12.
Tian Rao estava ao serviço do príncipe Ai do reino de Lu, mas as suas qualidades não eram apreciadas. Um dia Tian Rao disse ao príncipe: "Senhor, decidi deixar-vos e ir-me embora, como um cisne selvagem voa alto no céu."
"Que queres dizer tu com isso?", perguntou o príncipe.
Tian Rao respondeu: "Senhor, queria falar-vos do galo. Na cabeça leva uma crista vermelha, isto quer dizer elegância; nos pés tem esporões agudos, isto é força; na frente de um adversário está sempre disposto a enfrentá-lo, isto é coragem; quando encontra alguma coisa de comer, chama os companheiros para a partilha, isto é generosidade; como sentinela durante a noite nunca deixa de anunciar a manhã, isto é fidelidade. Apesar de o galo ter estas cinco virtudes, não hesitais em dar ordem para lhe cortarem o pescoço. Somente porque o galo está aqui, perto da mão. Ao invés, o cisne selvagem com poucos golpes de asa voou para longe. Porém ele pára nos vossos jardins, come os vossos peixes e tartarugas, devora o vosso trigo e as hortas. Não tem nenhuma daquelas virtudes, mas apesar disso gostais do cisne. Deve ser porque vem de longe. Por isso deixai-me ir embora e voar longe daqui..."
Liu Xiang (79-80 a.C)
António Osório (1933)
A Luz Fraterna
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Excerto in: Poemário 2012
Imagem: daqui
Oh! estas pérolas da sabedoria oriental! Adoro estes contos. Todos eles encerram grande sabedoria e grandes lições de vida. São assim como que uma espécie de vitaminas para o espírito.
ResponderEliminarBjs
Isabel Gomes
Uma fabulosa pérola da sabedoria oriental. E que lição ensinou o servo ao príncipe e também a nós que por vezes valorizamos o que não temos e nos esquecemos das dádivas que temos recebido a cada dia
ResponderEliminarAmei o texto Olinda
Beijos minha querida
Os orientais têm sempre coisas muito interessantes e analogias engraçadas :)
ResponderEliminarNão conhecia esta magnífica "parábola", mas a experiência de vida deixa-me acertar pelo que se lê.
ResponderEliminarGostei, Olinda. Sempre me tens dado presentes edificantes.
Beijos
SOL
Gosto sempre da sabedoria oriental.
ResponderEliminarFaz-nos falta essa paciência e calma de olhar o mundo.
Beijinhos
Belo texto...Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
Esopo ou La Fontaine não enjeitariam transformar em fábula...
ResponderEliminarGostei!
jorge
A paciência , a lucidez da calma oriental apagam os ruídos da mente para que se ouça o silêncio . E é ele que ajuda a elevar o pensamento, voando na Sabedoria.
ResponderEliminarTantos galos e tantos cisnes , Olinda!
Adorei!
Beijinho