ordem para lhe cortarem o pescoço. Somente porque o galo está aqui, perto da mão. Ao invés, o cisne selvagem com poucos golpes de asa voou para longe. Porém ele pára nos vossos jardins, come os vossos peixes e tartarugas, devora o vosso trigo e as hortas. Não tem nenhuma daquelas virtudes, mas apesar disso gostais do cisne. Deve ser porque vem de longe. Por isso deixai-me ir embora e voar longe daqui..."

Liu Xiang (79-80 a.C)

António Osório (1933)
A Luz Fraterna

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Excerto in: Poemário 2012
Imagem: daqui

8 comentários:

  1. Oh! estas pérolas da sabedoria oriental! Adoro estes contos. Todos eles encerram grande sabedoria e grandes lições de vida. São assim como que uma espécie de vitaminas para o espírito.

    Bjs

    Isabel Gomes

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  2. Uma fabulosa pérola da sabedoria oriental. E que lição ensinou o servo ao príncipe e também a nós que por vezes valorizamos o que não temos e nos esquecemos das dádivas que temos recebido a cada dia
    Amei o texto Olinda
    Beijos minha querida

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  3. Os orientais têm sempre coisas muito interessantes e analogias engraçadas :)

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  4. Não conhecia esta magnífica "parábola", mas a experiência de vida deixa-me acertar pelo que se lê.
    Gostei, Olinda. Sempre me tens dado presentes edificantes.



    Beijos


    SOL

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  5. Gosto sempre da sabedoria oriental.

    Faz-nos falta essa paciência e calma de olhar o mundo.

    Beijinhos

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  6. Belo texto...Espectacular....
    Cumprimentos

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  7. Esopo ou La Fontaine não enjeitariam transformar em fábula...
    Gostei!

    jorge

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  8. A paciência , a lucidez da calma oriental apagam os ruídos da mente para que se ouça o silêncio . E é ele que ajuda a elevar o pensamento, voando na Sabedoria.
    Tantos galos e tantos cisnes , Olinda!
    Adorei!
    Beijinho

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