quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Cidade dos outros




Uma terrível atroz imensa
Desonestidade
Cobre a cidade


Há um murmúrio de combinações
Uma telegrafia
Sem gestos sem sinais sem fios


O mal procura o mal e ambos se entendem
Compram e vendem


E com um sabor a coisa morta
A cidade dos outros
Bate à nossa porta


Sophia de Mello Breyner Andresen
          1919-2004


***

Comecei a escrever numa noite de Primavera, uma incrível noite de vento leste e Junho. Nela o fervor do universo transbordava e eu não podia reter, cercar, conter - nem podia conter-me em noite, fundir-me na noite (...) Sophia
Citação aqui

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Poema - Banco de Poesia Fernando Pessoa

Ver Análise Obra Poética da autora
Imagem: Sophia fotografada por Fernando Lemos,
anos 50.

10 comentários:

  1. Um poema que nos desperta dor.
    Porquê tanta maldade...?
    Uma lágrima silenciosa desceu e deixou-me um sabor salgado. Fez-me acordar.
    Não, não podemos aceitar e ficar quietos, mudos e amedrontados .
    Se ainda temos razão não há nada que nos vença
    Vamos continuar a denunciar tanta maldade que nos vendem sem licença.
    Vamos todos dizer não a quem nos rouba o pão, o país e o luso coração...

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  2. la vie normale reprend doucement

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  3. E a" cidade dos outros " teima em bater à nossa porta; não abrimos, tentando assim não nos contaminarmos com tamanha maldade...desonestidade...combinações mais ou menos obscuras. Mas de pouco adianta; um odor a " coisa morta acaba por nos invadir através da mais pequena frincha de nossas portas e janelas. Desejo que neste novo ano consigamos resistir a essa " cidade dos outros " sempre com a esperança viva de que a " cidade dos outros " mude e que consigamos manter-nos afastados o mais possível desse " sabor a coisa morta." Pelo menos a Esperança, essa temos que a conseguir manter. Um beijinho, amiga e tudo de bom, apesar de tudo. Bela poesia! Obrigada!
    Emília

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  4. Tudo pelo melhor

    a despertar relâmpagos

    Bjs

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  5. Prezada Olinda, obrigado por tuas palavras. Desejo o melhor para ti e os teus, neste ano que se inicia.
    Um abraço fraterno.

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  6. Muito bonito! Não há só desonestidade na cidade, infeizmente!

    Bom Ano!

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  7. Sempre adorei a Sophia!! Sempre a achei uma excelente escritora!! Ela merecia ter vivido mais anos e não morrer como morreu. Mas deus tem sempre o destino marcado para nós e quando chega a nossa hora,ninguém cá fica. Desejo-te um excelente 2014,tudo de bom para ti!! Muitos beijinhos,fica com deus e até breve!!

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  8. ❀ ✿ ❀
    Coucou Olinda

    Merci pour cette belle photo et ce magnifique poème !
    J'aime beaucoup !!!

    BISES d'Asie et bonne journée !!!!
    ❀ ✿ ❀

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  9. Este poema mexe com sentimentos, com não-virtudes, com medos e com o receio que seja tão actual como parece.
    Bom 2014. D

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  10. A belíssima e incrível Sophia!

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